Donos de financeira são presos por suspeita de aplicar golpes contra mais de 70 pessoas em Encruzilhada do Sul

Polícia deve ouvir outras 45 pessoas lesadas por casal que captava dinheiro de empréstimos por meio de documentos falsos, diz delegada. Mais dois funcionários da empresa são investigados.

Um casal foi preso preventivamente, nesta segunda-feira (19), por suspeita de aplicar golpes financeiros em Encruzilhada do Sul, no Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul.

A delegada Luana Medeiros afirma que são investigados cerca de 350 casos contra 74 pessoas, entre idosos, analfabetos e pessoas vulneráveis. Outros dois funcionários da financeira são suspeitos de participação no esquema e estão soltos.

 

 

“Hoje a gente não investiga só o estelionato, a gente investiga uma organização criminosa”, relatou.

 

A dupla é proprietária de uma agência de empréstimos na cidade. Por meio de assinaturas falsas, os indivíduos captavam dinheiro da conta de aposentados, segundo a Polícia Civil.

Outras 45 pessoas lesadas pela financeira já têm depoimentos marcados para denunciar os suspeitos. Luana Medeiros estima que novos 200 casos podem ser incluídos na investigação.

“Quando começou a ser divulgada a operação, as pessoas se encorajaram”, afirmou a delegada.

 

O casal havia sido alvo de uma operação no dia 30 de março. Entretanto, o Poder Judiciário negou o pedido de prisão, justificando que os investigados eram primários e citando o agravamento da pandemia de Covid-19. De acordo com a polícia, a mulher já tinha uma condenação por estelionato.

Uma das medidas cautelares imposta foi a suspensão das atividades da financeira. Mas, conforme a delegada, os suspeitos continuaram atuando, o que motivou a decretação da prisão preventiva pela Justiça, a fim de evitar novos ilícitos.

Histórico de golpes

 

Segundo a polícia, os investigados cometiam as infrações penais há mais de 10 anos. O casal, dono e diretora da empresa, falsificavam assinaturas em cópias manuais e digitais. Além disso, pediam que seus clientes assinassem papéis em branco, se aproveitando da vulnerabilidade dos alvos.

“Eram tanto cópias manuais, eles botavam um papel em cima do outro para copiar, quanto por computador, eles copiava as assinaturas e colavam. Em outros casos, a pessoa ia contratar o primeiro empréstimo e assinava várias folhas em branco”, disse a delegada.

Titular da Delegacia de Polícia de Encruzilhada do Sul há sete meses, Luana Medeiros afirma que os relatos de golpes promovidos pela financeira são recorrentes na cidade. As investigações, porém, haviam sido arquivadas por falta de provas.

A Defensoria Pública do RS ajuizou uma Ação Civil Pública em favor dos consumidores lesados. Segundo o órgão, foi concedida medida liminar para a suspensão de todos os contratos. O processo pede a restituição dos valores e a condenação dos réus ao pagamento de danos morais coletivos e individuais.

Fonte: G1