PF analisa imagens que mostram o servidor suspeito de abuso a paciente no Husm

Delegado irá ouvir testemunhas e familiares de grávidas que estavam internadas

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A Polícia Federal (PF) de Santa Maria já está de posse de imagens das câmeras de segurança do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) que mostram a movimentação de um servidor da instituição suspeito de estuprar três pacientes. Conforme a denúncia, ocorrida no sábado, o servidor teria feito exames ginecológicos indevidos em gestantes internadas no setor de maternidade. Ele se passaria por médico para ter acesso às pacientes.

Conforme o delegado da PF Diogo Caneda, responsável pelo caso, as imagens servirão como material de auxílio na investigação.

— Estamos analisando o material. As imagens são dos corredores do hospital e mostram o momento em que o servidor entra no quarto e, depois de alguns minutos, sai. Elas não mostram muita coisa e ainda é cedo para ter conclusões — comenta Caneda.

No domingo, o Diário conversou com a mãe de uma das vítimas. A mulher, de 59 anos, contou que a filha estava com oito meses de gravidez. A gestante foi internada há cerca de 10 dias porque teve infecção nos rins, o que poderia trazer risco ao bebê. Na sexta pela manhã, o servidor suspeito teria entrado no quarto da gestante e a submetido a um suposto exame (de observação e toque). Segundo a mãe da gestante, devido ao susto de saber, posteriormente, que havia sido enganada e abusada, a grávida acabou dando à luz na sexta-feira à noite, por meio de cesariana. Até a tarde de domingo, as três pacientes supostamente abusadas continuavam internadas. A equipe conversou com maridos de duas delas, mas eles preferiram não falar sobre o assunto.

Na manhã desta segunda-feira, o delegado ouviu colegas do servidor, que já foi afastado da função por determinação judicial e irá responder um Processo Administrativo Disciplinar (PAD). Nos próximos dias, serão ouvidos os familiares e as gestantes que teriam sofrido abuso. A PF também pedirá autorização judicial para ter acesso aos prontuários médicos das vítimas, já que há sigilo médico envolvido no caso.

O prazo para o inquérito é de 30 dias, mas o delegado afirma que pretende terminar o processo antes disso.

O CASO

A denúncia envolvendo o servidor suspeito — um técnico do laboratório de Análises Clínicas do Husm, de 32 anos — ocorreu no sábado. Ele foi detido pela Brigada Militar por suspeita de estupro. De acordo com o registro policial, as vítimas teriam relatado que o suspeito entrava no quarto e chaveava a porta. As pacientes, acreditando que ele era médico, não se opunham aos exames. Funcionários do Husm disseram que as pacientes estranharam o exame e perguntaram no setor de enfermagem quem era aquele médico que as havia examinado.

Dessa forma, as vítimas ficaram sabendo que o homem não era médico e sim funcionário do laboratório. No sábado, a direção do hospital acionou a Brigada Militar, e o servidor foi conduzido até a Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA), onde foi efetuado registro de ocorrência por estupro consumado.

Fonte : DIÁRIO DE SANTA MARIA