Mulher negra e lutadora: conheça a história da alegretense que tornou-se escritora

Ela escreve blogs, cartas, e cria diversas ações de incentivo à leitura.

Merlen sonha em ser escritora
Merlen sonha em ser escritora

Merlen Alves, nasceu no Passo Novo e lá ficou até os três anos com a família paterna, Algemiro Bitencourt Alves e Eloisa da Luz Alves.

Ainda pequena ela foi adotada por uma família de Alegrete, Seu Adão Alves Machado e Dona Rosalina da Costa Machado. Por serem agropecuaristas, a educação dela foi em escolas da Zona Rural. Estudou até o 7° ano no Polo do Jacaquá e o 8° foi feito no do Caverá.

Veio para cidade e residia na casa de tios. Passou para o 2º grau e ingressou no Magistério, porém na época, não se via como professora e não deu tanta atenção ao curso. Acabou não concluindo e indo terminar o segundo grau no EJA. Mas refletindo, Marlen percebeu que sim, queria muito ser professora.

Merlen no projeto Cartas de Afeto
Merlen no projeto Cartas de Afeto

Mas as condições já não eram tão favoráveis, já tinha outras responsabilidades. Aos 22 anos casou e optou por ter um filho logo em seguida. Quando seu filho tinha 3 anos, ingressou na faculdade de Licenciatura em Ciências Biológicas no IFFAR, mas um ano depois por conta do divórcio, precisou trancar o curso, pois era inviável deixar o filho e ir para a faculdade. Mesmo assim, seguiu estudando e lendo muito.
Merlen trabalhou como faxineira em casas de família por um bom tempo, pois era um serviço que podia conciliar cuidando do filho.
Neste intervalo de tempo, fez o curso Técnico em Secretariado e todos os outros cursos que apareciam. Não perdia oportunidade nenhuma.
Conseguiu um emprego como secretária, onde ficou por três anos, até ser chamada em um concurso público temporário que havia feito (IBGE), o qual ficou até este ano de 2021.
Antes em 2018, entrou na faculdade de Licenciatura em Letras Português EaD da Unipampa, através da nota do ENEM. Foi então atrás de atividades Literárias na cidade que descobriu o Sesc, com inúmeras atividades e também o Coletivo Multicultural de Alegrete.

Merlen na Unipampa
Merlen na Unipampa


No Coletivo passou a participar das reuniões e logo foi convidada para reativar a Sociedade Literária Rui Neves. Deu início a sua carreira de escritora ficando principalmente na literatura erótica que é um tipo de literatura que chama muito a atenção e que gosta de escrever.

“Logo, percebi que poderia escrever outros tipostambém e outros gêneros literários. Passei a amar a escrita e a utilizo como forma de aliviar minhas dores”, conta.
“Me conheci como mulher negra e pertencente a este mundo. E foi com essa descoberta que me tornei uma mulher forte”, revela Merlen.

Merlen e o filho apreciando livros de histórias
Merlen e o filho apreciando livros de histórias

De 2018 em diante, ela soma muitas conquistas mas também muitas perdas. “Perdi e sigo perdendo pessoas que pra mim valem mais que tudo. Eu entendo que a vida tem que seguir seu curso e que temos um um papel a cumprir ao lado de cada um que passa por nós, mas sou libriana filha de Oxum e meu coração é puro amor”, entrega.
As oportunidades tem surgido na vida de Marlen de maneira surpreendente.

É ela que coordena o Projeto Cartas de Afeto, que é realizado com as detentas no Presídio Estadual de Alegrete. “Estou escrevendo meu TCC sobre o projeto”, comenta.

Merlen apreciando um texto escrito por uma detenta
Merlen apreciando um texto escrito por uma detenta

Merlen é mãe do Leonel Alves Von Dentz de Farias (13 anos) e de Victoria Machado Vicente (19 anos) sua sobrinha que ficou aos cuidados de Merlen, após o falecimento de sua mãe.

Ela escreve blogs, cartas, e cria diversas ações de incentivo à leitura. Participa de sorteios e concursos literários que acabam completando a sua transformação como pessoa.

Merlen Alves
Merlen Alves


“Quando eu tinha uns dez anos, queria ser escritora e até me arrisquei a rabiscar alguns poemas de amor. Mas eu não sabia que ser escritor ou escritora era uma profissão. Eu queria pelo simples prazer que a escrita me dava. E eu acho que esse é o sentido da vida. Fazer o que a gente gosta por amor, por desejo. A literatura me salvou e me salva todos os dias. Os amores que eu perdi, encontro em livros e se não os encontro, eu escrevo sobre eles”. recorda.

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Marrã

Parabéns Merlen Alves !! Guria Direita e Honesta!! Que Deus continue te abençoando !!