Médicos relatam exaustão durante trabalho na pandemia da Covid-19

Com profissionais afastados ou que pediram demissão, carga pesa para os que seguem atuando na linha de frente.

Com quase 10 meses de pandemia da Covid-19, encontrar profissionais para atuar na linha de frente no combate à Covid-19 tem sido um desafio para as secretarias de saúde em todo o país. Os médicos têm trabalhado dobrado, depois que muitos colegas pediram demissão ou foram afastados. Eles relatam exaustão no serviço.

Um desses profissionais é Ana Clara D’Acampora. Ela se formou há pouco tempo e foi contratada – emergencialmente – para trabalhar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital em Florianópolis no início da pandemia.

“Eu não imaginei, acho que nenhum de nós imaginou, que fosse durar tanto. Cada mês eu penso ‘é só mais esse mês’. Aí passa o mês e vem o próximo e aí eu digo ‘é só mais esse'”, relatou a médica.

 

A falta de profissionais da saúde tem se tornado um problema grave. Seja por medo, extremo cansaço, suspeita ou contaminação pelo vírus, o fato é que muitos trabalhadores estão se afastando do emprego. E para quem continua atuando na linha de frente, o cenário tem sido cada vez pior.

Médica que atua em Florianópolis relata cansaço no combate à pandemia — Foto: Reprodução/NSC TV

Médica que atua em Florianópolis relata cansaço no combate à pandemia — Foto: Reprodução/NSC TV

Em Timbó, no Vale do Itajaí, o hospital filantrópico Oase atende só pacientes com Covid-19. A unidade precisou contratar médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem de outros estados.

“É uma missão de guerra conseguir gente pra trabalhar no enfrentamento à pandemia. Hoje, praticamente 50% da minha mão de obra é de fora”, afirmou o administrador do hospital, Robson Almeida.

 

O governo de Santa Catarina não informou o número total de leitos de UTI fechados por conta da falta de profissionais, mas no Hospital Universitário em Florianópolis, por exemplo, 30% dos leitos estão desativados. Em Blumenau, no Vale do Itajaí, mais de 230 vagas estão em aberto.

Hospital Universitário de Florianópolis - unidade tem leitos de UTI fechados por falta de profissionais — Foto: Carolina Dantas/Divulgação

Hospital Universitário de Florianópolis – unidade tem leitos de UTI fechados por falta de profissionais — Foto: Carolina Dantas/Divulgação

Para quem continua na linha de frente da pandemia, o futuro parece bastante incerto. “A gente ama o que faz, a gente está aqui pra salvar vidas e acaba que tem que se doar. Não tem outro jeito. Tem que se doar. Até quando que a gente vai conseguir se doar é que a gente não sabe”, disse Almeida.

“Quando a gente está muito cansado, a gente não vê muito… Chega uma hora que a gente se pergunta ‘Meu Deus, por que eu estou fazendo isso?’. Mas aí a gente responde essa pergunta, lembra por que está fazendo tudo isso e aí a gente acha forças e segue em frente”.

Situação da Covid-19 em SC

 

Santa Catarina registrou 475.200 casos confirmados de Covid-19 desde o início da pandemia, com 4.939 mortes, segundo o boletim divulgado na noite de quinta (24) pelo governo do estado.

A taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da rede pública no estado está em 83,9%. Se forem levados em conta apenas os leitos para adultos, esse percentual chega a 86,5%.

Matriz de Risco atualizada em 23 de dezembro de 2020 — Foto: Secretaria de Estado da Saúde (SES)

Matriz de Risco atualizada em 23 de dezembro de 2020 — Foto: Secretaria de Estado da Saúde (SES)

Em relação ao mapa de risco, todo o território catarinense está classificado em alerta máximo, risco gravíssimo para a Covid-19.

Fonte e Crédito: G1