A ideia partiu do grupo de ciclistas que reside há anos em Joinville, porém, com outros berços como terra natal.
Participam da aventura os amigos Marcelo Prates, Gilberto Dias Ferreira, Luiz Carletto, Valdir Oliveira, Jobair Schafaschek e Arquilau Bonifácio(Keké), que desta vez, está acompanhando o grupo com carro de apoio em razão de uma cirurgia no punho.
Na tarde do dia 15, a reportagem esteve no Hotel São Jorge e conversou com esse sexteto. Diante do grupo, foi possível fazer uma viagem pela Europa e perceber o quanto ainda é muito falho o sistema que engloba desde a mobilidade para que o cicloturismo possa ter tornar- se uma receita para os Municípios.
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Denominada o Pedal dos Pampas, eles vão completar mais de 600km entre Rosário do Sul, Cacequi, São Francisco de Assis,Manoel Viana, Alegrete, Quarai, Artigas, Santana do Livramento e o retorno para Rosário do Sul.
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O médico cirurgião Clínico, Marcelo Prates, idealizou a aventura pelo desejo de retornar à cidade Natal depois de décadas em Santa Catarina. Desde 2015, o mesmo grupo realiza cicloturismo na Europa. Neste ano, devido à pandemia do novo coronavírus, o desafio foi mais curto, uma semana, e privilegiou às cidades da Fronteira.
O cicloturismo é uma forma de turismo que consiste em viajar utilizando como meio de transporte a bicicleta. É uma maneira muito saudável, econômica e ecológica de se fazer turismo.
No início da entrevista, diante da apresentação do grupo, o mais jovem tem 45 anos. Três aposentados que iniciaram essa atividade depois que cessaram suas atividades profissionais. Com 57, 64 e 68 anos, os mais experientes do grupo demonstram uma vitalidade de dar inveja em muitos jovens de 20 anos. Da mesma forma, se ouviu do outro trio com 45, 47 e 54 anos. Todos, unanimemente destacaram os benefícios da atividade para o corpo, mente e para alma. Com dois médicos, um cirurgião clínico e um geriatra, de forma descontraída brincam que é uma forma de ter um amparo para cuidar dos “velhinhos”, porém, com muita jovialidade e disposição.
O médico Joabir de 47 anos, é o geriatra. Ele é o atleta com maior tempo na atividade no pedal, há 15 anos. Dentre os depoimentos, o profissional na área da saúde acrescentou o quanto a atividade faz bem e destacou que na Europa, é comum ver casais de até 80 anos realizando desafios e cicloturismo.
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Essa observação foi em razão do grupo ter uma vasta passagem pelo Exterior. Eles são enfáticos ao descreverem as maravilhas das viagens que realizaram com o objetivo do cicloturismo na Alemanha, Espanha, Bélgica, Amsterdã, Luxemburgo, Suíça, Itália e França.
Em razão da referência não ser o Brasil, isso deve-se a falta de mobilidade e pela insegurança. ” Na Europa é comum fazer trilhas e cicloturismo de 600km sem nenhum problema, sem ter o receio de ser assaltado, além do fato que as ciclofaixas e ciclovias serem projetadas” – comentam.
Um exemplo de valorização dessa prática é a Alemanha que fatura com o cicloturismo, simplesmente o dobro que o Brasil fatura com o turismo.
” Se houvesse o entendimento do quanto é positiva a atividade, todos os municípios iriam investir mais. Essa é uma modalidade que está crescendo no Brasil, apesar dos impostos sobre a bicicleta ainda serem muito altos. Correspondem no mínimo 60%”- disse.
Gilberto Ferreira segue com a narrativa e deixa uma grande lição. Aos 68 anos, o advogado, enfatiza que existe uma grande diferença entre ser velho e idoso. ” Eu tenho consciência que sou um idoso, mas não me considero um velho. Pois o velho não tem perspectiva de vida, se aposenta e vê os dias passarem sem nem ao menos viver. Tudo se torna um fardo. O idoso, deve ser ativo, ter objetivos, ter desafios. Isso trás lucidez e muita qualidade de vida. Aqui, todos entendemos que o objetivo de cada aventura não é o destino final e, sim o trajeto. Todo caminho a 20/30km/h, nos dá um ganho absurdo em ter a oportunidade de apreciar a paisagem, conhecer culturas diferentes, povo, pessoas e interagir com a natureza” – completou.
Entre os demais relatos também destacam que os ciclistas jamais são discriminados, ao contrário. Existe muita empatia em todos os lugares que chegam. A recepção sempre é positiva. ” Temos um ganho com a saúde física, socialização, ganho cultural, além de toda magia que encontramos no caminho. É muito lúdico” – falou Gilberto.
Nas andanças do grupo há registros de mais de 2mil km. Gil considerado o fotógrafo do grupo, cita que com um Google Map e Google Tradutor, não há fronteiras.
O diálogo poderia permanecer por muitas horas. São, no mínimo oito anos de experiência de verdadeiras enciclopédias que descrevem as belezas da vida através de uma visão leve e bela sob rodas.
O sexteto que saiu de Joinville na última sexta-feira, de caminhonete e vai retornar no próximo sábado, está satisfeito com o que está apreciando na Fronteira. O pedal iniciou no sábado em Rosário do Sul, já com toda a programação. As únicas cidades que eles tinham um período mais prolongado é Alegrete e Santana do Livramento. “Mesmo que, por pouco tempo, o que vamos gastar em hospedagem e culinária é aquecimento da economia ” destacam.
As bikes, cada uma com seu charme especial, carregam até 30kg de bagagem.
Ao concluir a entrevista, os ciclistas não deixaram de ressaltar a carência de ciclofaixas e ciclovias nas cidades, isso inclui Alegrete. Eles avaliam que é uma cidade promissora que pode levar à população essa mobilidade, além dos benefícios para saúde que vão influenciar no SUS, também tem a questão da poluição e do barulho sonoro. ” É quase fácil de programar essa acessibilidade em um município que as pessoas realizam 5/6km para se deslocarem para o trabalho. Já realizamos alguns desafios entre moto, carro, ônibus e ciclista. Todos saíram do mesmo ponto e deveriam respeitar todas as regras de trânsito para realizarem um trajeto X. O ciclista chegou primeiro, a mobilidade não tem comparação – comentaram. O grupo existe há 11 anos em Joinville, Associação Pedala Joinville, uma entidade que luta pelos diretos dos ciclistas e pela mobilidade.
O grupo estava composto por:
Marcelo Prates, 54 anos – médico Cirurgião Geral – natural de Rosário do Sul – 7 anos de pedal.
Gilberto Dias Ferreira, 68 anos – advogado – natural de Ponta Grossa(Paraná) – 8 anos de pedal.
Luiz Carletto, 57 anos – natural de Palmas – cicloturista. – 8 anos de pedal.
Arquilau Bonifácio (Keké), 64 anos – natural de São Francisco do Sul – cicloturista – 8 anos de pedal.
Valdir Oliveira, 45 anos – técnico em enfermagem – natural de Canoas – 8 anos de pedal.
Jobair Schafaschek, 47 anos – médico geriatra – 17 anos realiza pedal.