Situação da pandemia em Alegrete é o retrato do Estado e País, fora de controle

As primeira mil mortes por Covid-19 no Rio Grande do Sul demoraram três meses e meio para acontecer. As últimas mil, apenas seis dias, de acordo com informações divulgadas no G1, na noite de ontem(10). Com isso, no total, o RS tem 14.087 mortes por coronavírus desde o começo da pandemia. Esse aumento expressivo no número de mortes também está sendo registrado em Alegrete. Neste mês de março, em 10 dias foram 18 óbitos.

De acordo com o gráfico da pandemia elaborado pelo advogado e estatístico, o alegretense Marco Rego, o primeiro caso confirmado foi em abril de 2020, com o primeiro óbito em junho, onde o número total chegou a cinco. Sendo que foram 57 casos confirmados e 23 recuperados. Depois ocorreram os maiores índices nos meses de outubro, novembro e dezembro. Contudo, os dados alarmantes de óbitos e confirmados iniciaram em final de dezembro, com 13 mortes em decorrência da Covid-19. Em janeiro o número também foi expressivo e o mês contabilizou 16 óbitos. Entretanto, fevereiro com três dias a menos chegou a 15 mortes pelo novo coronavírus e março tem sido o mês com o quadro mais alarmante e devastador, até o momento, são 18 óbitos. Destes, 12 ocorreram entre domingo e segunda-feira desta semana. O número de positivados acumulados, também é muito alto, sendo de fevereiro até o momento foi o mês que mais contabilizou pacientes infectados, em 28 dias, 1.608. Março já registra 1.030. Neste período desde o início da pandemia, janeiro foi o mês de maior número de recuperados chegando a 1.410, contra 1.030 em fevereiro e 320 nestes dias de março. O que se vê e ouve é que mais pessoas próximas estão positivando e outros perdendo a batalha para o vírus. São muitas lágrimas, dor e a sensação de impotência.  Além dos milhares que estão em casa e torcem para que o quadro se mantenha sem gravidade ou retroceda para que não necessitem de uma vaga em qualquer que seja a ala, UTI, UPA ou Hospital de Campanha.

 

Na contramão da pandemia, muito negacionismo ocorreu por boa parte da população, não apenas em Alegrete e a conta foi um colapso total da saúde. Embora haja os defensores que acreditam que a culpa não está nas pessoas, há um indicador que mostra com clareza  que, sim, a população tem o “controle” de fazer ou não uma propagação em massa, tudo depende dos cuidados sanitários. O vírus, existe, a pandemia não acabou com o ano 2020 e as novas cepas são ainda mais cruéis, pois estão fragilizando ainda mais a população com variantes e em pouco tempo o quadro está muito grave. Os médicos vêm alertando que os pacientes estão chegando cada vez mais, com quadros graves, exemplo está no boletim da Santa Casa de ontem à noite. Dos 15 leitos UTI, 13 estão ocupados com pacientes positivos para Covid-19,  sendo que todos fazem uso de ventilação mecânica(que pode ser por tubo ou máscara). Já o Hospital de Campanha que tem 30 leitos, está com 24 pacientes, todos com suporte ventilatório e apenas um, aguardando resultado do exame. Para finalizar, a Unidade de Pronto Atendimento, que disponibiliza 25 leitos, está com 21 ocupados. Destes, nove são positivos e 12 aguardam o resultado do teste. Também há o registro de 03 pacientes com ventilação mecânica e 21 com suporte respiratório. O que mantém o mesmo quadro anterior, mesmo assim não há paciente sem auxílio respiratório.

 

Atualmente são 6.128 casos confirmados, com 4.646 recuperados, 1398 ativos (1358 estão ativos em isolamento domiciliar e 45 hospitalizados positivos de Alegrete) e 84 óbitos. Foram realizados 22.182 testes, sendo 15.845 negativos, 6.128 positivos e 209 aguardando resultado. Em observação com síndrome gripal são 1.562 pessoas. O número de pacientes em isolamento domiciliar também é o mais alto contabilizado desde o início da pandemia, são mais de mil.

 

Flaviane Antolini Favero