
Muito do que se usa para produzir uma lavoura de soja ou arroz, por exemplo, é de empresas multinacionais e os custos são bem altos, incluindo insumos e maquinários, fora os custos da terra.
O produtor C Burtet, 49 anos, que veio da cidade de Joia, há seis anos, plantar aqui em Alegrete é um dos que estão sem saber o quê fazer, devido os incontáveis prejuízos acumulados, com a quebra de safra da soja nos últimos cinco anos.
Este ano ele conseguiu plantar 1.200ha de soja, na região do Caverá, sem financiamento de banco e com parceria de empresas. Os custos dessa última safra incluindo arrendamento da terra, sementes, insumos, maquinários e trabalhadores passou de cinco milhões de reais. Com a seca, que provocou a quebra da produção este ano, em vez de colher a média de 48 sacos de soja por hectare, esse produtor colheu apenas nove. Os prejuízos acumulados desta família estão incalculáveis.
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Nesta safra, Burtet perdeu 80% da lavoura e a situação só piorou. – Eu, os filhos e mais 4 colaboradores tocamos as atividades e hoje não sei o quê fazer, pois não tenho dinheiro para pagar os trabalhadores e isso é terrível, fora os demais boletos. – Acredito que todos os produtores queiram pagar o devem e que fique claro, nada que se pega de empréstimos em banco é de graça, tem juros, atesta.
A taxa de juros para financiamentos agrícolas no Plano Safra 2024/2025 varia dependendo do programa e do tipo de produtor. Para a agricultura familiar, as taxas podem chegar a 6% ao ano. Para os grandes produtores, as taxas podem variar de 5% a 12% ao ano. Além disso, existem linhas de crédito com taxas menores, como a de 2,5% para máquinas e implementos agrícolas de pequeno porte.
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Há dois anos esse produtor está com CPF trancado, porque não conseguiu pagar o Banco do Brasil onde deve um acumulado mais de 10 milhões de reais. -Mesmo assim, seguimos por conta própria e com a parceria de empresas continuamos trabalhando. Eu, a esposa e os três filhos já pensamos em mudar de atividade, mas como agricultor o que gostamos e sabemos fazer é produzir alimentos e migrar para que atividade, questiona.
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Situação atual
O produtor diz que o valor de um trator novo varia de 700 a 1,5 milhão e as colheitadeira em torno de 2,5 milhões, fora as plantadeiras e pulverizadores. Ele diz que os prejuízos vêm desde 2020 e até hoje só teve uma safra boa em que conseguiu pagar as dívidas e investir no próprio negócio.
A família Burtet colheu:
2020- colheu 11 sacos por hectare;
2021- 47 sacos por hectares;
2022- 18 sacos por hectare;
2023- 24 sacos de soja por hectare
2024- colheu 32 sacos
2025- 9 sacos por hectare.
Ele explica que para qualquer produtor bancar todo o custo de uma lavoura, pagar as dívidas e ter lucro é preciso colher, uma média, de 50 sacos do produto por hectare. Abaixo disso ele começa a acumular prejuízos.