Buzina, ronco de motores e muita comoção no adeus a Rene Pires dos Santos

O adeus sobre rodas. Na manhã deste domingo(28), a família motociclista prestou a última homenagem a Rene Pires dos Santos,  conhecido como Sorriso ou Xiru. O alegretense de 58 anos estava internado na UTI Covid da Santa Casa de Alegrete. Rene foi a terceira vítima da família em poucos dias a perder a batalha contra o vírus.  O pai e um irmão também morreram em decorrência da Covid-19.

 

Além da linda homenagem de alguns dos grupos de motociclistas de Alegrete, o síndico do Edifício Araçá, na Avenida Dr. Lauro, Cícero Roberto Peres Pereira, também enviou uma mensagem em que descreveu a dor pela perda do amigo e prestador de serviço, conhecido como Xiru. Cícero acrescentou que muito mais do que um excelente profissional, o alegretense também era uma pessoa de muita confiança e que sempre desenvolveu suas atividades de forma inigualável. “Todos perdemos muito ” – completou.

O cortejo

Durante o cortejo até o Cemitério Municipal de Alegrete, alguns grupos como: Moto Grupo Os Veteranos, Irmandade dos Selvagens – Cães de Guerra, Motogrupo Bicho Véio, Moto Bando, Campanas – moto Estradeiros e Bodes do Asfalto – moto Clube, Rolezeiros, prestaram homenagem ao parceiro, amigo e companheiro apaixonado pela estrada e pelo motociclismo.

A saída foi da Santa Casa, onde os motociclistas acompanharam a Van da Funerária Angelus e, próximo ao Cemitério passaram à frente do carro funerário onde fizeram um corredor na rua lateral. Com buzinas e o alto giro dos motores eles permaneceram por alguns minutos depois da entrada da Van. Todos muito emocionados,  não conseguiam esconder a dor da partida de mais um amigo.

Em sua página no Facebook, o advogado e motociclista Luiz Henrique Vargas, deixou uma linda mensagem:

“É, meu amigão, os dias não têm sido fáceis, lutaste a batalha como um bom guerreiro, mas os desígnios de Deus, não sabemos ao certo.
Porém, sei que agora custo a entender e aceitar, assim como parece que essa dor será incurável.
Tenho a certeza que nossa amizade nunca será esquecida, será lembrada, pela chuva, pelo vento, pelo frio, pelo calor das estradas, pelas lindas paisagens, pelos lindos momentos que tivemos ao longo dos vários caminhos que percorremos lado a lado, ou seja de encontro a encontro, de passeio a passeio de rolê a rolê.
Tua falta será sentida em todos os momentos em que subirmos em nossas motos, ao cruzar nas ruas, será notada a tua ausência todas vez que passava por mim e sempre com esse sorriso, sempre de bem com a vida, me cumprimentava.
São tantas as palavras…a serem ditas….
Meu amigão, segura na mão de Deus e Vai, tenho certeza que será bem recebido…Pois vc apenas mudou de lado…Fica um grande vazio em nosso peito.
Um dia, nos encontramos novamente, descansa em paz…Meus sentimos a toda família e amigos…

DESEJO IMENSURÁVEL PELA VACINA, PARA QUE A VIDA VOLTE AO NOVO NORMAL, COM MAIS HUMANIDADE!!

EPIDEMIA NO ANO DE 1.800 .
OLHEM QUE BELEZA DE POEMA ESCRITO HÁ 2 SÉCULOS …

Quando a tempestade passar
E se amassem os caminhos
e sejamos sobreviventes
de um naufrágio coletivo.
Com o coração choroso
e o destino abençoado
Nós nos sentiremos felizes
Só por estar vivo.

E nós daremos um abraço
ao primeiro desconhecido
e louvaremos a sorte
de manter um amigo.

E aí nós vamos lembrar
tudo o que perdemos
e de uma vez aprenderemos
tudo o que não aprendemos.

Não teremos mais inveja
pois todos terão sofrido.
Não teremos mais desídia.
Seremos mais compassivos.

Valerá mais o que é de todos.
Que o jamais conseguido
Seremos mais generosos.
E muito mais comprometidos

Vamos entender o quão frágil
o que significa estar vivo
Sentiremos empatia
por quem está e quem se foi.

Sentiremos falta do velho
que pedia uma esmola no mercado,
que você não sabia o nome dele
e sempre esteve ao seu lado.

E talvez o velho pobre
Era Deus disfarçado.
Você nunca perguntou o nome
Porque você estava com pressa.

E tudo será um milagre
E tudo será um legado
E a vida será respeitada,
a vida que ganhamos.

Quando a tempestade passar
Eu te peço Deus, desculpe.
que nos tornes melhores,
como você sonhava com a gente.

(K. O ‘ Meara – Poema escrito durante a epidemia de peste em 1800)

 

Flaviane Antolini Favero