No Dezembro Vermelho, o testemunho de um adolescente, à época, que contraiu o vírus HIV

No mês dedicado à luta contra a Aids, conhecido como Dezembro Vermelho, a importância de abordar o tema do HIV/Aids transcende a esfera individual, transformando-se em uma questão de saúde pública.

Conhecer a fundo uma doença como a Aids é essencial para munir a população com as ferramentas necessárias no combate a essa síndrome.

O Dezembro Vermelho surge como uma iniciativa focalizada exclusivamente no enfrentamento do vírus da imunodeficiência humana (HIV) e da síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids). Seu propósito é claro: elucidar a importância da prevenção, esclarecer sobre o tratamento disponível e, não menos crucial, reduzir o estigma associado aos portadores do HIV, frequentemente vítimas de marginalização e falta de compreensão.

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O HIV, sigla em inglês para o vírus da imunodeficiência humana, é o agente causal da Aids. Nos primeiros estágios da infecção, a presença do vírus pode ser assintomática, tornando essencial a conscientização precoce e a adoção de medidas preventivas.

O Portal Alegrete Tudo (PAT) teve a oportunidade de conversar com um alegretense que há mais de uma década enfrenta o desafio do tratamento. Ricardo Vargas de Oliveira, de 32 anos, descobriu que era portador do vírus aos 14 anos, uma idade que, para muitos, representa a transição da adolescência para a juventude. Contudo, sua jornada revela os desafios enfrentados por aqueles diagnosticados com o vírus em uma fase tão precoce da vida.

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Ricardo compartilhou sua experiência, destacando a persistência do preconceito. A falta de conscientização e a ausência de cuidados foram características de sua vida até o diagnóstico.

Em sua juventude, enfrentou um período de rebeldia, participando ativamente de eventos em Porto Alegre, onde residia com o pai. O consumo de álcool e experimentação de substâncias ilícitas foram elementos presentes nesse período. Além disso, Ricardo se identifica como bissexual, acrescentando complexidade à sua história.

O jovem alegretense ressaltou a falta de distinção nas festas em relação ao uso do preservativo, muitas vezes associado ao consumo de álcool. Ao retornar a Alegrete, aos 16 anos, sua mãe o levou ao médico, revelando o diagnóstico de HIV. No entanto, Ricardo admitiu ter passado cinco anos sem cuidados e tratamento, desconsiderando a gravidade da doença e seu impacto no sistema imunológico.

Aos 19 anos, o diagnóstico revelou riscos à vida. Diversas internações devido ao tratamento inadequado, e o aparecimento das chamadas doenças oportunistas como tuberculose e pneumonia, levaram Ricardo a um ponto crítico em sua saúde. Em outubro do ano passado, ele retornou para a casa da mãe, enfrentando internações adicionais devido a complicações graves.

Em um momento de desespero, Ricardo considerou desistir, mas optou por seguir o tratamento corretamente. Ele destacou as dificuldades enfrentadas com o pai, que não soube lidar com a situação, expressando medo infundado de contaminação em situações cotidianas.

Ricardo enfatiza que o coquetel de medicamentos antirretrovirais salva vidas e destaca a importância de falar abertamente sobre a Aids. Ele incentiva os jovens a analisar os riscos associados ao uso de drogas e a troca de parceiros, especialmente entre os que se identificam como bissexuais.

Questionado sobre a origem da infecção, Ricardo ressalta a incerteza, mencionando um amigo que sugeriu a transmissão por uma jovem que faleceu três meses depois. Sua experiência inclui relacionamentos homossexuais, ressaltando a complexidade das situações que envolvem a disseminação do vírus.

A história de Ricardo Vargas de Oliveira é uma narrativa real e complexa que expõe não apenas os desafios enfrentados por portadores do HIV, mas também a importância da educação, prevenção e combate ao estigma que ainda persiste em nossa sociedade. O Dezembro Vermelho não é apenas um mês de conscientização, mas um lembrete de que a informação é a principal aliada na batalha contra a Aids.

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