José Manganeli, autêntico gaúcho da estirpe sulina, “galopeou” a Covid para outras paragens

A cada conquista na vida, a gratidão. São inúmeros momentos na existência que as pessoas podem passar por verdadeiras provações. Neste momento de pandemia, incertezas, muitas perdas e dores, a recuperação de um paciente Covid-19 que passou pela intubação por vários dias(11), e teve o comprometimento dos pulmões de forma tão severa(95%), que a sobrevivência foi uma questão de milagre, fé e crença, a gratidão resume a essência de todos os sentimentos.

Em mais um relato muito positivo e importante, a reportagem do PAT vai descrever a luta e a vitória de mais um alegretense que venceu a Covid-19.

As filhas de José Manganeli, ex- patrão do CTG Vaqueano da Fronteira,  muito emocionadas descreveram o que representou o período entre o diagnóstico e a alta hospitalar que aconteceu nesta manhã de quinta-feira(8). Um corredor com profissionais da saúde, funcionários e familiares foi formado para consagrar a saída do guerreiro. No total,  foram 35 dias entre o primeiro sintoma e esse dia que foi o mais esperado.

 

O relato das filhas que deixam o agradecimento a muitos, pois foram vários envolvidos direta e indiretamente.  Pois além do hospital elas contaram com o apoio de familiares e amigos.

 

O começo

Elas ressaltam que no dia 7 de março( segunda feira) após uma noite mal dormida, o pai acordou com sintomas de uma gripe muito forte, dor de cabeça e uma tosse seca.

À tardinha, a filha caçula Nadia, preocupada, o levou no gripário. Após a consulta retornou pra casa com a medicação e ficou sozinho em isolamento. Na terça, dia 8 de março, fez exame do cotonete que confirmou o resultado positivo para Covid-19. Até então, sinais de gripe, um pouco de tosse, cansaço, dor no corpo.
Na quarta feira, dia 9 de março, a filha Nadia, também, com os mesmos sintomas, realizou o teste, positivou e veio para a casa do pai. Os dois decidiram cumprir o isolamento juntos. De certa forma, mais tranquilo para família, saber que ele teria companhia.
Dias se passaram e nada dele melhorar e os remédios do tratamento acabaram.

Novamente foram ao médico, desta vez na UPA, onde José realizou uma tomografia e o médico constatou que havia um certo comprometimento dos pulmões, mas que seria possível tratar em casa, iniciando assim, um segundo tratamento.

 

A filha Nádia, conversando sobre o ocorrido com uma amiga, Gisiane, que é técnica em enfermagem, foi orientada a ter em casa um oxímetro( aparelho que mede a saturação) e que não poderia baixar de 90%. Naquele mesmo dia , a filha tentou comprar, mas em duas farmácias não havia disponível. Passado mais dois dias, ele manteve muita tosse, neste intervalo de tempo teve alguns picos de febre, mas como estava medicado achava que seria normal.

Foi então, que no dia 15 de março, José passou o dia mais deitado, sonolento e a filha conseguiu comprar o oxímetro. Porém ao verificar, percebeu que estava oscilando muito, parando em 79%.

A filha chamou o irmão Gerson e acharam melhor levá-lo na UPA.

No trajeto, já imaginando que seria preciso o pai ficar internado, os filhos conversaram muito com ele, destacando que era necessário, mas que logo estaria em casa novamente e curado.

 

A internação

Depois da consulta, José ficou fazendo medicação e oxigênio.

“Pra pra mim muito doloroso ter que deixar ele ali sozinho, pedi para me despedir e fui embora, com o coração na mão.” – disse a filha.

Ele ficou na UPA até as 5h 40min do dia 16 de março, quando foi transferido para hospital de campanha.
A família recebia notícias através de uma ligação por dia. Foi então que o médico liberou para uma visita na manhã do dia 17.

Nadia ficou um tempo com ele, estava com máscara de oxigênio, mas até então, as notícias eram boas. No hospital de campanha era o Dr Dion Lenon.

Mas naquela  noite,  ele foi submetido a VNI (ventilação não invasiva).

Na madrugada do dia 18 foi realizada outra tomografia e, durante a manhã, os filhos foram surpreendidos por uma ligação, onde Dr José Fabio, médico responsável da UTI Covid, disse que o estado de saúde dele havia se agravado muito e teve de ser entubado. Estava com 95% de comprometimento nos pulmões.

Dias se passaram, neste período de 11 dias foi pronado 2x, teve convulsão, arrancou 2 vezes o tubo e 2 tentativas sem sucesso de extubar. Foram intensificada as fisioterapias na tentativa de melhora.

Dia 28 de março a noite foi transferido para UTI adulto, onde fui autorizada a visita, conta.

“Foi muito emocionante ver ele vivo, e sentir o poder das orações, pois ele foi um milagre. Muito emotivo fazia sinais com a mão e cabeça para se comunicar. No outro dia, retiraram o tubo. Dias 29,30 e 31 recebia uma visita por dia, quinze minutos e também um familiar recebia notícias pela equipe da UTI” fala a filha.

Enquanto estava na UTI Adulta, José também precisou fazer transfusão de sangue, pois teve sangramento de estômago.

A alta da UTI

No dia 1° de abril, José foi transferido para o quarto, onde realizou mais exames e tomografia.

“Se recuperando a cada dia, muitos foram os que estiveram lhe acompanhando, além do Dr Dion Lenon, a Dra Simone pneumologista passou a acompanhá-lo e um outro tratamento com antibióticos e corticóide.

Sessões de fisioterapia com as Fisioterapeutas Ingrid e Cad.
Precisou de outra transfusão no quarto e mais medicações. Um dia após o outro, uma recuperação surpreendente.
Familiares e amigos em correntes de orações.” disse a filha.

Os filhos recebiam inúmeras ligações e mensagens de fé e esperança, que tudo iria passar.

Dr Glênio Bolsson, médico e amigo da família sempre presente dando palavras de apoio e esperança. Dra Daniela Manganeli, sobrinha que é médica, que através de ligações e mensagens também os apoiava de Santa Catarina. Além das enfermeiras da família, sobrinha Eliane Fogliato, enfermeira chefe do hospital São Francisco de Assis e a querida neta Fernanda Petrocelli ( neta emprestada) que é enfermeira no hospital de campanha e sempre esteve presente. Ele era o vô, e a equipe inteira o conhecia por vô da Fernanda e também o chamavam assim – comenta Nadia.

Os filhos acrescentam que as chamadas de vídeo de familiares e amigos também ajudaram na recuperação.

” É muito difícil ter um familiar nesta situação, e nós éramos em cinco membros infectados, pois além de nós, minha irmã Mirian e meu cunhado Ramão também estavam enfrentando o vírus em Caxias do Sul, e minha filha Rafaela aqui. Foram momentos angustiantes, de medo, de incertezas. Mas tivemos fé, eu e meus irmãos, tios e tias, amigos buscamos em Deus a cura para todos. Rezávamos para que o pai sobrevivesse, e que toda a família ficasse bem.”

Gratidão e alta

Em nome da minha família, quero agradecer primeiramente a Deus, nosso criador, que nos manteve firmes na fé. Agradecemos imensamente a toda linha de frente, do atendente, técnicos, enfermeiros, médicos… em especial ao Dr. Glênio Bolson, Dr. José Fábio, Dr. John Lenon, Dr. Sandro, Dra. Simone, Dr. Ingrid, Dr. Cadi, que foram incansáveis e não desistiram! A sobrinha Dr. Daniela Manganeli que mesmo a distância também nos orientava. A neta Fernanda Petroceli , técnica em enfermagem que lia nossas cartinhas e transmitia nossas orações e carinho a ele enquanto na UTI. Agradecemos também aos amigos que de pronto foram até o hemocentro doar sangue. Estamos em um momento nunca vivido antes. Precisamos ter empatia, nos cuidar e cuidar dos outros. Nossa família pode ver de perto o empenho de cada um para oferecer o seu melhor, num único objetivo, Salvar vidas!
A nossa eterna gratidão a esses verdadeiros heróis!
E ao nosso pai, que hoje está saindo vitorioso, queremos dizer que você Venceu o Covid. Tua fé e perseverança nos enche de alegria e felicidade!
Agradecemos imensamente a todos os médicos, enfermeiras, fisioterapeutas, atendentes, por todo carinho e atenção com nosso pai José Manganeli. Em nome dos filhos Gerson, Mirian, Gláucia, Nádia, nora, genros e netos.” – concluíram.