Motogirls: mulheres desbravam mais um reduto até então dos homens

Destemidas, guerreiras e batalhadoras são algumas das características das mulheres que desafiam os obstáculos e, cada dia mais conquistam espaços, no mercado de trabalho, até mesmo em ambientes que antes eram dominados por homens.

Um dos exemplos são as motogirls. Mulheres destemidas que escolheram às ruas da cidade para o sustento diário. Elas ainda são minoria em um território predominantemente masculino mas, mesmo assim, estão derrubando preconceitos e ganhando cada vez mais espaço nesse tipo de atividade.

Um dos exemplos é da alegretense de 20 anos, Viviane  Antunes Santos, moradora do bairro Renascer. A jovem destaca que gênero não define a ocupação que deseja seguir.

Viviane é uma das pouquíssimas mulheres, até então, que realizam o serviço de tele-moto em Alegrete. Pelo levantamento que a reportagem realizou,  são três motogirls.

No final de semana, a reportagem falou com a motociclista. Ela aceitou falar sobre mais essa experiência e contou um pouco da sua rotina e como essa oportunidade foi ofertada.

Viviane começa dizendo que, infelizmente em Alegrete, não há muita oportunidade de emprego. Ela ressalta que fez a entrega de vários currículos, mas não obteve retorno. Muito destemida e guerreira, salienta que trabalha desde muito cedo e batalhou muito para conquistar a primeira moto. ” Eu trabalhei mais de ano como anotadora(aquela pessoa que fica anotando os endereços para as entregas) em frente aos supermercados. Além disso eu sempre gostei de trabalhar não importa o serviço”- descreveu.

Mas, diante da dificuldade de conseguir uma vaga no comércio, Viviane aceitou o convite do irmão, que já trabalhava como motoboy para realizar entregas para a empresa que atua há alguns meses. Essa oportunidade surgiu na última semana e a mais nova motogirls não pensou duas vezes e aceitou.

(Viviane e o irmão Eriko)

“Não é nada fácil trabalhar com a tele-entrega, além de ter responsabilidade com os clientes, tem que conhecer a cidade. O peso e tamanho da mochila também é complicado ainda mais pra mim com 1,55 m” – sorri ao falar da altura. Porém, trabalhar com o grupo atual, uma turma pequena que realiza entregas específicas para a empresa Frango no Potche é sentir-se em casa, o pessoal é muito acolhedor – citou.

Inevitavelmente, a pergunta sobre o risco e receios de alguns bairros em determinados horários surgiu. A jovem, mais uma vez, atesta o cuidado que é realizado, pois dependendo da região ela não faz a entrega, são os colegas pensando em sua segurança.

Na sequência, Viviane acrescenta o quanto está  feliz pela oportunidade. “Desde criança, acho que tinha uns 10 anos, já pensava em ter minha moto. Então, conseguir conciliar a minha paixão com meu trabalho e está sendo uma experiência muito positiva. Tanto a minha moto, como minha carteira foram frutos de muito trabalho e dedicação” – comentou.

O fato é que motogirls e motoboys podem sim fazer o mesmo trabalho. Essa função não depende do sexo e sim do comprometimento e dedicação de cada um. O maior desafio entre ambos, é o trânsito, pois segundo ambos, ainda falta muito respeito com os motociclistas por parte de alguns condutores imprudentes.

Essa pauta surgiu depois que ela fez uma entrega para uma advogada, integrante do Grupo Amoras. Ingrid Urbanetto entrou em contato com a reportagem, pois achou fantástica mais esta conquista das mulheres, principalmente, em um período de muitos desafios em razão da pandemia.

Eriko Santos, Anderson Furquim, Gabriel Barcelo e Viviane.

Flaviane Antolini Favero