Feminicídios aumentam 24% no 1º semestre em relação ao mesmo período do ano anterior no RS

Entre janeiro e junho de 2019, 41 mulheres foram mortas por questão de gênero. Já nos primeiros seis meses de 2020, 51 feminicídios foram cometidos, segundo dados da SSP.

O número de feminicídios no Rio Grande do Sul aumentou 24% nos seis primeiros meses de 2020, em relação ao mesmo período do ano anterior. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), divulgados nesta quinta-feira (9), 51 mulheres perderam a vida por questão de gênero entre janeiro e junho deste ano. No ano passado, foram 41, no mesmo período.

Apesar disso, o número mensal apresentou uma queda de 11% em junho deste ano em relação ao ano anterior. Foram oito casos contra nove em 2019. O mês de maio já havia apresentado uma baixa, de 11 para seis neste ano.

Nos demais indicadores, o quadro geral é de queda no primeiro semestre na comparação com os dois anos. Ameaças caíram 13%, lesões corporais, 9,4%, e tentativas de feminicídio, 9,3%. O número de estupros ficou praticamente estável, com queda de 0,8%.

Observando apenas o mês de junho de ambos os anos, 2020 e 2019, todos os índices apresentaram queda, menos o de tentativas de feminicídio, que subiram 21,7% — de 23 para 28 casos.

A SSP acredita que as reduções nos números dos últimos meses são reflexo de campanhas de divulgação propostas pelo governo estadual, como o lançamento da cartilha sobre o registro de ocorrências de violência contra a mulher na Delegacia Online, a ampliação das patrulhas Maria da Penha e a inauguração de Salas das Margaridas em cidades do interior do estado.

A secretaria está trabalhando com a campanha “Rompa o Silêncio”, que oferece um número de WhatsApp para denúncia e busca incentivar amigos, familiares e vizinhos a denunciarem.

Segundo a SSP, entre as oito vítimas de feminicídios de junho, apenas duas tinham ocorrência anterior contra o agressor, e uma delas contava com medida protetiva de urgência.

Como denunciar

Casos de feminicídio em junho

Em 9 de junho, Carine da Silva, de 28 anos, foi morta com uma facada em Vacaria, na serra gaúcha. O ex-companheiro, um homem de 26 anos, é o principal suspeito do crime. Segundo a polícia, ele não aceitava o fim do relacionamento.

No dia 10 de junho, uma menina de 12 anos foi encontrada morta em Santana da Boa Vista, na Região Central do estado. Um homem de 29 anos foi preso em flagrante.

Segundo a polícia, ele afirmou que mentiu para a vítima para que ela entrasse em sua casa. “Pediu que ela subisse uma escada que vai para o segundo piso da casa para encontrar a mãe [do suspeito] , quando ele foi atrás e de surpresa a atacou”, informou a delegada responsável pelo caso.

Ele foi indiciado por feminicídio com as qualificadoras de asfixia e por recurso que impossibilitou a defesa.

No dia 23 de junho, a jovem de 25 anos Jennifer Kubiaki Graboski foi morta pelo ex-companheiro a facadas em um posto de combustíveis na cidade de Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Após o crime, Richard Adriano se suicidou.

Quando fez o registro de uma agressão, Jennifer informou à polícia que o ex-namorado já tinha praticado violência contra ela diversas outras vezes. A mulher pediu medida protetiva de urgência e o pedido foi concedido pelo judiciário.

Jennifer tinha 25 anos e trabalhava como motorista de aplicativo  — Foto: Reprodução/Redes sociais

Jennifer tinha 25 anos e trabalhava como motorista de aplicativo — Foto: Reprodução/Redes sociais