Médica do RS desenvolve pesquisa sobre comportamento sexual durante a quarentena

Jaqueline Brendler está realizando um levantamento internacional sobre a sexualidade no período de isolamento. Estudo é feito com outros oito médicos da Espanha, Argentina e do Uruguai.

Aspectos da vida das pessoas foram alterados pela pandemia de Covid-19. Além de mudanças na rotina, no financeiro e nas relações pessoais, a área sexual também foi afetada. Por isso, a médica e sexóloga do Rio Grande do Sul Jaqueline Brendler está realizando uma pesquisa internacional sobre a sexualidade no período de isolamento.

O estudo é feito com outros oito médicos da Espanha, Argentina e do Uruguai. De acordo com a doutora, a ideia da pesquisa foi dos especialistas espanhóis em razão de estarem há mais tempo em isolamento.

“Nunca no período da história as pessoas conviveram tanto tempo. Se foi para melhor, se foi para pior, esse é o objetivo da pesquisa em entender. Todos da pesquisa são médicos e sexólogos. Todos pertencem à Academia Internacional de Sexologia”, afirma a médica, que é presidente da Federação Latino Americana das Sociedades de Sexologia e Educação Sexual.

A pesquisa é feita através de um questionário online e qualquer pessoa pode responder as perguntas. Segundo a médica, mais de mil brasileiros já participaram. As questões envolvem assuntos como, por exemplo, estado civil, se as pessoas têm parceiro sexual fixo, como e onde estão cumprindo o isolamento e a frequência de relação sexual.

Após a finalização do questionário, que fica disponível na internet até domingo (19), os pesquisadores irão publicar um artigo científico com o resultado da análise sobre a vida sexual e o comportamento das pessoas durante o período de isolamento.

O que a pesquisa indica

Segundo Jaqueline, o maior número de brasileiros que respondeu a pesquisa até agora, informou que tem um parceiro fixo, e que uma das práticas sexuais mais adotadas é a masturbação.

A médica alerta sobre o possível contágio de coronavírus durante as relações sexuais para solteiros ou casais.

“Se um do casal está confinado e o outro não, já é perigoso, o vírus está na saliva, então beijo já não pode. O coito vaginal é a prática mais segura. O mais inseguro, que não poderia acontecer, é o sexo casual. Nem beijar pode, que dirá fazer sexo casual com uma pessoa que você não tem contato diariamente, não sabe por onde passou. E o sexo oral, se for praticado entre os casais, deve ser com preservativo. A prática mais segura de todas é a masturbação, com as mãos bem higienizadas. Em segundo, é o parceiro que vive contigo, entre casais que moram juntos e estão confinados juntos no isolamento.”

O local mais seguro para ter relações sexuais é a própria residência, onde se tem controle da higiene do local. Segundo Jaqueline, o vírus foi identificado nas fezes, então, não é indicado o sexo anal sem proteção.

Conforme os resultados da pesquisa, que foram analisados até agora, os espanhóis informaram ter relações plenas com seus parceiros.

“No Brasil, a prática mais marcada vai ficar a masturbação, como era resposta única, ou eles marcavam sexo virtual ou masturbação. Eu estou vendo que tem uma grande marcação, tanto na [pesquisa] espanhola quanto na brasileira, a masturbação. O que a gente olhou no sábado, nas duas pesquisas, é que a maioria das pessoas são casais. Nas duas pesquisas não predomina solteiro, predomina pessoas que tem um par”.

A médica e sexóloga atende pacientes em seu consultório há mais de 15 anos em Porto Alegre. De acordo com Jaqueline, o isolamento é uma oportunidade para melhorar as relações sexuais de um casal.

“Nós temos que ressignificar a intimidade, o isolamento é uma oportunidade para criar isso com a pessoa. O isolamento é uma oportunidade para quem quer investir na situação de casal. Agora, se já existia uma firme intenção de se separar, o isolamento não vai ajudar nisso. Depende muito de como estava a situação prévia. Agora vamos esperar o resultado da pesquisa para dar mais detalhes. A maioria da população que estava bem ou que queria melhorar, acho que o isolamento está fazendo bem. Tem algumas pessoas perfeccionistas que por aumento da convivência, quer o aumento da prática sexual. O desejo vem da sedução e não da obrigação.”

Fonte: G1