Autotestes de Covid: saiba como funciona, preços e onde comprar; veja perguntas e respostas

Anvisa aprovou nesta sexta-feira (28) a venda de autotestes da Covid-19.

Autotestes de Covid
Autotestes de Covid

Diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovaram nesta sexta-feira (28) a venda de autotestes da Covid-19. Os testes, que poderão ser feitos pelo paciente em casa e sem a ajuda de um profissional da saúde, serão uma ferramenta a mais para diagnosticar a infecção pelo coronavírus.

Entretanto, a decisão não tem efeito imediato: cada empresa interessada em comercializar sua versão do produto precisa pedir o registro junto à agência, que vai analisar cada solicitação.

A medida vale apenas para os chamados testes de antígenos (feito da coleta do material no fundo da boca e do nariz e que busca sinais de anticorpos gerados pelo corpo após a infecção), e não se aplica aos teste RT-PCR (mais preciso, mais demorado e que detecta a presença do material genético do coronavírus).

Veja perguntas e respostas sobre o tema:

  1. O que é um autoteste e como ele funciona?
  2. Os autotestes já estão disponíveis? Quanto custa e onde comprar?
  3. O autoteste pode ser usado como comprovante em viagens e/ou atestado medico?
  4. Quando a pessoa com suspeita de Covid-19 deve fazer o autoteste?
  5. Por que o autoteste pode dar um falso negativo?
  6. Qual é o procedimento em outros países? Como as pessoas enviam as informações para o governo?
  7. Qual seria a forma mais segura de descartar os resíduos? Há chance de outra pessoa pegar manuseando o lixo?
  8. Existe teste PCR em autoteste?
  9. Como os autotestes podem ajudar no controle da pandemia, na opinião dos especialistas?

1. O que é um autoteste e como ele funciona?

Eles são uma forma de diagnosticar o coronavírus em caso de suspeita de infecção.

O autoteste é parecido com o teste rápido de antígeno, mas pode ser feito por leigos, em casa. O kit vem com um dispositivo de teste, tampão de extração, filtro e o swab — uma espécie de cotonete usado para a coleta nasal, a mais comum .

O chamado “teste de antígeno” é capaz de identificar o antígeno viral, que é uma estrutura do vírus que faz com que o corpo produza uma resposta imunológica contra ele – os anticorpos.

“O autoteste é uma ferramenta que ajuda na questão do acompanhamento. A pessoa pode fazer o teste para saber se ainda está positiva, mas principalmente na prevenção. Ela pode se testar para poder evitar a transmissão”, explica o infectologista Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

2. Os autotestes já estão disponíveis? Quanto custa e onde comprar?

Os autotestes ainda não estão disponíveis para compra. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), cada empresa interessada em comercializar sua versão do produto precisa pedir o registro junto à agência, que vai analisar cada solicitação.

A venda deve ocorrer em farmácias e em estabelecimentos que podem comercializar produtos de saúde, desde que tenham a licença sanitária e estejam regularizados. Sobre vendas pela internet, só esses estabelecimentos estarão aptos para vender. Eles não poderão ser vendidos em sites de e-commerce.

Empresas poderão comprar autotestes e distribuir aos seus funcionários. Não há nenhuma restrição sobre isso.

Sobre valores, a Anvisa espera que sejam mais baratos que os atuais, feitos em farmácias.

3. O autoteste pode ser usado como comprovante em viagens e/ou atestado medico?

Não. A Anvisa alerta que o autoteste não gera um laudo. “Você terá uma informação de uso individual. Ele não serve como comprovante que você não tem Covid para viagem internacional, por exemplo, como também não será diretamente aceito pelo empregador para fins de dispensa do trabalho. Caso dê positivo, você precisa passar por um profissional de saúde”, explica a agência.

4. Quando a pessoa com suspeita de Covid-19 deve fazer o autoteste?

Você deve fazer de três a sete dias após o surgimento dos sintomas. “Esse é o intervalo que traz melhor confiança nos resultados, segundo os fabricantes”, orienta o microbiologista Luiz Gustavo Almeida, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP).

O microbiologista explica que ao entrar em contato com alguém infectado, é preciso esperar alguns dias para evitar o falso negativo. “Se você fizer no dia seguinte ao contato, é muito provável que o resultado seja negativo. Isso porque não tem uma quantidade suficiente de vírus no seu corpo para que o teste consiga detectar”.

5. Por que o autoteste pode dar um falso negativo?

Porque ele pode não ser capaz de detectar o vírus mesmo que ele esteja lá – principalmente se você não tiver sintomas da doença.

“No assintomático, a gente considera que, se a pessoa está contaminada, a carga viral é menor e o risco de um falso negativo para antígeno é maior. Não é o melhor exame para se fazer nessa situação. O ideal em assintomático é sempre o PCR”, alerta Alberto Chebabo.

