Médica Maria Del Carmen, da UTI Covid, lamenta o descomprometimento das pessoas com a vida no pior momento da pandemia

Uma entrevista muito objetiva e esclarecedora. Assim foi a live com a Dra Maria Del Carmen que também é uma das bravas guerreiras na linha de frente da Covid-19, na Santa Casa de Alegrete. Casada com também médico, Hermes Martin Santos dos Santos, de nacionalidade uruguaia, a médica que é peruana falou com clareza sobre o cenário atual da pandemia no Município.

Um dos pontos mais importantes foi o pedido para que as pessoas permaneçam com os cuidados, as regras que já foram massacradas de tanto que são faladas em lives, campanhas e veículos de comunicação, quanto aos cuidados sanitários como uso da máscara, higienização com álcool em gel e distanciamento social, são fundamentais. A vacina não é um milagre e, ainda, não há uma projeção de quando a população será totalmente imunizada, o caminho é longo e recém começou o trabalho para desbravar cada etapa que está por vir. Dra Maria acrescentou que toda a equipe médica é a mesma do início da pandemia, considerando que muitos guerreiros, que inclui não somente os médicos, mas toda equipe que atua na linha de frente, tiveram perdas de amigos, familiares e, alguns, não conseguiram retornar. Outros se mantêm firmes, mas exaustos com a sobrecarga de trabalho e, mesmo assim, estão lutando contra o inimigo invisível pois para eles, o paciente sempre está em primeiro lugar. Entretanto, em um dos relatos, a situação choca pela descaso de muitas pessoas com a própria vida e com o semelhante. A médica citou uma pessoa que perdeu um ente querido em razão da Covid-19, logo, foi contatado e feita a observação de que o mesmo deveria ficar em isolamento até o período correto para o teste e, desta forma, tirar a dúvida se ele estava positivado, porém, assintomático. A resposta chocou. A pessoa não estava sofrendo a dor da perda, mas preocupada com a viagem para o litoral onde iria “curtir’ as férias.

A culpa não seria dele se outras pessoas fossem positivadas com a sua ignorância, mas do sistema que não iria fazer o teste naquele momento, antes de sair da cidade. Esse é um outro ponto muito complexo, pois a informação equivocada, errada ou enganosa do período dos sintomas ou de contato com uma pessoa positivada, vai apresentar um resultado incorreto. Para cada situação há um período para a testagem sem ter o risco de um falso negativo. Além da observância de que são muitas pessoas assintomáticas ou que não sabem estar com o vírus, por essa razão o distanciamento social é de suma relevância. “A grande maioria para não dizer quase que a totalidade dos pacientes, não sabem como houve o contágio ou citam que não sabiam que “tal” pessoa estava positivada, mas a questão não é expor o nome como alguns sugerem, mas não aglomerar. Quanto mais negação existir da população, mais grave serão os casos, o quadro e a falência do sistema. A saúde já está colapsada, não apenas nos leitos, mas no recurso mais importante que é o humano, as equipes médicas e todos os trabalhadores que atuam nas linhas de frente.” pontuou.

 

O pedido é simples e objetivo, não há milagres, a vacina recém chegou para dar um alento, mas ainda falta muito para ter uma imunidade de rebanho. A questão nem é não se infectar, mas que isso não ocorra de maneira a “inundar” os hospitais que já estão com sobrecarga. Para que o caos total não seja uma realidade, a alternativa mais sensata é a conscientização, o respeito a si e ao próximo. isso só é possível com o cumprimento das medidas sanitárias, não é momento de comemorar o fim da pandemia, pois ela ainda não acabou.

“Eu não deixo de atender meus pacientes com todos os cuidados que eles precisam, é inevitável tocá-los, examinar a garganta entre outros procedimentos e não positivei ou tive sintomas da Covid-19, mesmo na linha de frente. A diferença é que todos os cuidados são observados, o uso da máscara, higienização das mãos e o distanciamento social. Embora sinta saudade e falta de muitas pessoas queridas e próximas, não as visito e também não recebo ninguém. Pois não há como saber se a pessoa está ou não com o vírus em muitos casos. A prevenção é a melhor opção- falou a médica que também explanou um pouco sobre o Kit utilizado para pacientes com sintomas ou positivados pelo novo coronavírus. Ela explicou que é opcional e que não é uma garantia, um tratamento eficaz, mas ainda uma das opções além da vacina para buscar o melhor tratamento contra á Covid-19. O kit inclui entre outros medicamentos a ivermectina e a cloroquina.

A entrevista, na noite de ontem(19), com a médica, foi conduzida pelo diretor do PAT, Jucelino Medeiros. O esposo Dr Hermes Martin Santos dos Santos, também, acompanhou nos bastidores.

Distanciamento social, uso adequado de máscaras, higiene adequada nas mãos e uso de álcool em gel, são na atualidade as medidas garantidas de proteção contra a COVID-19, uma doença causada pelo coronavírus, denominado SARS-CoV-2.

Flaviane Antolini Favero