‘Era tradição do colono alemão’, diz morador de Ibirubá sobre construções de túneis investigados na cidade

Suspeita é de que estruturas foram usadas para fuga de nazistas. Escavações eram comuns para armazenar alimentos, garante aposentado. Já outro senhor afirma ter participado da construção do túnel, mas diz que não sabia sua finalidade.

A suspeita de que existem túneis subterrâneos em Ibirubá, no Nordeste do estado, que teriam sido usados por nazistas em fuga e contrabando, ganhou força na semana passada, com a escavação realizada pela prefeitura da cidade confirmando que há uma estrutura que percorre a região central de Ibirubá.

O assunto foi tema de uma reportagem no Fantástico, no último domingo (6). Uma das pessoas ouvidas foi o aposentado Ingo Spengler, que mora na cidade desde que nasceu. Ele confirma a existência das escavações, que eram um costume da época.

“Isso era tradição do nosso colono alemão, cada um tinha o seu porão, onde guardava a banha pra botar carne dentro, pra conservar a carne, onde botava seus queijos pra secar, pendurava as carnes de matar o porco”, relata ele.

Ele não sabe confirmar, porém, que os túneis foram feitos para esconderem nazistas. Porém, confirma que um oficial do regime alemão, perseguido pela guerra, passou pela cidade, há décadas, o que reforça as suspeitas de relação com o nazismo.

“Ele chegou aqui procurando um médico. Ele precisava de morfina, conseguiu a morfina com o médico, passou uma noite num hotel depois foi embora”, narra. O fato foi noticiado no jornal Zero Hora, em 9 de setembro de 1971. Conforme a reportagem, o alemão se chamava Hans Sonenbourg, e foi atendido no hospital da cidade.

Morador participou das escavações

O pedreiro aposentado José de Souza, 90 anos, afirma ter participado das escavações, mas não sabia para que finalidade. “Tinha bastante gente trabalhando. Eu trabalhei um pouco e parei e ficou os outros trabalhando lá. Mas eu não sabia o que era aquilo.”

Um dos locais escavados pelo seu José fica embaixo de uma lotérica e de uma barbearia da cidade. Parece uma adega, com prateleiras e paredes de tijolos bem grossas. É possível ver os alçapões tanto de baixo, quanto de cima, de dentro das casas.

Porém, um dos acessos foi bloqueado. Com um celular, conseguimos ver o que tem do outro lado, mas a imagem não mostra muito.

Na semana passada, a prefeitura abriu uma parte do chão da cidade, onde encontrou uma tubulação de concreto, que não faz parte da rede de água e esgoto da cidade, e que termina em uma parede de tijolos. A ideia é explorar o local com aparelhos específicos, e escavar do outro lado da parede.

O município, de 20 mil habitantes, foi colonizado por alemães.