Médico da Santa Casa de Alegrete explica a evolução da Pandemia e orienta a população

A epidemia do coronavírus já tem mais de um milhão de afetados no mundo e causou pelo menos 48.000 mortes em todo o mundo desde que apareceu em dezembro, de acordo com um balanço da AFP com base fontes oficiais, feito nesta sexta-feira. No Brasil, são 9.244 mil casos confirmados do novo coronavírus e 366 mortes mortes. Já no Rio Grande do Sul são mais de 400 casos confirmados, seis pacientes morreram: quatro em Porto Alegre, um em Novo Hamburgo e um em Ivoti.

O número de casos diagnosticados positivos, no entanto, reflete apenas uma parte do número total de infecções devido aos diferentes modos de diagnóstico (alguns países por apresentarem dificuldade na aquisição dos kits de exames, fazem estes somente nos casos mais graves e de maior suspeita). Além disso grande parte dos casos são de assintomáticos.

Em um áudio que foi enviado de forma informal pelo médico clínico geral, Omar Abdallah, a um paciente e que acabou viralizando, ele fala sobre o vírus de forma muito clara e objetiva.

O médico disse que em reunião, online, entre a Santa Casa de Alegrete, demais hospitais do estado e do Qualis (um grupo de infectologistas de Porto Alegre que há mais de dez anos foi contratado pela Santa Casa para dar orientações aos profissionais de saúde do Hospital nos casos de pacientes que internam com infecções e precisam de antibióticos. Este grupo de Porto Alegre, tem o perfil de germes, as infecções prevalecentes, os antibióticos que melhor agem nestas infecções, entre outros) foi de entendimento que até o final desta semana, fosse no mínimo 400 casos de pessoas infectadas pelo vírus no Estado. Este número são de pessoas que realizam o teste, pois nem todas passam pela triagem, devido à forma em que os sintomas ocorrem. Muitas pessoas são assintomáticas (2/3 dos contaminados), outras sentem apenas quadros digestivos e alguns algo semelhante ao resfriado.

Ainda, conforme o profissional da saúde, cada teste custa mais de 100 reais para o governo (sendo possivel também realizar de forma particular em laboratório de nossa cidade, com um custo superior a 300 reais), sendo que já foram disponibilizados mais de 30 mil teste e novos devem ser enviados gradativamente ao Estado (5.000.000 de testes foram adquiridos pelo Ministério da Saúde), entretanto, não é possível realizar um rastreamento como em outros países em que conseguiram erradicar fazendo o teste em toda população.

 

Também há uma previsão que em mais de uma semana cerca de 2000 casos serão confirmados no país. “De qualquer forma, todos sabemos que já existe casos na cidade e pelo menos 2/3 dos pacientes infectados são assintomáticos. Para que o vírus deixe de representar alto risco a população e a pandemia se acabe, necessita que no mínimo 70% da população se contamine com o vírus, para assim desenvolver anticorpos contra ele, ou antes disso aparecer alguma vacina preventiva, o que é improvável antes do final do ano.
Ele diz ainda que é provável que grande parte da população seja infectada e quase 100% dos trabalhadores da Saúde, pois nos primeiros meses existe um cuidado maior de todos, mas depois ocorre naturalmente um relaxamento deste, fazendo que nos casos gripais menores, nos com sintomas digestivos somente e ao examinar pacientes assintomáticos ocorra a contaminação, ainda mais porque o pico da infecção será nos próximos meses coincidindo com o nosso inverno. Relata que a infecção da pandemia obedece uma curva que é semelhante em todo mundo e por ela acompanhamos o possível desenvolvimento do vírus. A grande verdade é que muitas pessoas serão infectadas, mas necessitamos que estas não sejam infectadas juntas, num período de poucos dias, pois assim a curva de infecção se achata fazendo que não ocorra sobrecarga de pacientes doentes no sistema de atendimento de saúde, como ocorreu nos países europeus (principalmente Itália, Espanha e Portugal) Por isso se faz necessário as medidas de isolamento social.
A Santa Casa de Alegrete, UPA, Exército e as ESFs, estão desenvolvendo um ótimo trabalho de triagem, isolamento e tratamento para os casos suspeitos e se necessário, os confirmados com COVID-19, mas precisamos prevenir para que não haja um contágio em grupos” – comentou.

 

Flaviane Antolini Favero