Sem poder expulsar e nem suspender: projeto polêmico divide opiniões

Em Alegrete pais, professores e comunidade divergem sobre o parecer

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O parecer em avaliação do Conselho Estadual de Educação prevê que escolas não reprimiram a indisciplina com afastamento ou transferência de alunos. Em resumo, a norma prevê que não cabe à escola definir a transferência compulsória de qualquer discente,obrigando a deixar de estudar em determinada instituição ou estudar em outra.
O parecer divide opiniões de pais e professores em Alegrete.
O Secretário Municipal de Educação e Cultura, Jorge Sitó, manifestou sua opinião dizendo que a expulsão não é o caminho, e que os conflitos devem ser resolvidos a partir dos círculos restaurativos, tudo dento do campo do bom senso. Segundo Sitó,  o projeto está dentro das normas do padrão educacional vigente.
Já a dona de casa e vendedora de cosméticos e mãe de aluno, Magda Santos Dutra, diz que não concorda com a norma, porque se não pôr para fora os alunos vão continuar barbarizando e, cada vez mais tomando conta. A educação já está ruim e com isto vai ficar pior. Tem que ter ordem em sala de aula, comenta Magda.
Ana Cristina Motta Jaques, professora aposentada, diz que é da opinião de ter um Conselho em que se possa dialogar com a família e professores e ver o que esta acontecendo. E, após os devidos relatos, encaminhar o aluno para psicólogos, se for o caso.
“Acho um absurdo, os alunos estão cheios de direitos, mas esquecem que também tem deveres. Quando chega nesse ponto, do professor não querê-lo em sala de aula é porque se esgotaram as alternativas de acordo entre ambos e a escola. O problema é que agora se trabalha com números, quanto mais alunos, mais verbas as escolas recebem, observa Amélia Oliveira, professora de Língua Portuguesa.
Rosa Maria Pinheiro, professora aposentada, enfatiza que Educação vem de casa. Na escola, o professor transmite conhecimentos. Se um aluno em sala de aula com mais de 20 alunos e somente um professor não quer aprender, fica impossível transmitir conhecimentos. Muitos alunos trazem problemas em seu mundo interior para a sala de aula e, por mais criativa que seja esta aula, nada o irá fazer a aprender.
Na maioria das vezes, um professor trabalha 40 horas semanais. Se for por área, tem mais de 200 alunos . Então, o que fazer com aquele aluno que perturba o tempo todo, atrapalhando aqueles que querem aprender? Como diz o ditado: Uma fruta podre num cesto acaba estragando as outras. Se não se pode separar estes alunos indisciplinados dos outros, que culpa têm os outros de terem de suportar quem não quer “nada com nada”? Muitas pessoas culpam o professor por falta de controle e paciência. Com certeza, quem se acha no direito de opinar contra os professores, pouco ou nunca esteve dentro de uma sala de aula nos dias de hoje, assevera Rosa.
Cada vez mais o governo desmoraliza o professor, com atitudes de imposição sem ouvir a sociedade. Tem que ser discutido, repensado com justiça, honestidade, generosidade, integridade. São valores que formam o caráter de uma pessoa, completou a professora, que leciona há mais de 30 anos em sala de aula.