
Segundo denúncia de ex-assessor, Giórgia Pires Ferreira era responsável pela contabilidade dos recursos desviados. Deputado estadual é suspeito de manter funcionários fantasmas, cobrar parte de seus salários e fraudar diárias.
Uma investigação jornalística de dois meses revelou uma série de irregularidades no gabinete do deputado estadual gaúcho Edu Olivera (PDT). Segundo reportagem exibida no Jornal do Almoço desta terça-feira (25), os desvios de recursos e repasses de parte dos salários de funcionários fantasmas para o deputado eram algumas das fraudes contabilizadas por uma ex-assessora do parlamentar.
As denúncias partiram de Ewaldo Berni Gonçalves, ex-assessor do deputado, que diz ter testemunhado as fraudes por 11 meses. Segundo ele, a então assessora Giórgia Pires Ferreira era a operadora do esquema, responsável pela contabilidade dos recursos desviados.
Giórgia já foi condenada pela Justiça por fraudes na Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre (Procempa). O ex-assessor diz que todo o dinheiro que ela arrecadava no gabinete servia para bancar despesas pessoais do deputado.
“A Giórgia que controlava. Você pagava para ela, e ela controlava. Ela que pagava as despesas que o deputado pedia, era tudo pago por ela”, afirma o ex-assessor.
Entre os denunciados, também está o chefe de gabinete do parlamentar, Edson Peruchein, que deveria trabalhar em Porto Alegre, mas esteve na capital gaúcha apenas 19 vezes entre fevereiro e novembro. Ele mora em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, onde atua como advogado, e recebe diárias por viagens realizadas para Porto Alegre.
Esse também é o caso de Ivan Garcia, assessor de Edu Olivera na Assembleia Legislativa. Ivan recebe um salário de R$ 3 mil, mas, na verdade, também trabalha como advogado em Santana do Livramento. Ao invés de dar expediente no escritório do deputado na cidade, Ivan exerce a advocacia em uma sala em frente ao prédio do Ministério Público da cidade fronteiriça, onde pode ser encontrado todos os dias.
O deputado Edu Olivera assumiu o cargo em dezembro de 2016 no lugar de Mário Jardel (PSD), cassado pelo mesmo tipo de fraude.
“Tanto no caso do deputado Jardel como no presente caso, o que se percebeu são casos muito similares. Praticamente todas as verbas destinadas ao gabinete foram utlilizadas de forma ilícita. Se viu isso na questão das diárias, que naquela ocasião eram fraudadas da mesma forma, e na situação dos funcionários fantasmas, sendo que, nesse caso do deputado Eduardo, havia até mais funcionários fantasmas do que no caso do Jardel”, explica o promotor de justiça, Flávio Duarte.
Edu Olivera concorreu a deputado federal, mas não se reelegeu. Ele nega todas as denúncias.
“Vocês estão falando com um homem de 18 anos de vida pública. Fui vereador por três mandatos e nunca tive uma denúncia. Fui secretário de estado e nunca houve uma denúncia. Fui vice-prefeito em exercício da minha cidade e nunca passei por uma denúncia. Sou ficha limpa, você não imagina o quanto é dolorido passar por esse momento”, afirma.
A ex-assessora Giórgia Pires Ferreira não quis se manifestar. Já o advogado Ivan Garcia disse que assessora o deputado Edu Olivera e acompanha todos os processos judiciais dele.

“Basicamente, toda a estrutura montada no gabinete do parlamentar era destinado muito mais aos interesses particulares do deputado, aos interesses econômicos do deputado, do que à atividade parlamentar que ele deveria desempenhar”, completa o promotor.
Depois das denúncias, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Marlon Santos (PDT), afirmou que pedirá à Comissão de Ética do parlamento a investigação das denúncias contra o deputado Edu Olivera (PDT).
Fonte: G1
Por Giovani Grizotti, RBS TV