Onda de assaltos a pedestres gera sensação de insegurança entre os santa-marienses

A tese da Polícia Civil e da Brigada Militar é de que o aumento dos crimes está relacionado à necessidade de se conseguir dinheiro para sustentar o uso de drogas

assalto
Parque Itaimbé, Praça do Mallet, pista de caminhada do Centro Desportivo Municipal (CDM) e Praça dos Bombeiros. Esses são alguns dos locais de convivência em Santa Maria que estão perdendo espaço para a insegurança. Vítimas de furtos e roubos, os pedestres, que antes escolhiam os horários para frequentar determinados locais para não serem alvo de bandidos, agora estão preferindo evitar esses lugares, porque os crimes já não são mais só à noite. E a preocupação não é para menos. Só na última quarta-feira, foram pelo menos sete crimes desse tipo na cidade. Apesar de a Polícia Civil não ter divulgado estatísticas do período, a sensação entre autoridades e moradores é de que a violência está maior.  
A tese da Polícia Civil e da Brigada Militar é de que o aumento dos crimes está relacionado à necessidade de se conseguir dinheiro para sustentar o uso de drogas. É o que também acreditam moradores das proximidades do CDM. Eles comentam que sentem cheiro forte da queima de crack, que vem de dentro da obra do Centro de Eventos.
_ As pessoas estão ficando com medo de caminhar aqui porque falta iluminação. Mas, se colocam novas lâmpadas, em seguida elas são quebradas _ diz a autônoma Sandra dos Santos, 47 anos. 
O preparador físico Rodrigo Antunes, 35, que usa espaços públicos para o treinamento de seus alunos, sentiu uma mudança no comportamento deles em relação ao CDM e à pista de caminhada da Nonoai:
_ Antes, eu mantinha aulas até as 22h, agora, principalmente as mulheres não querem fazer aulas mais tarde. Eu entendo, afinal, até os meus equipamentos, como celular, cones e corda, já foram furtados. 
Para a especialista em Segurança Pública e Direitos Humanos e professora de Processo Penal da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma) Silvana Wallau Vezzosi, um dos fatores que contribuem para o aumento e a manutenção desse tipo de crime é a sensação de impunidade, provocada pela dificuldade em se identificar os autores do delito e porque furtos e roubos dificilmente têm como consequência a prisão.
Já o estudante Nikolas Guimarães Rezer, 17 anos, tem pelo menos seis amigos que já foram assaltados quando voltavam da escola e passavam pela Praça do Mallet à noite.
_ Procuro esconder o celular quando passo por aqui, mas não dá para dizer que me sinto seguro _ afirma o jovem. 
No bairro Santa Marta, repete-se a reclamação de insegurança. Maurício Santos, 17 anos, aluno da Escola Augusto Ruschi, afirma que, nas proximidades do colégio, os ataques são feitos por grupos de jovens que levam o que podem. Da última vez, foi um moletom de um de seus colegas. 


Todos precisam fazer sua parte na luta contra o crime
O delegado regional de Polícia Civil, Marcelo Arigony, afirma que procura acompanhar, por meio de um levantamento próprio, as estatísticas criminais em Santa Maria. Porém, ele afirma que não notou um aumento significativo de casos. 
Para os delegados dos quatro distritos policiais da cidade, o aumento tanto em números reais quanto da sensação de insegurança está ligado ao consumo de drogas, principalmente de crack, o que leva os usuários a praticarem pequenos crimes para sustentar o vício. 
O comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (RPMon), Sidenir Cardoso, diz que as estatísticas da Brigada Militar apontam para um aumento no número de crimes como furtos e roubos no primeiro semestre de 2014 em relação ao mesmo período de 2013. Mas, segundo ele, não é nada alarmante. 
De acordo com Sidenir, providências como intensificar o policiamento e fazer patrulhamentos abordando grupos que se concentram nas praças Saldanha Marinho e Saturnino de Brito, à noite, já estão dando resultado. 
_ No último mês, foram apreendidas muitas armas brancas. São armas que deixam de ser usadas nesse tipo de crime _ afirma Sidenir. 
Para a especialista em Segurança Pública Silvana Wallau Vezzosi, os próprios pedestres podem tomar alguns cuidados para evitar cair na armadilha dos assaltos: 
_ Enquanto as medidas preventivas não são adotadas pelo poder público, importa à população ter em mente que crimes desse tipo são praticados sempre se observando o “princípio da oportunidade”. Vale dizer a observância de regras básicas, como não manter celulares ou carteiras em bolsos visíveis, segurar a bolsa de forma firme com a mão (em vez de apenas pendurá-la no ombro) e manter a atenção quando se caminha em meio às pessoas visando identificar eventuais delinquentes, dentre tantas outras que podem evitar o crime.
Silvana lembra que os autores desse tipo de delito sempre procuram vítimas vulneráveis ou que apresentem momentaneamente alguma facilidade para a prática do crime. Assim, fica o conselho de evitar usar objetos que chamem a atenção dos ladrões ou que demonstrem a facilidade na prática do furto.
 

Fonte: Diário de Santa Maria