Larré, o professor de educação física e treinador que marcou época no futebol alegretense

“Não é meu forte, tudo o que fiz, foi por amor à profissão e aos alunos. Estou em Porto Alegre, mas em breve após essa pandemia estarei por aí”. Essas foram as primeiras palavras do alegretense Eduardo Pereira Larré, quando atendeu a reportagem do Portal Alegrete Tudo.

A ideia da entrevista teve de ser explicada nos mínimos detalhes, daí então o professor falou sobre sua rica trajetória no esporte alegretense. Morando no Centro Histórico da capital do RS, desde julho de 2010, o professor com 65 anos, alega que foi embora de Alegrete para acompanhar os estudos dos filhos, que na época um cursava faculdade.

Aposentado do magistério como professor de Educação Física e do FGTAS /SINE e continuou trabalhando na Federação. Atualmente o seu hobby é curtir seus carros ao lado do filho. Desde a manutenção, a dupla cuida das relíquias. Larré cuida dos seus carros que adquiriu desde os 18 anos. O mais novo tem 18 anos e o mais velho 55 anos todos em condições de rodarem.

Ele que iniciou a trabalhar no ano de 1975, ainda aluno da UFSM, aceitou o convite do Dr. Liberato, então presidente do Alegrete Tênis Clube para dar aulas de natação. Já formado em 1977, acabou fazendo um dos primeiros cursos de treinador de futebol do Brasil, no Rio de Janeiro, na UFRJ/CBD. “Fiz a prova de seleção e passei, cheguei no Rio em 78”, conta o alegretense.

Larré morou na casa do pai de um colega de curso, que na época ficou em Santa Maria. Recebeu muita ajuda e incentivo, as coisas eram difíceis naquele tempo, relembro o professor.

“No curso as aulas práticas e teóricas  iniciavam às 11 da manhã e terminavam pelas 16 h”, diz Larré que formou grupos com os colegas Paulo Paixão, Mello, Jair Pereira, Nei Pereira e Astolfo, amigos de curso.

Larré conta que um dia descendo lá pelas 17h30min, do trem em Marechal Hermes, bairro onde morava, um cara lhe chamou. Era o Marzulo da padaria de Alegrete, amigo de infância que convidou para um jantar na casa dele. Na conversa, Larré contou que estava assistindo os treinos do Botafogo de Zagalo e não conseguia o estágio no clube. Para surpresa do alegretense na janta, o cunhado do Marzulo era secretário do Presidente do Clube e o estágio foi autorizado quase que imediatamente no Botafogo. Dois dias depois lá estava o alegretense no Clube ao lado de Zagalo, Danilo Alves, Mario Sérgio e Paulo Cezar Cajú.

No Rio, o alegretense ficou até o final de 1978, trabalhando no profissional do Fogão com Zagalo e Danilo Alves e no Juvenil com Joel. Após o Curso de Treinador UFRJ/CBF, retornou para Santa Maria e ficou um ano na Piscina Térmica Golfinhos a convite de um ex-professor da UFSM.

Também acompanhou os trabalhos no Inter de Santa Maria em 79 e veio para Alegrete em 1980. Lecionou no magistério na Escola Emílio Zuñeda e logo em seguida foi para o Demétrio Ribeiro onde foi professor por 3 décadas. “No DR, comecei com equipes de basquete, handebol ,atletismo e futsal. Depois iniciamos o futebol também em todas as categorias masculino e feminino.

Neste período, o professor tinha uma escolinha de basquete no CASS e recebeu convite do Seu Ari Dorneles, bicampeão gaúcho juvenil de futsal, que queria a iniciação do futsal no clube. “Iniciamos com alunos da escola DR e outros como Gauchinho, Bruno Mariot, Fábio, Kako, Márcio Peres, Pitoco, Nadinho, Farelo, Silvio e outros jogadores da época” comentou.

Larré foi treinador do Japur em 1979, ele já acompanhava seu pai na equipe do Banco Província. Passou pela Associação Atlética Alegrete como preparador físico em 1982.

Larré acabou se desligando do Sete de Setembro por incompatibilidade com um diretor de esportes e dali foi para Associação dos Funcionários da CEEE. Após uma reforma na quadra, ele iniciou EFA – Escola de Futsal Alegrete e a convite da família Flores foi parar no Ginásio Darcisão.

Marcou história com a equipe Escola de Futsal Alegrete – EFA/Demétrio Ribeiro. Com essa fusão foi vice-campeã gaúcha JERGS 97.

Jogo este que Larré protesta até hoje. “Fomos roubados pela Federação, o Cacalo era Presidente, que foi diretor do Grêmio. “Ele ficou com tanta vergonha e acabou dando ingresso para gurizada ver jogo no Olímpico”.

O infantil da EFA/DR fez 14 a 2 na semifinal e ainda no primeiro tempo da final expulsaram um jogador de Alegrete e a equipe jogou toda partida com um a menos, fomos derrotado por um gol apenas.

A EFA iniciou no CASS , e foi para quadra da CEEE e depois de 1996 a 2010, funcionou no Ginásio Darcisão. Ao se aposentar do magistério, deixou a escolinha e foi para o futebol de campo, com uma filial do Grêmio que funcionou na Cia de Comunicações e depois no 10º BLog.

Larré também foi atleta, praticou atletismo e ciclismo, relembra de provas em Alegrete, jogou handebol no IEEOA, onde garante que era imbatível na modalidade.

O professor de educação física aposentado conta histórias que dariam um bom livro. Relembra com saudade das quadras esportivas da cidade de Alegrete.

Júlio Cesar Santos                                           Fotos: acervo pessoal