Defesas de policiais envolvidos em abordagem a jovem morto em São Gabriel falam em inocência e fatalidade

Soldados Cleber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso e sargento Arleu Junior Cardoso Jacobsen estão presos preventivamente em inquérito militar. Investigação civil fez novo pedido de prisão. Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, foi encontrado morto após ficar uma semana desaparecido.

As defesas dos três policiais presos por suspeita de envolvimento no desaparecimento de Gabriel Marques Cavalheiro, encontrado morto em São Gabriel, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, se manifestaram sobre o caso nesta segunda-feira (22). O jovem ficou uma semana desaparecido, após ter sido alvo de uma ação policial no município.

A advogada Vania Barreto, que representa os soldados Cleber Renato Ramos de Lima Raul Veras Pedroso, fala que o ocorrido foi uma “fatalidade”. Segundo a representante, os policiais não relataram agressão contra Gabriel e teriam ficado surpresos com a notícia do desaparecimento.

“São excelentes profissionais, não há nada na vida pregressa deles, nos antecedentes, que desabone a conduta deles. Isso é um caso totalmente isolado e foi uma fatalidade o que aconteceu”, afirma.

Já a defesa do sargento Arleu Junior Cardoso Jacobsen alega que o policial é inocente. Os advogados Ivandro Bitencourt Feijó e Mauricio Adami Custódio ainda manifestam “total indignação de sua família por ocorrer, antes de tudo e de forma sumária o julgamento de antecipação de culpa em detrimento da cautela que deve existir nos procedimentos penais desta natureza”.

Os advogados ainda questionam a linha de investigação da Polícia Civil, que trabalha com a hipótese de homicídio contra Gabriel.

Os três estão presos preventivamente desde sexta-feira (19) após decisão da Justiça Militar. Os policiais foram transferidos para Porto Alegre, onde aguardam as investigações.

Nesta segunda-feira (22), o Tribunal de Justiça Militar do Rio Grande do Sul (TJM-RS), por decisão do desembargador militar Fernando Lemos, manteve a prisão dos brigadianos envolvidos no caso. Um pedido de soltura havia sido feito pelas defesas dos policiais.

No inquérito civil, um novo pedido de prisão preventiva foi feito contra os militares. Segundo a polícia, há indícios de um potencial homicídio duplamente qualificado.

Relembre o caso

Na noite de 12 de agosto, uma sexta-feira, Gabriel estava na casa do tio, Antônio. Segundo a advogada da família, Rejane Igisk Lopes, o tio foi dormir e só foi perceber a ausência do sobrinho no dia seguinte.

“Foi chamar umas 10h, 11h. Achou que ele poderia ter ido pra casa de um parente próximo. A família começou a procurar e não o achou. Na metade da tarde de sábado, ligaram para os pais dele, em Guaíba, e eles se deslocaram. Foram até a Polícia Civil fazer o registro e, desde então, começou-se a busca incessante”, diz Rejane.

A principal testemunha e autora do vídeo que mostra Gabriel pela última vez é a vizinha Paula Beatriz Lima da Silva. Ela depôs à polícia e disse que estava em casa com a filha e uma afilhada quando, na noite de sexta, Gabriel parou junto ao portão da casa onde ela vive e começou a gritar pelo nome “Paula”. Como não conhecia ele e já estava tarde, decidiu ligar para a BM.

“Vi um movimento muito grande dos cachorros. Ele tava forçando o portão, tentando entrar. Me assustei, não reconheci o rapaz. Vi que não era da vila, não era da cidade, acionei a Brigada”, contou à RBS TV.

Imagens de câmeras de segurança mostram a viatura da BM chegando ao local. Paula Beatriz conta que Gabriel foi abordado por três policiais, imobilizado e algemado. 

“Ele foi abordado, com ele nada de irregular foi encontrado, e ele foi liberado”, diz Aníbal Silveira, major da BM.

Em depoimento, os policiais envolvidos na ação confirmaram que levaram o jovem até a localidade de Lava Pés, distante 6 km de onde Gabriel foi abordado.

Fonte: G1

Se inscrever
Notificar de
guest

0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários