O desespero da mãe na UTI: “Pensei que ia perder meu filho”

Menino de 9 anos, com covid-19, teve crise de insuficiência respiratória e ficou internado em hospital do Rio.

Por 48 horas, Marcelle Moreira viveu momentos de muita tensão e incertezas diante do filho, de 9 anos, então internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital do subúrbio do Rio com sintomas da covid-19 – a confirmação de que estava com a doença se daria depois. O garoto sentia dificuldades para respirar, teve uma crise aguda em casa e, ofegante, já dava sinais de desfalecimento.

“Foi tudo muito rápido. Primeiro, ele começou com uma tosse seca, coriza e espirrando. Depois, veio a febre e a falta de ar. Cheguei a levá-lo ao hospital. Com medicamentos, melhorou um pouco e voltamos para casa. Mas na quinta-feira (dia 9), piorou muito e teve de ser internado”, conta Marcelle, ainda com a lembrança viva de tantas horas de agonia.

“Naquele instante, botei ele no meu colo, estava quase sem reação, prostrado. Eu corri de novo para o hospital, foi quando entrou direto na UTI. Ele chorava, dizia que queria respirar, que queria ficar bom.”

Tão logo teve a suspeita de que o menino estava com o coronavírus, Marcelle pediu ao ex-marido que levasse a filha B., de 4 anos, para a casa dele.

“O resultado do teste demorou um pouco a sair, mas todas as suspeitas apontavam para a covid-19. Por isso, a precaução de afastar rapidamente a minha filha, que é asmática.”

A angústia de ver o filho na UTI levou Marcelle a imaginar o pior. “Pensei que ia perder ele. Sua saturação de oxigênio estava baixa, se diminuísse mais um pouco teria que ir para o respirador.”

No sábado (11), com a respiração do filho mais próxima do normal, Marcelle e os médicos do hospital decidiram em conjunto que ele poderia ir para casa, desde que monitorado diariamente pela unidade de saúde, como vem sendo feito.

Aos poucos, o menino vem melhorando de todos os sintomas. Agora, além de ficar de olho na reação dele, Marcelle está atenta a eventuais manifestações da covid-19 na filha e nela própria.

Seu interesse em relatar essa história, ressalta, tem apenas um motivo: alertar quem ainda acredita que a pandemia do coronavírus é um problema restrito aos idosos. “Na UTI, tinha uma criança de 11 meses também com covid-19. A doença não escolhe idade. Não desejo para nenhuma mãe do mundo passar o que eu vivi”, diz Marcelle, ainda sem saber como o filho pode ter se infectado.

“Eu já vinha tomando os cuidados. Só saíamos de casa para ir ao mercado, hortifrúti ou à farmácia; as crianças iam juntas, eu não tinha com quem deixá-las. Não acreditei quando veio a confirmação. Agora, é redobrar as atenções.”

Fonte: Terra