
O acusado pelo crime é o ex-militar e, na época, companheiro da vítima, Paulo Cézar Franco da Silva, que foi preso no dia 25 de maio de 2023, em Bagé. O julgamento ocorre nesta sexta-feira (14), em Alegrete.
Com cartazes em mãos, os manifestantes clamavam pela pena máxima e afirmaram que a luta vai além da perda de Dienifer, estendendo-se a todas as mulheres vítimas de violência e feminicídio. Sandra Adriana de Ávila Andrade, em entrevista ao Alegrete Tudo, declarou que o pedido por justiça é em memória de sua filha, mas também em defesa de todas as mulheres que sofrem em situações semelhantes.




O caso de Dienifer Aranguiz Gonçalves chamou atenção pela complexidade das investigações. Em 10 de maio de 2021, o pai dela a encontrou enforcada no apartamento onde ela residia por volta das 6h da manhã. A ocorrência foi inicialmente registrada como suicídio, e a perícia de necropsia concluiu que a morte foi causada por enforcamento, mas não foi possível determinar se foi um suicídio ou um homicídio.
A versão do acusado, Paulo Cézar Franco da Silva, foi de que o casal teve uma discussão, e ele teria saído de casa por volta das 2h, indo se hospedar em um hotel. Ele alegou que, ao retornar ao hotel por volta das 5h, recebeu a notícia de que Dienifer havia tirado a própria vida.
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Contudo, a Promotoria de Alegrete, por meio da promotora Rochele Jelinek, com o apoio da perícia técnica do Núcleo de Inteligência do Ministério Público, obteve provas conclusivas que demonstraram que Paulo Cézar estava presente no local do crime entre as 3h e 4h da madrugada. A perícia no celular do acusado revelou que ele utilizou seu telefone dentro do apartamento onde morava com Dienifer, até às 5h02, momento em que deixou o local e foi para o hotel. Além disso, ele levou o celular dela e, ao chegar no hotel, se passou pela vítima ao enviar mensagens ao pai de Dienifer, simulando que ela ainda estava viva.
Com base nas investigações, a Promotoria indiciou Paulo Cézar por feminicídio e aborto, já que Dienifer estava grávida de sete meses na época do crime. A promotora Rochele Jelinek afirma que a investigação demonstrou que o acusado teria sedado a vítima antes de enforcá-la com uma corda com nó militar, alterando a cena do crime e simulando suicídio.
A defesa de Paulo Cézar, por sua vez, manteve a tese de suicídio e solicitou a absolvição sumária do acusado. No entanto, em fevereiro de 2024, o Tribunal de Justiça de Alegrete reconheceu a caracterização do crime como feminicídio e aborto, determinando que o caso fosse levado a julgamento pelo Tribunal do Júri.
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Adelino Lopes Gonçalves, pai de Dienifer, faleceu no dia 11 de julho de 2024, após incansável luta por justiça. Desde a morte da filha, ele questionou a versão inicial de suicídio e esteve em contato constante com a imprensa e autoridades, buscando esclarecer os fatos e garantir que a responsabilidade fosse atribuída ao verdadeiro culpado. Até às 8h da manhã, o detendo, ainda não havia chegado ao Fórum de Alegrete.