A cada 10 famílias gaúchas, sete perderam renda devido à pandemia

Cerca de 45% dos gaúchos estão vivendo com metade da renda ou menos do que tinham antes da pandemia. Estudo com 1,5 mil famílias foi encomendado pela Assembleia Legislativa.

Cerca de 45% dos gaúchos estão vivendo com metade da renda
Cerca de 45% dos gaúchos estão vivendo com metade da renda

Uma pesquisa encomendada pela Assembleia Legislativa identificou que 45% dos gaúchos estão vivendo com menos da metade da renda que tinham antes da pandemia. Este e outros indicadores sobre o agravamento da condição social no Rio Grande do Sul foram divulgados na quarta-feira (22).

O estudo realizado pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO) ouviu 1.500 pessoas, em todas as regiões do estado, para identificar as principais percepções sobre o cenário e sobre a elaboração de políticas públicas de combate à desigualdade social. 

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A pandemia exacerbou a percepção de desigualdade social compartilhada por grande parte da população do Rio Grande do Sul, como aponta uma pesquisa do Instituto Pesquisa de Opinião (IPO) encomendada pela Assembleia Legislativa (AL-RS). Em 44,3% das 1,5 mil entrevistas, as famílias responderam que foram impactadas financeiramente pela pandemia.

O principal efeito foi sentido pelas mais pobres. Entre as que recebem até dois salários mínimos, 24,7% acusaram perdas econômicas ou financeiras, e 27,9% dos que recebem de três a cinco salários mínimos também referiram perda de renda, de emprego ou dificuldade para trabalhar. Para quem ganha mais de seis salários mínimos, o percentual cai para 20,8%.

O estudo aponta que os maiores impactos foram sentidos em cidades maiores, na comparação com municípios menores, como explica Elis Radmann, diretora do IPO.

“Se eu venho para Porto Alegre ou se eu venho para cidades de grande porte, grandes eixos como Passo Fundo, Santa Maria e Pelotas, é maior o sofrimento. Quando eu me distancio e vou para cidades de menor porte, a pandemia incomodou menos”, diz.

Na questão emocional, entre as classes pobre e média, 20,1% e 24,4% citaram problemas de saúde mental, respectivamente. Na faixa mais abastada, o percentual sobe para 36,8%. Além disso, segundo a pesquisa, mais de 2/3 dos gaúchos tiveram algum impacto na renda familiar. Entre trabalhadores informais e autônomos, esse percentual chega a 83%.

A pesquisa também destaca a mobilidade entre as classes sociais durante a pandemia. A autodeclaração de classe baixa ou pobre aumentou 38%, passando de 15,5% de pessoas que se consideravam nessa faixa para 24,3% atualmente.

O mesmo se repete entre classe baixa e média baixa, mas começa a inverter a partir da classe média. Ou seja, diminuíram as famílias que se consideravam de classe média alta ou alta durante a pandemia.

Em geral, 53,5% da população se considerava pobre, de classe baixa ou classe média baixa antes da pandemia e, atualmente, 70,6% se considera pobre, de classe baixa ou classe média baixa.

O percentual de vulnerabilidade social dos entrevistados também foi questionado. Em 63,4% dos casos, cerca de duas em cada três pessoas, não se consideram vulneráveis.

No entanto, 36,6% dos gaúchos vivenciaram alguma vulnerabilidade social na pandemia, conforme a pesquisa. Entre eles, os que não conseguiram se enquadrar para o auxílio emergencial, os autônomos ou informais e que não têm a documentação ou conhecimento para acessar as políticas públicas.

A pesquisa também traça um perfil da educação e da relação entre a escolaridade e a renda familiar na primeira infância e no ensino superior.

Em 7,9% das famílias, há alguém que cursa ou concluiu a graduação durante a pandemia. Outros 15,6% tiveram que cancelar ou trancar o curso superior.

“Em alguns casos, ele perdeu a atividade dele ou o pai perdeu a sua renda e não pode subsidiar o filho. Também tivemos situações em que o filho teve que ir trabalhar para ajudar a família, principalmente naquelas famílias em que a mãe era responsável e era do grupo de risco, não podia mais trabalhar”, explica Elis Radmann.

De acordo com o IPO, cerca de 45% dos gaúchos estão vivendo com metade da renda ou menos da metade do que tinha antes da pandemia. A população mais afetada é a que tem renda familiar de até dois salários mínimos.
O presidente da Casa, deputado Gabriel Souza (MDB), explica que, a partir da pesquisa, o objetivo é subsidiar o Legislativo para propor soluções que alcancem a população mais vulnerável e que possam ser transformadas em ações legislativas.

Realizado em agosto, o debate sobre o tema promovido pela Assembleia reuniu especialistas, que responderam ao questionamento: “Como enfrentar a desigualdade social agravada pela pandemia?”. Para o presidente Gabriel, o alastramento da Covid-19 evidenciou o desequilíbrio social e econômico em todo o país e é preciso, além de uma discussão profunda, que sejam construídos projetos que alcancem a parcela da população mais afetada. “Este levantamento busca entender a situação dos gaúchos, impactos financeiros e perspectivas para sugerir proposições que contribuam para reduzir as diferenças”, destaca o parlamentar.

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