Dedicação no esporte e afinco nos estudos transformaram a vida dessa jovem alegretense

A alegretense Martina Rodrigues aos 20 anos já conheceu inúmeros países e cidades do Brasil. Jogadora de padel desde os 6 anos, a guria conciliou esportes e estudos e hoje cursa um dos mais cobiçados cursos da Unipampa.

Filha do casal Helenize Teresinha Goulart Côrrea e José Amadeu Ribeiro Rodrigues, Martina deu as primeiras raquetadas aos seis anos. Ela conta que praticamente nasceu na quadra, não foi por acaso que a famosa Tia Vera, um dos ícones do padel gaúcho, foi uma das primeiras a pegar ela no colo.

Muito incentivada pelos pais, Martina conciliou estudos e esportes desde pequenina. “Esses dois lados se fizeram muito fortes na minha vida, pois, como o padel antes era apenas uma forma de lazer, se eu não estudasse, não poderia jogar”, conta.

 

Mas com 10 anos ela já treinava forte nas quadras e exibia um talento que foi lapidado pela professora Vera Palma e treinado pelo professor Thiago Freitas. Dos 11 aos 18 anos foi jogadora da seleção brasileira dessa faixa de idade. De lá para cá, jã são 14 anos praticando padel.

Entre 2011 e 2017, além dos títulos internacionais com a seleção de menores, também arrematou títulos em campeonatos brasileiros, estaduais e municipais.

Em 2017, com 17 anos, ingressou no curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Pampa, no campus de Alegrete e está atualmente no sétimo semestre.

Dentro da universidade ela teve um contato maior com a eletrônica, pegando gosto pela área. Bolsista do professor Paulo Aguirre no grupo de pesquisa GAMA, ela integra o projeto de Conversores Analógico-Digitais de Baixa Tensão para a Faixa de Áudio.

A entrevista pelo aplicativo Wattasapp faz Martina relembrar cada passo dado dentro das quadras, vitórias, derrotas e também um outro lado da guria que há um ano e meio virou professora de padel. Quer ensinar tudo que aprendeu. Confira os principais trechos da entrevista concedida para o Portal Alegrete Tudo:

Portal: Como o padel entrou na tua vida ?

O padel entrou na minha vida através dos meus pais, que além de padelistas já estavam imergidos no esporte desde cedo, pois praticavam vôlei no Colégio Oswaldo Aranha e foram alunos da Tia Vera.

Portal: Passaste por todas etapas de aprendizado no esporte. O que tu julgas mais necessário para um atleta chegar à seleção brasileira como tu chegou ?

Dedicação, força de vontade, motivação, incentivo familiar. Creio que esforço e trabalho é a chave para o sucesso em qualquer profissão.

Portal: Conseguiste conciliar bem o padel com os estudos. Teu crescimento profissional veio com o amadurecimento a cada etapa da tua vida. Qual a grande lição de tudo isto ?

Claro, creio que o esporte ajudou muito nisso, desde cedo fui muito incentivada pelos meus pais no esporte, mas ao mesmo tempo, eles sempre deixaram claro que o estudo abria muitas portas, precisava estudar para seguir jogando, sempre foi um privilégio. Então, creio que a independência, concentração e dedicação que o esporte me ensinou, foi a chave para me tornar a pessoa que sou hoje, tanto no meio acadêmico como no esportivo também.

Portal: Se tivesse que resumir a tua melhor vitória em quadra qual seria ?

Creio que a melhor vitória é o crescimento em todas as partidas, é o respeito pelo adversário, saber que não é o ganhar e o perder e sim a evolução durante cada jogo.

Portal: Com o padel tu conheceu o mundo. Que esporte é esse que fascina muita gente ?

Fato. O padel é um esporte fenomenal, creio que essa febre, principalmente aqui na Fronteira vem muito dos nossos países vizinhos. Além disso, é um esporte muito fácil de se jogar, precisa poucos companheiros, diferente do futebol, por exemplo. Além disso, abrange todas as idades, então famílias e amigos podem se divertir.

Portal: Na Unipampa tu és acadêmica do curso de Engenharia Elétrica, um dos mais conceituados do país. De que forma tu achas que pode contribuir com a cidade com essa especialização ?

Ótima pergunta!! Eu pretendo trabalhar na área de eletrônica, muito pouco desenvolvida aqui na nossa cidade. Mas temos vários pontos que podem ser desenvolvidos. Então, aqui na cidade as empresas de engenharia elétrica estão mais voltadas para eficiência Energética, a maioria delas. Então, por exemplo, a cidade não tem industria nenhuma de desenvolvimento de produtos eletrônicos. Então, por enquanto, pretendo criar um pouco mais de experiência fora da cidade antes de abrir alguma startap tecnológica nessa área. Um grande problema que a cidade enfrenta hoje é: nada é produzido aqui, chuveiro ou lâmpadas LED, por exemplo, o que geraria bastante imposto para a cidade e consequentemente mais desenvolvimento. Acredito que os alunos gerarão resultado a longo prazo. O meu objetivo no momento é me tornar professora, mas também é importante colocar Alegrete na área de tecnologia eletrônica, seja fornecendo mão de obra qualificada para o país e exterior ou fornecendo tecnologia.

Portal: Em que fase do curso você está integrada atualmente?

Atualmente estou no Grupo de Arquitetura de Computadores e Microeletronica (GAMA), onde, através da orientação do Dr. Paulo Aguirre trabalho com iniciação científica no Projeto de Conversores Analógico-Digitais de Baixa Tensão para a Faixa de Áudio.

Portal: Aprendeu tanto no padel que virou professora. Que história é essa ?

Sim. Tenho paixão por ensinar e nada melhor que começar no lugar que me ensinou tanto. Tia Vera e Thiago agora além dos treinos, me auxiliam como professora.

Portal: Como está tua rotina em meio à pandemia do novo coronavírus ?

Atualmente dou aula dois dias na semana. Para conciliar com os estudos e treinos, tem sido muito interessante e importante pra mim, pois consigo ter outros olhos, não só de atleta, nesse esporte, o que tem me auxiliado muito dentro da quadra também. Como a Unipampa ainda não começou com o ensino remoto, estou trabalhando apenas no projeto de pesquisa com reuniões semanais, estudos de artigo e simulações. Faço também alguns cursos online. Com o padel, segue “normal” seguindo todo o protocolo de higienização. Treino duas vezes na semana, físico 3 vezes e dou aula mais 2 vezes na semana. Então no padel, segue tudo bem corrido como sempre. (risos).

Portal: Aos 20 anos, qual a mensagem que tu deixas para os jovens que praticam esportes e almejam o ingresso em uma universidade ?

Com objetivo de competir é importante saber lidar com as escolhas que terá de fazer ao longo da adolescência, algumas festinhas a menos, alimentação e treinos podem deixar a rotina um pouco mais cansativa, mas no fim, o amadurecimento e crescimento pessoal que isso nos fornece vale cada segundo dedicado.

E é muito importante fazermos uma atividade que nos ajude na nossa saúde física e mental. Não adianta só querer estudar, também.

Júlio Cesar Santos                              Fotos: acervo pessoal