Bióloga faz “protesto” poético em razão das queimadas

No último dia 15, a bióloga e técnica agrícola, Joaquina Loris Adolpho, escreveu um poema sobre o que acontece atualmente em relação à natureza.

Novas imagens e relatos do fogo no interior são assustadores
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Em entrevista ao PAT, ela disse que foi em um momento de desespero, de angústia e desolação. “Escrevi o poema um dia antes dessa última terrível queimada que destruiu Vasco Alves, catimbau, Pai Passo e Rincão do 28. É doloroso é de chorar, foi um desabafo , mas tudo é efeito do homem. Chorei muito”- comenta.

A também produtora rural e professora, continuou dizendo que costuma comparar a terra com o corpo humano, precisa de cuidado pra envelhecer com dignidade. Os fenômenos da natureza também se encarregam de envelhecer, tanto a terra quanto o humano.

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” A terra precisa de cuidados contínuos e o homem precisa de alimento. E para produzir o alimento é necessário a interferência humana. Desta forma tem a terra arada sem curva de nível, muitos insumos para combater as pragas que dizimam a lavoura, enfim, é uma cadeia de produção e essa cadeia para alimentação muitas vezes passa pela degradação, extermínio da mata ciliar que é muito importante pra conservar o solo e, assim, as chuvas já não são mais frequente porque não existe mais a mata que ajuda na precipitação pluviométrica.

A falta de chuva é uma consequência dos desmatamento. Sem dúvida. Daí viço e morre. Os rios e as barragens sofrem estiagem e o efeito devastador está aí. Queimadas, perdas imensas, gado morrendo por sede ou queimados. E o agricultor e o pecuarista sofrendo terrivelmente. E a cada ano vai ficar pior. A menos que exista uma conscientização por parte das secretarias de meio ambiente e Emater, pois a terra também morre como os humanos” – complementa.

A seguir o poema que ela postou em sua rede social:

SOS Natureza Alegrete Oh!

Natureza sábia e indefesa

Que te revoltas contra os filhos teus,

Escondeste de nós tua beleza ,

Cobrindo de branco os caminhos meus.

Que fizeste dos verdes pastos

Que cobriam nossa paisagem?

Hoje restam os nossos rastos

Na grama morta pela estiagem .

Tua beleza se escondeu na fumaça,

Que o fogo queima , lambendo o chão ,

Sinto-me herdeira dessa desgraça ,

Que traz angústia e desolação.

No horizonte, vejo miragens!

Pois teu verde trocou de cor,

Tuas águas sumiram das barragens,

E o sol, a cada dia, tem mais calor!

Sinto na pele o sol que arde,

Dizimando o gado e a plantação

Em minh’alma a dor que invade ,

Sem poder fazer nada por este chão .

Oh, DEUS! Criador da vida

Estende tua mão à humanidade!

Devolva_nos a vegetação colorida

E aos PRODUTORES RURAIS a dignidade !

Joaquina Loris Adolpho _ Bióloga e Tec.Agrícola.

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