Paciente recuperado da Covid-19 escreve poema para agradecer profissionais da saúde em Pelotas

Denilson Cunha, de 47 anos, usou o tempo de internação para produzir o conteúdo. Ele ficou internado no Hospital Escola da UFPel por conta da doença.

O tempo de internação no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas foi inspirador para o eletricista Denilson Cunha, de 47 anos. Motivado pelos cuidados da equipe da instituição, que o ajudaram a se recuperar da Covid-19ele escreveu poemas como forma de agradecimento.

“Aquele bom dia, aquela preocupação da pessoa chegar, ver se tá precisando de alguma coisa, aquele carinho, aquela dedicação. Vai além daquilo que eles tinham que fazer, que era cuidar a nossa saúde. Também estavam cuidando o nosso bem-estar”, lembra Denilson.

 

Ele ficou internado por uma semana, ainda no início do mês de agosto. Sintomas como mal-estar, tosse, febre alta e cansaço alertaram para suspeita que poderia ser coronavírus, e um teste rápido confirmou.

Isolado e sem poder receber a visita da família, Denilson conviveu integralmente com a rotina de trabalho dos profissionais em meio à pandemia.

“A gente vai entrando no hospital e as pessoas que não são da Ala Covid se afastam, entram para as peças com medo. E, ainda assim, esse carinho que eles tiveram por nós, com tudo isso que tão passando, foi o jeito que eu arrumei de agradecer”, conta.

Entre a equipe, o gesto surtiu como incentivo e emocionou.

“Aquele texto me fez chorar como profissional e como um ser humano. Meus colegas se arriscam todo dia, tem famílias, tem amigos. Se pegar o vírus, qual a consequência? O Denilson é um ex-paciente que me liga e me dá forças”, diz a enfermeira Juliana Ferrari.

 

Paciente faz poesia como forma de agradecimento em Pelotas — Foto: Arquivo Pessoal

Paciente faz poesia como forma de agradecimento em Pelotas — Foto: Arquivo Pessoal

Recuperação

 

Em casa desde o dia 18 de agosto, já sem mais sintomas da doença, Denilson ainda convive com as sequelas.

“Covid não é só 14 dias. Está fazendo mais de um mês que eu saí do hospital e ainda tenho sequelas, sequelas na respiração. Há 15 dias eu tinha sequela nas pernas, não estava conseguindo nem caminhar. Fui tentar subir uma escada e já senti que não tenho essa força que eu tinha antes”, observa o eletricista.

Leia um trecho do poema:

Cada carinho, cada gesto, não há como agradecer quando somente os olhos você consegue conhecer
Os aparatos de segurança criam a igualização tornando todos os mesmos com grande coração
Não tem como entender sem por isso passar pessoas que por nosso bem largam famílias e lar
Rotinas foram modificadas, modos e convivências transformadas, por uma doença que atinge a nossa existência
Mas a esperança continua de tudo isso logo passar para que com essas experiências vidas possamos melhorar
E a cada profissional quero deixar o meu obrigado
Por cada momento de sua vida a minha vida dedicado

Fonte: G1