No mês que trata da prevenção ao suicídio, psiquiatra alerta para os efeitos pós-pandemia

O PAT, realizou uma entrevista que teve uma abordagem muito esclarecedora e transparente, talvez, uma das poucas já realizadas sobre o assunto.

No mês que trata da prevenção ao suicídio, psiquiatra alerta para os efeitos pós-pandemia
No mês que trata da prevenção ao suicídio, psiquiatra alerta para os efeitos pós-pandemia

O convidado foi o médico psiquiatra Fernando Uberti, Psiquiatra do CAPS AD-Alegrete; professor da Associação de Psiquiatria Cyro Martins (CCYM); preceptor do Serviço de Residência Médica em Psiquiatria da Santa Casa de Alegrete; coordenador do Núcleo de Psiquiatria do Simers; membro titular da Comissão de Defesa Profissional da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e membro da Comissão Médico Jovem do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Conduzida pelo Diretor do Portal Alegrete Tudo, Jucelino Medeiros, a entrevista de quase uma hora trouxe informações e abordagens muito elucidativas sobre o tema que, ainda tem muitos estigmas.

O médico psiquiatra, Fernando Uberti, esclareceu que não há como falar de suicídio sem destacar os transtornos psiquiátricos, que compreendem depressão, transtorno bipolar e uso de substâncias como álcool e drogas.

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Destacou o Sistema Único de Saúde do Município em relação aos tratamentos psiquiátricos, enfatizando que que no Pais apenas três Municípios têm o Samu Mental: São Lourenço do Sul, Brasília e Alegrete.

Além dos CAPs – Caps II, Caps AD, Caps Infantil, o 3º turno (17 às 21h) e os 20 leitos na ala psiquiátrica na Santa Casa de Alegrete, que está por ser ampliados para 30. Portanto, Alegrete está acima da média na assistência.

Em vários questionamentos importantes feitos por Jucelino Medeiros, alguns dos mais relevantes: se há algum perfil entre os pacientes com predisposição ao suicídio, o impacto das redes sociais na pandemia e um debate local sobre o tema – a Ponte Borges de Medeiros- as tentativas e os casos consumados de suicídio no local. Uma grade de proteção resolveria o problema? Assim como, o comportamento da imprensa e como deve ser o cuidado entre àquelas pessoas que já tentaram mais de uma vez tirar a própria vida e se o Município está acima da média do Estado em relação aos casos consumados.

Para todas estas e outras questões, Dr Fernando foi muito objetivo nas respostas. Ele falou da importância de se realizar abordagens sobre o assunto que possam levar conhecimento e informações, quebrando assim muitos estigmas e, com isso, auxiliando muitas pessoas. Para isso, as pessoas devem ficar atentas a todos os sinais que possam indicar qualquer transtorno psiquiátrico. Desde amigos, familiares e colegas de trabalho, escola e faculdade. Comportamentos que levam a irritabilidade, desânimo, alterações no apetite, sono e outras mudanças devem ser levadas a sério.

Quanto à chamada crise existencial, pontuou que isso ocorre muitas vezes por alguma expectativa muito grande em relação ao que se planeja fazer ou também da falta de perspectivas. Já em relação às redes sociais, o impacto é muito negativo e isso teve um acréscimo com a pandemia, desde o conceito que é imposto pela sociedade e a falsa sensação de felicidade.

Acrescentou que o debate em relação as grades da ponte Borges de Medeiros, é algo que pode ser um auxílio, mas não é a solução. O melhor é a prevenção, acompanhamento e tratamento, pois as pessoas, certamente iriam migrar para outros locais e isso se tornaria inviável neutralizar todos os pontos que oferecem perigo. Sendo assim, a rede de atendimento da saúde mental que o Município mantém, conta com um reconhecido trabalho nessa área, embora com alguns problemas estruturais que necessitam de auxílio. Talvez, esse seja esse o motivo que Alegrete esteja acima da média, no Estado em relação aos casos consumados de suicídio, pois a rede de saúde é muito importante para notificar e acompanhar estes casos. Em muitos municípios há subnotificacão e preconceito de algumas famílias em revelar a real causa da morte .

O suicídio é o desdobramento mais grave dos problemas psiquiátricos. É preciso muita empatia e auxílio, principalmente para àqueles que já tentaram mais de uma vez. Estas pessoas são mais suscetíveis e a rede precisa ser da família, amigos e também de um profissional.

Quanto ao impacto da pandemia em relação à saúde mental, o médico ressaltou que as consequências devem durar cerca de 5 a 10 anos e o pior ainda está por vir. Por mais que muitos casos já tenham sido identificados neste período, há àqueles que tiveram um agravamento e muitos outros que as pessoas não procuraram o auxílio em razão da opção de ficarem em casa. Portanto, os próximos anos podem representar um número mais expressivo de casos relacionados aos transtornos psiquiátricos, diante de todo efeito da pandemia.

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