O esporte tirou mãe e filha do fundo poço; e o desejo de viver vem das ruas

Carine Lima Borges, de 44 anos, mãe de três filhos – Alexandre, Érica e Beatriz –, todos alegretenses, reside em Florianópolis há treze anos.

A trajetória de Carine e Beatriz teve início quando a última, diagnosticada com deficiência mental severa, traços de autismo, epilepsia e distúrbio do sono, nasceu há quinze anos.

Beatriz, que demanda cuidados especiais, como uso de fraldas, mamadeira e assistência em todas as atividades diárias, enfrenta sensibilidade a sons e pessoas, levando mãe e filha a uma vida mais isolada, distante de aglomerações e locais públicos.

A perigosa rotina, sem solução, de cavalos soltos em locais públicos de Alegrete

A resistência de Beatriz a sair de casa e a aversão a barulhos e movimentos tornavam desafiador o convívio social. Entretanto, em novembro do ano passado, Carine decidiu ingressar nas corridas de rua, apresentando a Beatriz essa nova experiência, apesar dos riscos decorrentes de sua sensibilidade.

O projeto “Perna Solidária” em Santa Catarina se revelou decisivo. Inicialmente, Beatriz participou de corridas com a irmã de Carine, que já praticava esportes. No entanto, o quadro de saúde de Beatriz se agravou, resultando em um diagnóstico mais grave e sua inclusão nos cuidados paliativos, com uma expectativa de vida de seis a oito anos.

Esse período difícil levou a alegretense a uma depressão profunda, agravada pela sobrecarga emocional de ser mãe solo. A decisão dela em entrar para as corridas com a filha foi motivada pela percepção de que as corridas proporcionavam à filha uma alegria e vontade de viver únicas, não encontrada em terapias convencionais.

Alegrete se destaca em projetos no Programa Inova RS e capta mais de 5 milhões para inovação e tecnologia

O contato com a LS Assessorias, localizada em Alegrete, permitiu que Carine iniciasse um treinamento on-line para participar das corridas ao lado da Beatriz. Durante um ano, mãe e filha conquistaram 60 medalhas, com destaque para a corrida do Natal Iluminado em Alegrete. “Pra nós, foi um marco ainda maior esse número ter sido aqui em Alegrete, na minha terra natal, na minha cidade, na corrida do Natal Iluminado. Quem foi o guia da minha filha foi o Leonardo, e eu agradeço muito a ele por ter sido o guia da Beatriz nessa prova, sendo as pernas dela, assim como tenho sido ao longo deste último ano”- completou.

Leonardo, da LS Assessorias, desempenhou deu grande contribuição como guia de Beatriz nessa corrida emocionante. As palavras de gratidão de Carine para ele evidenciam a importância desse apoio, ressaltando a experiência única e a transformação na vida de ambas ao longo de 2023.

As corridas levaram mãe e filha a diversas cidades de Santa Catarina, incluindo a meia maratona de Florianópolis, proporcionando lindos momentos. Além disso, uma campanha nas redes sociais possibilitou a aquisição de um triciclo adaptado para Beatriz, fabricado por uma empresa de São Paulo.

A corrida de rua não apenas tirou Carine e Beatriz do fundo do poço, mas também superou as expectativas médicas para a vida da menina. A mudança na vida delas é atribuída ao esporte, que proporcionou alegria e uma vontade renovada de viver para a filha.

Desmantelando o tráfico: apenado com tornozeleira é preso com crack, simulacro e dinheiro

A alegretense expressa sua gratidão a todos que colaboraram nas corridas e destaca seus planos para o futuro em Alegrete, visando a construção do projeto “Perna Solidária”. Seu apelo é para a colaboração da comunidade, a fim de incluir outras pessoas com deficiência e valorizar o direito de todos, enfatizando que mães e filhos merecem viver plenamente.

As palavras de Leonardo, o guia de Beatriz, ressaltam gratidão e felicidade ao testemunhar a superação de Beatriz durante a corrida do Natal Iluminado.

“Só tenho a agradecer à Carine e à Beatriz por me deixarem guiá-la pelas ruas nesse domingo. Pensa em um nervosismo: esperando ela chegar, estava ali apavorado, sabendo o tamanho da responsabilidade que eu estava prestes a assumir. Mas muito feliz em poder estar ali para ver aquele sorriso e a felicidade no rosto da Beatriz.

A cada metro percorrido, a cada reação dela, a cada grito de alegria, eu me sentia mais feliz. Acho que não tem palavra que descreva, senão gratidão”- citou.

A jornada de Carine e Beatriz é uma inspiração, demonstrando que o esporte pode transcender desafios e transformar vidas de maneiras imprevisíveis.

Se inscrever
Notificar de
guest

0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários