Moacir D’Ávila Severo, mais um grande poeta alegretense dá adeus à querência

Faleceu nesta sexta-feira (16) Moacir D'Ávila Severo, compositor, poeta e letrista ligado à cultura gaúcha e reconhecido por sua contribuição à música nativista e à poesia campeira.

Natural de Alegrete, Moacir estava morando há quatro meses com o filho em Campo Mourão, no Paraná, onde realizava tratamento contra um câncer. Ele faleceu aos 76 anos.

Na década de 1990, Moacir ganhou projeção ao vencer o primeiro Canto Alegretense, festival criado para substituir a Ronda dos Festivais. A música vencedora, “Ibirapuitã”, em parceria com Julio Saldanha, se destacou pela letra e teve ampla repercussão em eventos culturais da época.

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Além da carreira musical, Moacir participou da criação de uma Oficina de Pátria, colaborando com patrocínios e ações que promoviam a cultura local. Foi membro ativo da Confraria do Cocho de Sal e da Associação do Pealo da Poesia Campeira. Era considerado por seus colegas como um dos grandes letristas de Alegrete, ao lado de nomes como João da Cunha Vargas, Gilberto Carvalho e Nico Fagundes – segundo o escritor, compositor e historiador João Fontoura, que destacou também a participação marcante de Moacir nos festivais da região.

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O músico e compositor Cristiano Fantinel relatou que Moacir viveu em diversas cidades da Fronteira Oeste, como São Gabriel e Uruguaiana, onde manteve um restaurante com espaço para apresentações de música gaúcha e integrou o Grupo Parceria, um dos mais premiados do Estado em festivais.

Fundador da Casa do Poeta em Alegrete e incentivador de jovens talentos, Moacir Severo era conhecido por seu envolvimento com causas culturais e sociais. O filho, Rodrigo Severo, afirmou que o pai foi vencedor de diversos festivais no Rio Grande do Sul, em outros estados e também teve trabalhos reconhecidos fora do país. Segundo Rodrigo, além da arte, Moacir tinha como paixão a pescaria.

Rodrigo informou à reportagem que o translado do corpo será feito para Alegrete, onde ocorrerão as últimas homenagens na Capela Angelos. Detalhes sobre o velório e sepultamento ainda estão sendo definidos.

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Amigos, familiares e representantes do meio artístico lamentaram a perda, ressaltando a dedicação de Moacir à arte e à justiça social. Seu nome permanece como uma referência na poesia e na música nativista do Rio Grande do Sul.

O jornalista e radialista Alair Almeida descreveu: A nossa poesia gaudéria e a cultura regional ficam mais pobres com a partida de Moacir D’Ávila Severo. Poucos souberam traduzir em versos as belezas da nossa terra e a lenda que habita o Rio Ibirapuitã. Em seus versos inspirados, descreveu o nosso rio como águas mansas e cristalinas que passavam como tropas no reponte do Ibicuí.

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O refrão do “Ibirapuitã” se transformou em hino na voz de Cleomar Guglielme:

“Ibirapuitã, Ibirapuitã/ Batizado em Tupi/ Abençoado por Tupã/ Ibirapuitã, Ibirapuitã/ Quem bebe de sua água não morre com a alma pagã.”

Os versos de Moacir D’Ávila tornaram-se um grito de liberdade da alma, e sua inspiração jamais se curvou a regras — era pura expressão da vivência e do sentir gaúcho.

Um dos principais compositores de Alegrete, nosso contemporâneo, Moacir foi um poeta que soube transformar a essência do nosso chão, da cultura e das tradições gaúchas em versos cheios de vida, que se consagraram em lindas canções interpretadas por grandes nomes da nossa música.

A poesia de Moacir é uma verdadeira homenagem às nossas raízes — evocando, com beleza e força, a alma do nosso povo.

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