Psicóloga do Caps de Alegrete apresentou trabalho de Congresso em Manaus

A psicóloga, Nádia Gindri Mileto, que atua no Caps Alegrete e Caps Nova Vida participou  do 4º Congresso Brasileiro de Saúde Mental em Manaus-AM entre os dias 04 a 07 de setembro

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A profissional  representou Alegrete no evento que reuniu profissionais e técnicos que atuam na área de saúde mental em todo o Brasil. A psicóloga, Nádia Gindri Mileto, diz que foi muito emocionante ter participado do evento. Primeiro ela teve que passar sobre a floresta amazônica, que mesmo sendo aviltada pelo desmatamento em muitos locais, segue sendo uma bênção divina, como o pulmão do planeta, salientou. – Imagine que em mais de uma hora de voo, entre o Pará e o estado de Amazonas, a 800 km/hora, não vencemos ultrapassar 70% dela, realmente um patrimônio do povo brasileiro que precisa ser preservado, ressalta.
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Quanto ao Congresso, relata que  foi um grande evento que reuniu quase 4 mil pessoas de todo o Brasil para debater os rumos da política de saúde mental “que temos e que queremos”. Foi marcante a presença do Ministro da Saúde e da Coordenação da Política Nacional de Saúde Mental, anunciando que desejam que os Caps funcionem também nos fins de semana e os Caps Ad funcionem 24 horas, como uma forma de reduzir a necessidade de internações por crises psicóticas e quadros graves de dependência química.
Para isso, ainda são necessários os leitos psiquiátricos em hospitais gerais e que pretendem conveniar mais de 1200 neste próximo ano. Pretendem autorizar o convênio de mais 200 serviços residenciais pelo fato de que o sofrimento psíquico ainda exclui o paciente da família, e que os municípios precisam acolher de forma humanizada, senão a pessoa se tornará mais um morador de rua.
No Congresso houve centenas de Rodas de Conversa com o aprofundamento de temas de relevância, dentre elas a que tinha o tema “Práticas Integrativas em Saúde Mental” onde Nádia Mileto apresentou seu trabalho – “Práticas Integrativas e Saúde Mental: Alegrete ampliando o cuidado” – que representa o município, conjuntamente com representantes da Bahia, Rio Grande do Norte e Amazonas. Momento em que comprovaram pelos resultados apresentados, que as terapias naturais realmente podem promover um cuidado mais humanizado na saúde mental .
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Dentre os grandes Debates, que reuniram autoridades de vários países, está o do tema: “Imaginando Um Futuro Diferente para a Saúde Mental”, onde estiveram presentes o Dr. Paulo Amarante, grande construtor da reforma psiquiátrica brasileira e presidente da ABRASME, Dr. Ernesto Venturini (Itália), Dr. Manuel Desviat (Espanha), Dr. Raul Sanches (Cuba) e Robert Whitaker (Estados Unidos), os quais foram unânimes em dizer que somente a medicalização e a psicoterapia tradicionais não têm dado os resultados que poderiam ser obtidos se fossem incluídas outras formas de cuidado.
O representante americano disse que reconhece que seu país é um grande explorador do sofrimento psíquico, através das indústrias de medicação que querem ser as únicas forma de tratamento.
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Durante o debate, foi feita uma intervenção dizendo que há consciência em que em situações agudas de crise, os psicofármacos são necessários, porém, se tivermos melhorias das políticas públicas e sociais e investimento numa gama de terapias naturais que possam contribuir para a recuperação da saúde, estaremos oferecendo uma melhor possibilidade de reabilitação aos portadores de sofrimentos psíquicos diversos.
Em 2016, quando ocorrerá o 5º encontro, Alegrete já terá números de resultados positivos em relação as práticas integrativas e  que comprovarão o que hoje constatamos, mas não quantificamos como é necessário, no entanto, vamos passar a fazê-lo e assim, contribuir para a redução dos gastos com compra de medicações pelo município,  observa a psicóloga.
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Juntamente com o evento, ocorreram Vivências Interculturais com passeios pelo Rio Negro, visitas a tribos indígenas e seu artesanato, ao centro histórico de Manaus, etc. Ocorreram também Minicursos e Oficinas temáticas, Rodas de Conversa e apresentações culturais como o Grupo de Maracatu “Quebra Muro” formado por usuários de um Caps de Manaus, mostra de cinema, lançamento de livros, apresentações teatrais e o 1º Seminário Psicologia, povos indígenas e direitos humanos da Região Norte.
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Os temas mais aprofundados em todos os momentos foram acerca do trabalho na rede de saúde mental, humanização, estratégias de autonomia dos usuários, saúde mental prisional, álcool e outras drogas, medicalização, saúde mental de povos indígenas, experiências com consultórios de rua, promoção de trabalho e renda aos portadores de sofrimento psíquico, formação acadêmica, produção em saúde mental, responsabilidade penal de pessoas com transtornos, violência, racismo, exploração sexual infantil, atenção básica, saúde mental e justiça, primazia do público sobre o privado,etc.
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APOIOS
Quanto à forma da minha participação, quero agradecer à Câmara Municipal; ao Vereador Celeni Viana; a Presidente Cleni Paz da Silva pelo apoio, bem como ao Presidente do Conselho de Saúde, Enio Machado e ao Prefeito Municipal, pois tive que fazer um ofício pedindo a intervenção dele, porque já estava a mais de 30 dias aguardando a decisão da Secretaria de Saúde até aquele momento sem êxito quanto à diárias e passagens, momento em que foi autorizado 80% do valor da minha passagem aérea e apenas uma diária para cinco dias de deslocamento.
Nádia escreveu ao Prefeito que lamentava que pessoas que se dizem construtoras da saúde mental no município tentem impedir a participação de quem não se alinha politicamente e porque,  através da AUFAMISMA, cobra solução das questões que precisam ser repensadas na saúde mental de Alegrete.
-Não é por nossa vontade que temos duas correntes de pensamento quanto à conduta da saúde mental, mas porque acreditamos no que é melhor para todos e para isso não precisamos destacar nenhuma figura em particular.
Agradeço também aos sócios da AUFAMISMA  e colegas do Caps ad que, através de suas doações e rifa de uma tela, garantiram a minha participação neste evento. Há um ditado hindu que diz que:  “Não se para um rio com as mãos”, eu parafraseio dizendo que “nem a vontade de uma consciência coletiva do que é preciso mudar”.