Cronista, escritor e engajado em pesquisa contra o câncer: quem foi David Coimbra, que morreu aos 60 anos

Comunicador estava internado desde domingo (22) no Hospital Moinhos de Vento para tratar um câncer no rim descoberto em 2013. Em 2018, ele relatou em livro experiência no tratamento da doença em Boston.

Um dos jornalistas mais celebrados no Rio Grande do Sul, David Coimbra era conhecido por suas crônicas e colunas com bom-humor, sensibilidade e muitas polêmicas. Na última década, entretanto, se tornou um exemplo na luta contra o câncer, doença que enfrentava desde 2013 e que causou sua morte, nesta sexta-feira (27), em Porto Alegre.

Aos 60 anos, ele estava internado desde domingo (22) no Hospital Moinhos de Vento para tratamento. David deixa a esposa, Márcia, e o filho, Bernardo, de 13 anos.

“Um grande colega, um profissional único. Vai deixar uma lacuna muito grande. Insubstituível”, resume o CEO do Grupo RBS, Cláudio Toigo.

Referência no jornalismo

Nascido na Capital, em 1962, David costumava reviver a infância no bairro operário do IAPI em suas colunas no jornal Zero Hora. Além de colunista, foi repórter, editor, escritor e radialista. Nos últimos anos, apresentava o programa Timeline e integrava a equipe do Sala de Redação, na Rádio Gaúcha.

Ele se formou pela PUC-RS, nos anos 1980, e foi assessor e editor da Editora Sulina, em Porto Alegre. Passou pelas redações dos jornais Diário Catarinense e Correio do Povo, entre outros. Na RBS TV, foi integrante do extinto programa Café TV COM, com Tânia Carvalho, José Antônio Pinheiro Machado e Tatata Pimentel.

Escreveu livros como “Canibais – Paixão e morte na Rua do Arvoredo” (2004) e “Jô na estrada” (2010), além dos ensaios históricos “Jogo de damas” (2007) e “Uma história do mundo” (2012), a “História dos Grenais”, e as coletâneas de crônicas “Mulheres!” (2005) e “Um trem para a Suíça” (2011), entre outros.

“A história é tua enquanto tu estás escrevendo. Depois que tu escreve, ela saiu de ti. Ela é do leitor, do telespectador, do roteirista, do ator. Ela não é mais tua”, escreveu.

A leveza e o bom-humor eram traços inconfundíveis em sua prosa. O texto era direto, e com críticas que se tornavam alvo de polêmicas algumas vezes, especialmente no futebol.

Foi neste campo que ele ficou mais conhecido. Nos anos 1990, assumiu a editoria de Esportes e liderou uma mudança de forma e conteúdo. Ele acreditava que, tão relevante como o resultado eram as histórias que o futebol proporcionava.

Luta contra a doença

Desde 2013, porém, o jornalista transitava entre Boston, nos Estados Unidos, e o Brasil, para realizar tratamento experimental contra a doença. O câncer renal foi tema do último livro de David Coimbra, “Hoje eu venci o câncer”, lançado em 2018, no qual o jornalista relata como descobriu e quais métodos o ajudaram no tratamento. No ano seguinte, foi agraciado com o Prêmio Açorianos.

“Estou gostando de escrever daqui, de falar para a Rádio Gaúcha. Tá tudo certo, estou bem”, comentou, ao retomar o posto à frente dos microfones.

Após o retorno da doença, David escreveu uma coluna para Zero Hora, intitulada “Quando quis morrer”, na qual comentava o medo do câncer, as dores e a gratidão pelos que o acompanhavam.

“Vamos em frente de cabeça erguida. Com um leve tremor ao pensar no futuro. Mas o futuro não é coisa para se pensar. O que existe é o presente e, se o presente pode ser sorvido integralmente, a vida passa a ser boa. E ela é. A vida é boa”, escreveu.

Fonte: G1

Se inscrever
Notificar de
guest

0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários