Superação e foco movem os vitoriosos; soldado Carlosso personifica essa afirmação

Aos 32 anos o policial militar, Maurício Carlosso, realiza mais um sonho. Ele atua na Brigada Militar, hoje no Presídio Central e desempenha um trabalho voluntário cuidando dos cães, além disso, também trabalha como médico veterinário na Clínica VisãoVet, em Porto Alegre. Soldado Carlosso, especializou-se em oftalmologia.

 

Mas o que parece ser apenas uma situação comum, onde uma pessoa está atuando em duas frentes profissionais. Para Carlosso, não foi bem assim. Por esse motivo, dividir sua história e todas as nuances que o levaram até o momento atual não somente expor a realização pessoal e profissional como também, mostrar para muitos o quanto é possível acreditar e concretizar um desejo, embora, por vezes passando por períodos bem difíceis. Até poucos dias atrás, o soldado Carlosso estava exercendo sua função de policial militar em Alegrete. Município que realizou a faculdade de Medicina Veterinária, através da Urcamp.

 

Natural de Santa Maria, Maurício Carlosso, acrescenta que durante um período estudou em escolas particulares, mas devido a separação dos pais, ele e os irmãos passaram muitas dificuldades ao lado da mãe. “Se eu fico analisando, naquele período, eu tinha tudo para não ter nenhuma profissão. Não desmerecendo ou desfazendo de nenhum trabalhador autônomo, mas a realidade imposta por um educandário que não tinha um ensino de muita qualidade, mas era o mais perto e todas as dificuldades, era pra seguir trabalhando sem ver um perspectiva. Mas com o tempo, eu fui fazendo por mim, então chegou o período do Exército. Ao sair, com apenas 20 anos eu ingressei na Brigada Militar, somente por ter acreditado em mim e ter chegado nesta profissão que tenho muito orgulho, já foi um grande avanço e uma conquista que jamais vou esquecer. Eu fiz por mim, eu acreditei em mim – completou. No início, Soldado Carlosso passou por uma das piores etapas como profissional, quando atuou na tragédia da Boate Kiss. Ele era o responsável por dar notícias e tentar encontrar familiares de sobreviventes e jovens que tiveram suas vidas ceifadas. A dor e sofrimento jamais foram esquecidos.

Depois desse momento, Carlosso decidiu também, que iria cursar Medicina Veterinária. Focou em seu objetivo e passou em três faculdades, todas pelo Pro UNi 100%. Ele teve cinco dias para decidir para onde iria e optou por Alegrete, onde chegou no ano de 2016, com o seu maior bem material, à época, que era um Corolla. Na sequência a esposa, a fonoaudióloga, Luciele Carlosso , também chegou na cidade e eles tiveram a ousadia em arriscar. “Lembro que o valor do Corolla, todo dinheiro que eu tinha, era suficiente para que pudéssemos iniciar o trabalho na clínica, FonoClínica, mas se não desse certo, não teríamos mais nenhum dinheiro para investir. Mas com muita fé e trabalho, deu certo. Por muitos meses, eu fiquei sem carro, estudando e trabalhando. Fiz todo meu curso, atuando na Brigada Militar, por vezes a vontade era de desistir, mas eu sempre me condicionava para buscar o impossível, diante de todas às dificuldades. Não foram anos fáceis, mas eu venci”- completou.

Carlosso também lembrou que durante o curso, atuando como policial militar, também pode colaborar em ocorrências que envolviam animais, principalmente equinos. Em dois momentos, foi responsável por realizar a eutanásia em cavalos que tinham sido atropelados e estavam sangrando, gravemente feridos, fraturas expostas. Em uma outra situação, salvou a vida de um equino que se afogava no Rio Ibirapuitã, no Parque dos Aguateiros, em uma das maiores enchentes que o município enfrentou, no ano de 2017.

 

 

Ao se despedir de Alegrete para a nova etapa, Carlosso, em seu TCC fez um agradecimento emocionado a todos os colegas de farda. Àqueles que ele conheceu, fez amizade, atuou em defesa da comunidade e acompanharam a sua luta diária para que a peteca nunca caísse, mesmo naquelas horas mais tensas em relação à faculdade.  Com isso, ele deixou um recado para que as pessoas nunca desistam de seus sonhos, por mais que os medos e adversidades pareçam ser maiores. Pois além de ter chegado lá, ter se formado, estar atuando, hoje, nas duas profissões, o soldado também foi o único gaúcho a passar na Anclivepa, em São Paulo – Pós Graduação em oftalmologia veterinária. Casado há oito anos com Luciele, para completar a alegria do médico veterinário e policial militar, está chegando a Aurora, primeiro bebê do casal.

A fonoaudióloga, também já está em Porto Alegre atuando em uma clínica. Mas para Carlosso, nos seus 32 anos, essa etapa em Alegrete, será sempre um amuleto, onde ele tem a certeza de que nada é impossível.

Na formatura, um agradecimento especial à Brigada Militar.

Agradeço também à Brigada Militar, instituição que faço parte desde 08/10/2009, por tudo que tenho atualmente. Na instituição aprendi valores, companheirismo, disciplina, características as quais que me auxiliaram bastante em minha formação acadêmica. Ao oficial mais antigo da instituição até o soldado mais moderno que de uma forma ou outra também fazem parte dessa conquista. Aos policiais especificamente de Alegrete, Rio Grande do Sul eu digo meu “muito obrigado” pelos momentos em que o Sd Carlosso muitas vezes trabalhou com os senhores, cansado, estressado, nervoso por alguma prova. Pelos momentos em que tive que sacrifica-los em uma escala alterada pelo motivo do meu estudo. Ao oficiais e graduados da instituição em Alegrete que não mensuraram esforços para que, na medida do possível eu pudesse frequentar minhas aulas. Após transcorrido cinco anos de minha transferência para essa unidade, espero ter cumprido com meu proposito dito a meu comandante, o capitão Jean Quatrin, no início do ano de 2016. Na ocasião disse à ele que gostaria de concluir meu curso, mas acima de tudo seria um policial de excelência. Mais uma vez muito obrigado à todos!

 

Flaviane Antplini Favero