Militar do BE descreve como venceu a Covid em quase 50 dias de internação hospitalar

Militar do Exército Brasileiro faz um minucioso relato sobre seu estágio com a Covid-19. Conforme Alessandro Fortes Bustamante Sá, essa foi a maneira que ele encontrou de dar seu testemunho sobre tudo o que passou e também agradecer a todos os envolvidos em sua recuperação. Foram mais de 40 dias hospitalizado, destes, a maioria entubado, além de outras complicações.

 

O militar de 50 anos está na ativa no Exército Brasileiro e seve no 12º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado em Alegrete. Ele é natural do Rio de Janeiro mas, por três oportunidades serviu nesta mesma Unidade nos anos de 1991 a 96, 2000 a 2011 e agora de 2016 até a atualidade. O carioca disse que já se considera um alegretense pois há 23 anos está na cidade que abraçou para solidificar sua família. Alessandro é casado com Iara Neri há 28 anos e tem dois filhos, Guilherme e Maiara, todos alegretenses.

Depois de uma breve apresentação o relato sobre o contágio.

De acordo com Alessandro, tudo começou no dia 18 de janeiro de 2021, mesmo seguindo os protocolos médicos e do Comando da Unidade, por ter sentido sintomas gripais, procurou o setor responsável, por suspeita da doença, do Hospital da Guarnição Militar de Alegrete (HGuA). Desta forma, foi medicado e orientado que ele e a família ficassem de quarentena, sem sair de casa.

“Fiquei muito chateado pois acabei passando o vírus para minha esposa e meus dois filhos, sendo que minha esposa foi a que ficou mais doente dos três, mas, graças a Deus não ficou tão ruim que precisasse ser internada. Quero enfatizar que é orientação do Comandante do Exército que os militares ao entrarem na Unidade para o início do expediente da manhã e da tarde, lavem as mãos e após passem álcool em gel e utilizem máscara, durante todo o horário de trabalho e, para isso, o Comando da minha unidade instalou pias e disponibilizou sabonete líquido e álcool em gel na entrada de nossa Organização Militar, além de um enfermeiro verificando a temperatura dos militares e questionando os mesmos se tinham apresentado algum sintoma gripal”- completou.

A confirmação

Alessandro, agendou um teste rápido na farmácia Panvel para o dia 21 de janeiro e para sua surpresa o teste deu positivo. Já no dia 24  acordou, foi na cozinha tomei um copo de água e ao chegar no banheiro teve uma queda brusca de pressão. Ele conseguiu ir para o quarto onde verificou que a saturação estava (84) e pressão (8/4). De imediato, o filho ligou para o SAMU e, em menos de 10 minutos a ambulância estava na casa para levá-lo à UPA. Na sequência foi levado para ala Covid-19 da Santa Casa.

Já hospitalizado, três dias depois teve uma outra queda de pressão, ao sair do banho, onde desmaiou e foi socorrido pelas enfermeiras.

Na sequência precisou ser colocado no CPAP(respirador) e deste momento até o dia 20 fevereiro, ele não tem nenhuma recordação. “Fui informado que no dia 27 janeiro tinha sido entubado mais não tinha vaga disponível na UTI da Santa Casa, naquele momento e, por isso, fui transferido para o Hospital Militar de Santa Maria, no dia 28. Lá permaneci por vinte dias, até o dia 17, indo para o quarto no dia 18. Cheguei com um quadro de infecção generalizada, sendo submetido a três seções de seis horas de hemodiálise e a duas transfusões de sangue. Lembro que, já no quarto, tive muita febre e delírios e falava um monte de besteiras, o que fez os médicos suspeitarem de eu ter tido meningite bacteriana, vindo a fazer pulsão lombar para exame, o que deu negativo. mesmo assim, permaneci internado por quarenta dias, tendo alta no dia 8 março. Durante o tratamento na UTI minha alimentação era feita através de uma sonda nasogástrica e me era ministrado antibióticos e injeções de medicação para evitar trombose”- explicou.

O vírus

Alessandro descreve que sempre foi uma pessoa caseira, só saia à rua se precisasse de algo e, por isso, não sabe dizer como foi infectado pelo vírus. ” Em algum momento me descuidei e acabei contagiado e contagiando minha família, mas graças a Deus tudo terminou bem. Hoje, estou fazendo fisioterapia motora e respiratória e já estou bem melhor, já caminho e faço minhas coisas sozinho. Minha esposa é uma guerreira, desde que fui para o quarto ficou ao meu lado ajudando me apoiando e me dando ânimo e força, nunca esquecerei esses momentos” – ressalta.

 

Para finalizar, Alessandro disse que o objetivo do relato é para dizer para as pessoas que estão passando por este momento tão doloroso, que tenham fé em Deus, que orem pelos seus familiares fervorosamente e que tenham pensamento positivo de que o ente querido irá se restabelecer e voltar ao lar. “Minha esposa me disse que em nenhum momento pensou “e se ele morrer”? Ela me disse que sempre acreditou em minha recuperação e que eu voltaria para casa. Além de dizer para as pessoas que se protejam usando máscara, passando álcool em gel sempre após pegar qualquer objeto, principalmente dinheiro. Assim como, agradecer em primeiro lugar a Deus por tudo ter acontecido no momento Dele e esse momento foi importante para estar de volta ao meu lar, a minha esposa por tudo que ela passou e fez ficando ao meu lado em todos os momentos até hoje. Também quero agradecer ao Comandante de minha Organização Militar que me apoiou todo o tempo, me acompanhando até o momento do embarque para minha transferência médica e a sua esposa que sempre apoiou emocionalmente a minha transmitindo força e coragem. Deixo meu agradecimento aos meus familiares e amigos que se preocuparam com a situação que estava passando e permaneceram em prece nesse período pela minha recuperação e, por último, e não por isso menos importante, ao Dr John Lennon pela atenção e presteza no atendimento dos internados da ala Covid, aos enfermeiros(as)  pelo carinho, paciência, atenção e presteza no tratamento dispensado a todos os enfermos. Sou testemunha da dedicação que os mesmos têm à sua profissão. Não poderia deixar de citar os faxineiros(as) responsáveis pela meticulosidade na limpeza e assepsia da ala e também aos médicos(as), enfermeiros(as), fisioterapeutas e faxineiras do Hospital Geral de Santa Maria, pela excelência no tratamento, principalmente enquanto estive entubado na UTI. Depois no quarto, ministrando a medicação, realizando exames e acompanhando minha recuperação, foi uma demonstração empolgante de amor à profissão que abraçaram, nunca esquecerei o carinho e a paciência que tiveram com a minha pessoa. Muito obrigado do fundo do coração.”-concluiu.