‘O que meu filho fez foi para defender a minha vida’, diz mãe de suspeito de matar três pessoas no Lami

Mãe de Dionatha Bitencourt Vidalleti, que estava com ele no momento do crime, prestou depoimento à polícia na tarde desta segunda-feira (3).

A mãe de Dionatha Bitencourt Vidaletti, 24 anos, suspeito de matar as três pessoas da mesma família no bairro Lami, em Porto Alegre, prestou depoimento na tarde desta segunda-feira. Ela estava com ele no momento do crime, que ocorreu na tarde do domingo, 26 de janeiro. O depoimento estava marcado para às 14h, mas foi antecipado. Na saída, dentro do carro com o advogado, ela falou rapidamente com a imprensa.

Bastante abalada e nervosa, a mãe afirmou que foi uma fatalidade, que Dionatha apenas defendeu a vida dela.

“Eu só queria que as pessoas vissem que eu estava sendo agredida dentro do meu carro. Que meu filho fez foi para defender a minha vida, foi por defesa. Eu estava sendo agredida. Ele jura que sentia que eu estava sendo esfaqueada. Eu fui muito agredida sentada dentro do meu carro.”

Segundo o delegado responsável pelo caso, Rodrigo Garcia, ela não participou dos homicídios do casal Rafael Zanetti Silva, 46 anos, e Fabiana da Silveira Innocente Silva, 44 anos, e do filho deles, Gabriel da Silveira Innocente Silva, 20 anos.

“O desenho todo que se tem, é que ela não participou efetivamente das execuções. Inclusive ela tenta não entregar a arma para o filho. Embora ela tenha efetuado o primeiro disparo, esse disparo, segundo ela e segundo o registro a partir de depoimentos, seria em tese, para proteger o filho”, explicou o delegado.

No depoimento, a mãe disse que Dionatha estava portando a arma desde que saíram de casa, contrariando a versão dele, que afirmou que a arma utilizada no fato era da família, e que teria agido em legítima defesa.

Ainda segundo os relatos da mãe, ela percebeu a presença da arma apenas quando chegaram ao local do fato. Ela afirma que efetuou um primeiro disparo para cima para afastar Rafael e Fabianna, que estavam indo em direção a Dionatha.

“Ela diz que pegou a arma que estava no banco do motorista e efetuou um disparo para o alto. Mas nós temos em depoimento que o disparo tenha ido para o chão. Ela nos informou que realmente em primeiro momento não quis dar a arma para o filho, mas ele retira da posse dela”, explica o delegado.

A mãe relatou à polícia que foi agredida por uma das vítimas, mas não se recorda se foi Rafael ou Fabianna. Disse que um deles teria a pego pelo pescoço e também pelos cabelos. Após isso, ela conta que ouviu os disparos e vê uma das vítimas no chão.

“Pela velocidade que tudo aconteceu, as possibilidades que ela tenha sido agredida não são muito factíveis. A gente entende pelo desenho todo que o casal foi em direção a mãe do autor, mas eles teriam se aproximado, não daria tempo para uma agressão. E logo em seguida já houve os disparos que mataram os dois, e depois o Gabriel, que foi também na sequência para acudir a mãe. Ele não teria ido em direção ao autor, teria ido para acudir a mãe, só que ele entra no mesmo foco de visualização do autor e acaba sofrendo os disparos”, reitera Rodrigo.

A polícia afirma que já foram ouvidas pelo menos dez testemunhas e que o crime já foi desenhado, tanto pelos depoimentos, como com os vídeos e áudios, descartando a necessidade de ouvir o filho de 8 anos do casal, que também estava presente no momento. “Tudo já nos dá elementos suficientes para afirmar como o fato aconteceu”, esclarece o delegado.

Como foi o crime

A namorada de Gabriel, que não quer ser identificada, contou após o crime que a família voltava de um aniversário, na tarde de domingo. “O Rafael deu uma encostada no carro. Ele se perdeu, era uma estrada de chão”, afirma a jovem.

A vítima não teria parado e o proprietário do veículo, Dionatha, teria os seguido para tirar satisfações. O suspeito interceptou o carro da família e, durante a discussão, sacou a arma, conforme relatos da jovem.

A briga continuou até que diversos disparos foram feitos, atingindo as três vítimas. Segundo ela, o suspeito entrou no veículo e fugiu pela estrada do Varejão. A mãe do suspeito, que estaria junto no momento dos tiros, ainda tentou acalmá-lo, mas ele a empurrou e atirou contra a família.

“A Fabiana tentou ligar pro 190 e começou a gritar que tava ligando, que tinha uma criança no carro. Acho que isso deixou ele com mais raiva”, relembra a jovem. “Eles estavam todos juntos, foram vários tiros. Foi tudo junto. O Rafael foi o primeiro que vi cair, o último foi o Gabriel”, diz.

O casal morreu no local. Gabriel ainda foi levado para o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, mas não resistiu aos ferimentos.

Os corpos da família foram enterrados na terça-feira (28), no Jardim da Paz, em Porto Alegre.

Fonte:G1