O infectologista Evaldo Stanislau, diretor da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), orienta que se o teste der negativo e há suspeita de infecção, o indivíduo mantenha o isolamento e repita o exame entre 24 e 48 horas.

6. Qual é o procedimento em outros países? Como as pessoas enviam as informações para o governo?

A depender do país, os kits são disponibilizados para compra e/ou até distribuídos pelos órgãos de saúde do governo.

Nos Estados Unidos, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) autoriza a venda de autotestes em farmácias como parte de uma política de ampla testagem.

Segundo a entidade de saúde americana, esta é uma das muitas medidas de redução de risco adotadas pelo governo, como a vacinação, uso de máscaras e distanciamento social: “Autotestes são uma de diversas opções de exame para Covid-19 e podem ser mais convenientes que testes feitos por laboratórios”.

Os autotestes também são autorizados na Europa, mas o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) afirma que o uso rotineiro precisa ser muito “bem-planejado e cuidadosamente implementado”.

Em um documento direcionado às autoridades de saúde, o órgão afirmou que, antes de implementar os autoexames, é necessário analisar a prevalência da doença (número de casos) e o cenário em que eles serão usados – como, por exemplo, para testar a população geral ou para grupos ou situações específicas.

Um dos pontos de alerta abordados é a chance de uma subnotificação dos casos, já que a informação não chegaria ao governo pelo sistema de saúde: “Transferir a responsabilidade de relatar os resultados dos testes de profissionais de saúde e laboratórios para indivíduos pode levar à subnotificação e tornar medidas como rastreamento de contratos e quarentena ainda mais desafiadoras”.

Já no Reino Unido, os autotestes de Covid são distribuídos pelo sistema público de saúde. Os britânicos podem retirá-los em farmácias ou pedir, pela internet, para entrega pelo correio.

Com o resultado em mãos, a recomendação do governo britânico é que os usuários reportem a infecção pela internet aos órgãos responsáveis. Em outros países, como Austrália e Canadá, também é possível obter os testes gratuitamente com o sistema público de saúde.

7. Qual seria a forma mais segura de descartar os resíduos? Há chance de outra pessoa pegar manuseando o lixo?

Alguns fabricantes de autotestes recomendam que eles sejam jogados em lixo comum.

Para Luiz Gustavo Almeida, o ideal seria descartar em locais indicados para esse material, seja em farmácias ou locais públicos. No entanto, o risco de contaminação a partir do autoteste é muito baixo.

“Eu não conheço nenhum caso [de contaminação]. Procurei na literatura, mas não vi reportado nenhum caso. O autoteste tem pouco material. É o suficiente para detectar, mas vai ficar 15 minutos ali, em soluções e provavelmente a amostra viral vai perder a atividade. É muito difícil alguém se contaminar com esse material. Mas, em todo o caso, o descarte deveria ser tratado como lixo biológico”, explica.

O diretor da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI) concorda e acredita que o descarte não deve ser um limitador para esse tipo de exame.

“O vírus não tem uma capacidade de resistir ao ambiente natural por tanto tempo. Esse tipo de exame usa a secreção respiratória. O próprio calor e ambiente cuidam de ressecar todas as partículas virais e rapidamente irão torná-las isentas de qualquer risco. O ideal é embalar em um saco plástico grosso e identificar como infectante”, diz Stanislau.

8. Existe teste PCR em autoteste?

Não. O teste PCR envolve diversas reações enzimáticas e requer um equipamento mais sofisticado, disponível em grandes laboratórios.

9. Como os autotestes podem ajudar no controle da pandemia, na opinião dos especialistas?

Para os especialistas, o autoteste é relevante quando temos muitos casos positivos em algum local, como está ocorrendo no Brasil.

“Seria um bom indicador, mesmo com limitações [coleta errada, falso negativo]. Serviria como um alerta e seria importante para se ter uma noção, um monitoramento da real situação”, diz Luiz Gustavo Almeida.

“O autoteste é importante porque temos a questão da pessoa sair de casa para testar e enfrentar horas de fila. A pessoa pode chegar sem vírus e sair de lá infectada. O autoteste também traz agilidade. Se a pessoa testa positivo, ela não sai de casa e avisa os familiares. Acredito também que ele será importante no pós-pico da pandemia. Medimos transmissão comunitária através de taxa de internação, novos casos, mortes e percentual de positividade. Testando regularmente a população, teremos dados reais e concretos da transmissão comunitária para definir medidas de controle”, diz Stanislau.

No entanto, na visão de Luiz Gustavo, é necessário ter um sistema para reportar os casos positivos. “Para fim de política pública, se não tiver um sistema de informação, não vai valer de nada fazer o autoteste”, completa.

Para Stanislau, a notificação é importante, mas neste momento de emergência sanitária é preciso testar. “Se ela testar e ver que está positivo, ela não vai sair de casa e vai mapear seus contatos. Uma experiência que temos é que as pessoas acreditam em exames. Se ele der positivo, elas respeitam mais”, diz.

Fonte: G1

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