Mulher com deficiência é resgatada após 40 anos em condição análoga à escravidão no RS

Segundo MPT, mulher de 55 anos trabalhava como empregada de família em Campo Bom. Empregadores proibiam trabalhadora de sair de casa ou falar com pessoas de fora.

Mulher com deficiência é resgatada após 40 anos em condição análoga à escravidão no RS
Mulher com deficiência é resgatada após 40 anos em condição análoga à escravidão no RS

Uma operação de combate ao trabalho análogo à escravidão resgatou, na terça-feira (1º), uma mulher de 55 anos que trabalhava como empregada de uma família em Campo Bom, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Segundo as autoridades, a resgatada tem deficiência cognitiva e vivia no local há 40 anos.

“Ela vivia e trabalhava na residência. Não podia sair sozinha e era privada de interagir”, explica o auditor-fiscal do Trabalho Rafael Giguer, que acompanhou a operação.

Os empregadores são um casal de idosos, com mais de 70 anos de idade, e um filho, que não viveria mais no local. Eles devem ser autuados. Além disso, a família foi notificada para fazer o pagamento de cinco anos de salários, mais os direitos trabalhistas correspondentes ao período.

Na esfera penal, pode ocorrer a responsabilização pelo crime de redução à condição análoga à escravidão.

Auditores da Superintendência Regional do Trabalho no Rio Grande do Sul foram até o local acompanhados de equipes do Ministério Público do Trabalho (MPT), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Secretaria de Assistência Social do município. Um trabalho de inteligência foi feito antes da abordagem, no entanto, a família empregadora teria negado a existência da mulher no imóvel.

“No primeiro contato, negaram a existência dela na casa. Depois, disseram que ela trabalhava lá de vez em quando. Depois, disseram que era filha”, relata o auditor.

Segundo as autoridades, a mulher sofria agressões físicas e morais. Sob pressão psicológica, ela tinha medo de ser mandada para fora da residência.

“Foi feito um trabalho muito forte e muito qualificado da assistência social do município. Foi mostrado que ela não iria para rua e que seria acolhida”, explica Giguer.

A resgatada foi encaminhada para uma instituição que acolhe pessoas com deficiência, sob responsabilidade da Assistência Social do município. A operação iniciou contatos com pessoas da família de origem da mulher.

O MPT afirma que a mulher nunca foi cadastrada ou integrada à rede de assistência social, nunca frequentou a escola ou qualquer instituição para pessoas com deficiência. A fiscalização foi autorizada pelo Poder Judiciário. O caso foi enviado para que o Ministério Público do Estado abra um processo de curatela para a resgatada.

Fonte: G1

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