Bebê que chegou a pesar menos de 400 gramas vai para casa aos cinco meses: “É uma guerreira”, diz mãe

Maria Carolina recebeu alta do Hospital Santa Casa na última quarta-feira.

Uma guerreira, que lutou muito pela vida. É assim que a dona de casa Caroline Bergental do Couto, 33 anos, define sua filha Maria Carolina, hoje prestes a completar cinco meses de vida. Após quatro meses de trajetória em UTI neonatal, a menina que nasceu com 27 semanas de gestação teve alta na última quarta-feira (12), no Hospital Santa Casa de Porto Alegre.

A história de luta começou em março, quando Caroline e o marido Leonardo notaram que o feto, que costumava ser sempre muito agitado na barriga, não estava mais se movimentando. Algumas ecografias depois, foi verificado que não havia mais líquido na placenta e que Maria Carolina não estava se desenvolvendo, de acordo com a semana gestacional. Após aplicações de injeções para formação da bebê, receberam a informação de que a gestação teria de ser interrompida.

— Todos exames mostravam as mesmas imagens. Os médicos falavam que não parecia uma gravidez de 27 semanas, mas sim uma de 21. Ela não recebia mais nutrientes, estava em sofrimento — relembra a mãe.

No dia 16 de março, com 27 semanas de gestação, em uma cesárea de emergência, Maria Carolina nasceu. Pesando 464 gramas e medindo 25 centímetros, foi direto para incubadora, local que reproduz o ambiente do útero materno, para garantir, assim, o desenvolvimento da recém-nascida. Após a recuperação do parto, mesmo sabendo que a situação da filha era grave, Caroline teve um “choque de realidade”, ao olhar Maria:

— Maria não tinha pele. A pele dela era d’água e ninguém podia encostar. As enfermeiras tentavam mexer nela o mínimo possível e quando colocavam o termômetro para medir a febre, em baixo do bracinho, sangrava.

De acordo com a neonatologista do Hospital Santa Casa, além de ser prematura extrema, a bebê sempre teve um peso muito baixo. Maria chegou a pesar 376 gramas, pois, como ocorre normalmente após o nascimento, os bebês costumam perder um pouco de peso após o nascimento.

Além disso, nos primeiros dias de vida, ela teve diversas complicações como parada cardíaca, infecções, problemas oculares, pulmonares e precisou passar por transfusões de sangue, situações decorrentes da prematuridade.

— Ela sempre foi uma verdadeira guerreira e conseguiu vencer cada obstáculo. Graças ao trabalho da equipe multiprofissional e da presença constante dos seus familiares, estamos comemorando esta vitória — completa a médica.

Os irmãos

Além de permanecer durante todo tempo de encubação ao lado de Maria, o casal também tem outros dois filhos. Tales, de 10 anos, e Jorge, de seis, estavam ansiosos pelo nascimento da irmã e, segundo Caroline, foi difícil explicar aos irmãos o que estava acontecendo.

— Eles sabiam que eu estava grávida e que a Maria havia nascido. Queriam visitar, conhecer, mas não podiam. Além dela estar na UTI, tinha a pandemia e as restrições. Eles sentiam minha falta porque, passava dia e noite no hospital — explica a mãe.

Durante toda a trajetória da internação, a família teve o auxílio dos avós para cuidar dos meninos.

A menina recebeu alta sem precisar permanecer utilizando nenhum tipo de medicamento e sem nenhuma sequela, ao contrário do que era esperado. Para a mãe, além de guerreira, Maria é um milagre de Deus.

— Não há explicação, ela é perfeita. Eu só tenho a agradecer a Deus e toda a equipe médica, enfermeiros, técnicos e todos que se envolveram. Se não fosse cada um ali, tentando salvar minha filha, hoje ela não estaria em casa junto com os manos. Eu sou abençoada, escolhida para ser a mãe dela — agradece Caroline.

Fonte: Gaúcha/ZH