Pesquisa apresenta réptil raro que conviveu com dinossauros em Agudo

Professor de Santa Maria encontrou primeiro fóssil de um ornitossuquídeo, antepassado do crocodilo, no ano passado. Antes deste, existiam somente três exemplares destes animais no mundo.

A descoberta de um réptil pré-histórico, que conviveu com os dinossauros e é antepassado dos crocodilos, foi apresentada em um estudo publicado em 31 de janeiro pela revista científica internacional Acta Paleontologica Polonica.

O fóssil é de um Dynamosuchus collisensis, da família dos ornitossuquídeos, e foi localizado em Agudo, na Região Central do RS, em março do ano passado, por Rodrigo Temp Müller, paleontólogo da Universidade de Santa Maria (UFSM). Assinam também o artigo o Museu de La Plata, na Argentina, e a universidade de Virginia Tech, nos Estados Unidos.

O ornitossuquídeo viveu há cerca de 230 milhões de anos, e, conforme Müller, é uma descoberta rara, de uma espécie que conta com pouco material de estudo.

“No mundo todo, só tinha três espécies, duas na Argentina e uma na Escócia. É mais uma das descobertas mostrando o potencial fossilífero que a gente tem, não só de dinossauros, mas de vários outros tipo de répteis, incluindo esse grupo do ornitossuquídeo, que é a primeira vez aqui no Brasil”, ressalta.

O exemplar ainda ajuda a entender melhor como se davam as relações entre as espécies da época, já que, como explica o professor, o ornitossuquídeo seria um animal negrófago, ou seja, se alimentava de carcaças.

Fóssil foi encontrado durante expedição em Agudo, no ano passado — Foto: Janaína Dillmann

Fóssil foi encontrado durante expedição em Agudo, no ano passado — Foto: Janaína Dillmann

Características do ornitossuquídeo

  • Dois metros de comprimento;
  • Focinho projeto para frente em relação à mandíbula inferior;
  • Dois dentes grandes em cada lado da mandíbula inferior;
  • Couraça óssea em todo o dorso;
  • Diferente dos crocodilos, não era aquáticos e se locomoviam por terra;
  • Usavam as quatro patas, mas poderiam correr apenas com as patas posteriores eventualmente.

As análises do grau de parentesco entre as espécies também revelou que membros do grupo dos ornitossuquídeos pode ter migrado mais de uma vez entre o Brasil e a Argentina, em vez de terem evoluído isolados.

Fonte: G1