José Fábio, Diretor Técnico da UPA e UTI Covid, alerta: o sistema de saúde chegou à exaustão

Em mais um dia de perdas e de um Boletim epidemiológico que apontou 133 novos casos positivos, destes 15 estão na UTI Covid, no total de 48 pacientes positivos, hospitalizados, entre UPA, UTI e Hospital de Campanha, a reportagem do PAT conversou, por telefone com médico Dr José Fábio Pereira, diretor técnico da UPA e também responsável pela UTI Covid.

 

Questionado sobre a gravidade do momento, um cenário que não é apenas em Alegrete, está em todo Estado, como os demais veículos de comunicação vêm mostrando nos últimos dias, com emergências lotadas, com adaptações para UTI depois de não ter mais onde colocar pacientes graves, como exemplo do Hospital Nossa Senhora Conceição que, com 40 pacientes entubados e 23 recebendo oxigênio por máscara, esgotou a capacidade de atendimento e fechou as portas no último dia 10.

Março é o mês mais letal da Covid no Rio Grande do Sul. Com apenas 12 dias, março já é o mês com mais mortes por Covid-19 no Estado: 2.162. Ele supera dezembro de 2020, que, em 31 dias, registrou 2.059 vítimas do coronavírus. Em Alegrete, o momento não é muito diferente. Em 12 dias, foram 25 óbitos, um número muito expressivo e assustador.

 

Dr José Fábio disse que não tem como minimizar a situação, tá muito grave mesmo. “Nós estamos perdendo quase que todos pacientes por causa do vírus, a situação tá muito alarmante. Não é só aqui em Alegrete, é em todo País. A gente tá agilizando para da melhor forma possível atender a população e de uma maneira que não seja tão precária. Nós conseguimos aumentar alguns leitos no Hospital de Campanha pra receber mais pacientes e a UPA ficou numa situação controlada. Porém, existem muitas pessoas doentes pelo vírus, com comprometimento pulmonar importante, precisando de oxigênio”- descreveu.

O médico também citou que a Prefeitura se disponibilizou a levar oxigênio para ajudar da melhor forma possível, mesmo assim, quanto mais pessoas ficarem doentes, isso acaba, óbvio, sobrecarregando o hospital. E o mais importante, é preciso que as pessoas se conscientizem, que o melhor tratamento é a prevenção. Cuidar a lavagem de mãos, usar álcool em gel, a máscara, não se aglomerar em casa, porque realmente essa cepa nova, principalmente, que chegou agora, tá muito diferente do início do ano passado ou da metade do ano onde houve alguns momentos de crise.

 

“Mesmo assim, nunca chegou a esse ponto. Nós estamos com quinze pacientes internados na nossa UTI, a nossa unidade era pra dez pacientes, então, tem 50% a mais do que deveria ter. Conseguimos uma liberação do Estado, pra que se aumentasse o número de leitos, mesmo assim, não está sendo suficiente. Aí, o que eu queria mesmo passar é que eu acho que no momento a população tem que se dar conta de que tem que parar. Não totalmente, acho que os empregos devem ser mantidos, eu acho que deve funcionar, mas que se tenha os cuidados sanitários. E, que não saia de casa desnecessariamente, mantenha todos os cuidados. Não deixando de citar os mais jovens, que registrou uma grande demanda nesses últimos dias. Doentes muito jovens com óbitos. Com algumas comorbidades, óbvio, mas são jovens que teriam muito tempo pela frente ainda” – concluiu.

Flaviane Antolini Favero