Com a pandemia, setor de entretenimento congela e já registra o pior ano de todos os tempos

Com os campeonatos de futebol suspensos, shows e espetáculos adiados, feiras de negócios canceladas, o ramo do entretenimento em Alegrete como no restante do País congelou.

A recomendação de distanciamento social para combater a disseminação do novo coronavírus, castigou em cheio o setor de eventos, que tem enfrentado estagnação, que já acena como o pior ano da década.

Empreendedores do setor dizem que ainda não conseguem estimar o prejuízo causado pela crise, mas já consideram o primeiro semestre morto.

O Portal Alegrete Tudo conversou com alguns empresários do ramo que são unânimes em afirmar que o impacto da crise é bem maior e pode até gerar falências.

Para Fagner Pissinin, da Diversitá Eventos, a parada completa 120 dias. Nesses quatro meses, a empresa está totalmente sem receita desde as primeiras medidas de controle da pandemia na cidade.

A Diversitá conta com quatro colaboradores diretos e em torno de 40 parceiros indiretos. O empresário conta que os colaboradores estão perdendo o interesse e migrando para outras áreas de serviços para poder sobreviver.

“A empresa está dependendo de negociações bancárias para seguir em parte cumprindo com seus compromissos financeiros”, revela Pissinin.

Ele confessou que está muito assustado e incomodado com os desdobramentos adotados pelo Poder Público, pois por diversas vezes presenciou a cidade com fluxos de mais de 100 a 200 pessoas em alguns ambientes.

Embora o setor de entretenimento não possa voltar à normalidade tão cedo, ele pondera que o segmento será massacrado até que haja a vacina para o vírus.

Sonorizadores, artistas, decoradores, fornecedores de buffet, fotógrafos e profissionais de filmagens incrementam a economia do setor, onde centenas de pessoas ganham uma renda que ajuda no sustento familiar. Também, empresas de segurança e garçons, empresas locadoras de suprimentos e brinquedos infláveis dependem de eventos de grande porte da cidade para vender lanches, cuidar carros e dezenas de outros pequenos negócios. Todos estão sendo afetados de alguma forma com a pandemia do novo coronavírus na cidade.

“Em momento algum cobro que este setor tenha privilégios em relação a outros setores e pessoas atingidas pela pandemia, porém, representamos uma grande fatia de trabalhadores que estão jogados a própria sorte”, resigna-se Fagner Pssinin.

O empreendedor torce pela sensibilidade dos governantes das esferas municipal e estadual para flexibilizar o setor até o início de setembro. “Se falarmos de prejuízos posso garantir que muitos ultrapassarão a casa dos 50,  100, 120 mil reais, isso falando em 4 meses, sem contar  os meses que possam vir além desses. Não esqueçamos que assim como a Diversità Eventos, muitas outras, estão com empréstimos bancários em débito ou em renegociação, dívidas com parceiros na cidade que afetam não somente nossas empresas, mas a economia geral”, alerta Pissinin.

Ele pede o bom senso e alerta às autoridades da prefeitura e da Câmara para organizar políticas para o setor. “Não esqueçam que no ramo de eventos de Alegrete temos direta ou indiretamente mais de 2.000 mil cidadãos que anseiam respostas e que somente devem ser dadas por estes governantes”, destaca.

Para Rodrigo Duarte Gonçalves, 44 anos, desde 1991 animando festas como DJ, a situação é considerada dramática.  Ele conta que o financiamento já foi e só ficaram os juros. Gonçalves acredita ser muito difícil o retorno antes de se concretizar a vacina.

Com muita fé, o trabalhador autônomo conta que nestes meses parado precisou consultar com um médico para controlar a ansiedade.

“Sorte minha que o ônibus consegui pagá-lo até dezembro”, suspira o DJ que também gerencia uma empresa de brinquedos infláveis. Ele conta que para esquecer um pouco dos prejuízos, resolveu fazer lives. Se diverte e ajuda outras pessoas. “Comida a gente da um jeito daqui e dali, já as contas não tenho feito pagamentos”, revela o empreendedor.

Como atua só na área de entretenimento, o DJ possui uma empresa de sonorização e de brinquedos infláveis e diz que esse ano está perdido: “Fomos os primeiros a parar. Com eventos cancelados, tive que devolver valores e estornar cartões”, conta o empresário que acredita que o mais importante é ter saúde e força de vontade para correr atrás.

Outro trabalhador autônomo que viu sua renda despencar com a paralisação de festas foi o Dj Allan. No dia 28 de março, ele sonorizou a última festa. Desde lá, acumula prejuízos na agenda que estava praticamente cheia para o semestre.

“Espero que possamos retornar lentamente às atividades a partir de outubro. Cumprindo várias restrições com os cuidados de prevenção com a saúde”, pondera Allan Stefano Eltz Silveira que em 2021 completa três décadas como profissional.

Outra empresária bastante afetada pela pandemia é a alegretense Vilma Petry, proprietária de uma casa de entretenimento infantil que parou no dia 15 de março.

Sem receita há mais de 120 dias, o trabalho em uma papelaria personalizada e outras atividades supriram os gastos com a alimentação e a casa, mas as contas da empresa estão no vermelho.

“Sabemos que por se tratar de uma atividade que envolve aglomerações e principalmente crianças temos a consciência que será o último setor a retornar as atividades. Os prejuízos dificilmente serão recuperados, mas somos otimistas em pensar que assim que a população for vacinada poderemos, enfim, ter muitos motivos para comemorar. E poderemos seguir nosso trabalho e missão de alegrar e criar memórias felizes nas crianças”, pondera a empresária.

 

Entre cancelamentos, suspensões e adiamentos, o setor de eventos está praticamente parado. Com agendas riscadas, empresários alternam entre minimização do prejuízo nos próximos meses e esperança de retomada no segundo semestre.

É o caso do empresário Fabrício Camargo, com um show nacional adiado em Alegrete. Ele aguarda remarcação com os produtores e ainda não contabilizou o prejuízo com a casa noturna fechada há mais de 120 dias.

Júlio Cesar Santos                                                                  Fotos: reprodução