Integrantes de ONG invadem unidade de saúde e agridem guardas em Santa Maria, diz prefeitura

Representante da ONG informou que equipe foi vistoriar um equipamento de tomografia que estaria estragado. Segundo a prefeitura, homens teriam agredido guardas municipais, que registraram boletim de ocorrência por lesão corporal.

Segundo informações da prefeitura de Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul, dois integrantes da ONG Humanos Direitos teriam invadido uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), nesta segunda-feira (10). De acordo com o nota do executivo, os homens teriam entrado no local informando sobre uma vistoria e durante a confusão agrediram guardas municipaisLeia abaixo nota completa.

A Polícia Civil confirmou o registro da ocorrência e disse que vai investigar o caso.

A ONG informou ao G1 que não invadiu a unidade, mas, sim, foi recebida pela administração da UPA.

“A Prefeitura está nos acusando de invasão, isso sob hipótese alguma aconteceu, porque solicitamos a presença dos administradores que nos atenderam muito bem, só que após este atendimento, os guardas municipais criaram uma ocorrência e agiram para nos tirarem a força lá de dentro, sem qualquer motivo, isso é fato”, destaca o comandante da Quinta Região da Federal Sul da ONG Humanos Direitos, Carlos Augusto de Oliveira.

De acordo com nota divulgada pela prefeitura, a direção da UPA informou aos dois homens que eles não poderiam estar no espaço, por se tratar de um local para tratamento de pacientes com a Covid-19. Eles teriam insistido em permanecer e a Guarda Municipal foi acionada.

“Os dois guardas municipais acionados conversaram com os dois homens, solicitando que ambos deixassem o local. Quando os guardas estavam conduzindo os dois homens para a saída, um deles desferiu um soco no rosto de um dos guardas”, informou a prefeitura.

O outro homem também teria reagido à detenção. Ambos foram levados à Delegacia de Pronto Atendimento, onde um dos guardas registrou ocorrência por lesão corporal contra Carlos Augusto.

“Fomos agredidos antes e tentamos apenas nos defender. Vieram pra cima de mim, como se eu fosse um marginal. Temos provas testemunhais de pessoas que estavam presentes ontem lá”, diz Carlos Augusto.

Imagens de câmeras de monitoramento da UPA flagraram toda a ação — Foto: Reprodução / Câmeras de monitoramento UPA

Imagens de câmeras de monitoramento da UPA flagraram toda a ação — Foto: Reprodução / Câmeras de monitoramento UPA

O comandante da ONG informou que os integrantes foram até a UPA para buscar soluções sobre um equipamento de tomografia que estaria estragado. “Nós nos dirigimos pra levar o nosso apoio a essa instituição, no sentido de buscar solução e até verba para repor o equipamento”, diz.

Carlos Augusto diz ainda que a conduta dos funcionários da UPA causa estranheza. “[Tem] um funcionário que chama a Guarda Municipal todas as vezes que nós nos dirigimos até lá. E foi assim as três vezes, quarta vez hoje [segunda] que chamam. Não dá pra entender o motivo dessa conduta, porque eles precisam entender que nós trabalhamos também em favor das instituições, que a nossa demanda era favorável à UPA”.

A direção da Casa de Saúde onde fica a UPA também se manifestou por meio de nota, informando que foi a terceira visita da ONG em dois meses. Leia abaixo nota completa.

“Na última visita, eles entraram sem autorização no espaço e indagaram profissionais da UPA em atendimento e pacientes, gerando certo constrangimento no local.”

Ainda de acordo com a direção, um representante da unidade de saúde explicou a estrutura de atendimento, equipamentos, materiais e equipe de pessoal, e orientou que, se eles tivessem alguma denúncia ou pedido de explicação, que deveriam formalizar isso junto aos órgãos oficiais.

Após a recusa em sair do local, os homens teriam sido imobilizados e conduzidos para fora.

Agressões foram gravadas pelas câmeras de monitoramento  — Foto: Reprodução / Câmeras de monitoramento UPA

Agressões foram gravadas pelas câmeras de monitoramento — Foto: Reprodução / Câmeras de monitoramento UPA

Nota da prefeitura de Santa Maria

Em relação ao fato ocorrido na tarde desta segunda-feira (10), na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) 24 Horas, envolvendo dois homens que se identificaram como sendo integrantes da Organização Mundial dos Humanos Direitos e a Guarda Municipal, a Prefeitura de Santa Maria esclarece que foi feito um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA).

Os dois homens entraram na UPA informando que queriam fazer uma vistoria no local em relação aos equipamentos e aos médicos. A direção da UPA foi acionada e informou aos dois homens que eles não poderiam estar naquele espaço por se tratar de um local para tratamento de Covid-19. Eles foram orientados a procurar as Ouvidorias da Prefeitura, da Secretaria Municipal de Saúde e da Casa de Saúde.

Como eles insistiam em permanecer no local, a Guarda Municipal foi chamada até a UPA pela direção da instituição de saúde, pois essa já seria a terceira vez que integrantes da mesma organização teriam ido até a UPA. Inclusive, em uma das ocasiões anteriores, invadindo um dos consultórios médicos. Os dois guardas municipais acionados conversaram com os dois homens, solicitando que ambos deixassem o local. Quando os guardas estavam conduzindo os dois homens para a saída, um deles desferiu um soco no rosto de um dos guardas. Nesse momento, foi dada voz de prisão ao agressor, que resistiu ao ser algemado afirmando “que seria uma autoridade civil”.

O outro homem também foi em direção ao guarda agredido e reagiu à detenção. Ambos foram levados para a DPPA pela Guarda Municipal, onde foi feito o registro da ocorrência por lesão corporal contra o homem que desferiu o soco. Toda a ação foi gravada pelas câmeras de segurança da UPA e será usada na investigação do fato.

Nota da Casa de Saúde

Pela terceira vez, em dois meses, chegaram na UPA representantes da ONG chamada Humanos Direitos. Na última visita, eles entraram sem autorização no espaço e indagaram profissionais da UPA em atendimento e pacientes, gerando certo constrangimento no local.

Dessa vez, na tarde desta segunda-feira, dois homens chegaram e pediram para falar com a direção e ficaram na parte de dentro da UPA, próximo à porta de acesso. Um integrante da direção foi ao encontro deles para entender a demanda.

A dupla se identificou como integrante da ONG e relatou que estava lá porque havia recebido uma denúncia de um paciente que havia um equipamento estragado. O representante da UPA explicou toda a estrutura de atendimento, equipamentos, materiais e equipe de pessoal, e orientou que, se eles tivessem alguma denúncia ou pedido de explicação, que deveriam formalizar isso junto aos órgãos oficiais – ouvidorias da Casa de Saúde (gestora da UPA), da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Saúde e, assim, receberiam explicações oficiais.

A guarda municipal acompanhava junto com o representante da UPA, que pediu para os dois se retirarem do local já que não estavam lá para atendimento, e também para evitar aglomeração e constrangimento a pacientes e à equipe que trabalhava no local.

Os dois guardas acompanharam os dois integrantes da ONG até a saída, quando um dos integrantes da ONG teria agredido o guarda. Uma confusão foi formada e os dois homens foram imobilizados e conduzidos pela guarda para fora da UPA, onde uma viatura da brigada militar também foi chamada.

Foto: G1