A paciente que superou todas as fases da Covid em 34 dias na UTI de Alegrete

” Eles nunca desistiram da minha mãe. Ela foi tratada como se da família deles, fosse. Um carinho e uma dedicação que jamais vamos deixar de agradecer.  Apenas uma gratidão enorme por tudo” – falou Bárbara à reportagem.

A entrevista foi pela experiência em passar 34 dias à espera do retorno da mãe para o lar. Roberta Martinez Lencina foi diagnosticada com a Covid-19 em julho e passou dias muito difíceis. De todo período internada na ala Covid-19,  a maioria, 30 dias foram na UTI. A dona de casa passou por vários estágios do vírus, como intubação e ventilação.

Uma das filhas, Bárbara, ainda emocionada, descreveu esse período. Ela disse que a mãe sentiu os primeiros sintomas no dia 10 julho, mas nada muito significativo,  apenas uma tosse seca.

Passado 14 dias, o quadro mudou completamente,  Roberta apresentou febre e diarreia. Ao chegar  no hospital os médicos começaram a investigação de imediato. Com o novo coronavírus em fase avançada, ficou três dias na Unidade Covid e com a piora no quadro, o que obrigou os médicos a levarem para a UTI (unidade de terapia intensiva), Roberta teve que ser intubada.

” Foram 34 dias nessa batalha, essa doença é  muito instável, um dia está melhor, no outro volta a febre. Ora o pulmão está reagindo, pouco tempo depois alguma lesão aparecia. Não é fácil lidar com esse vírus ” resumiu Bárbara.

Mais 15 dias e Roberta realizou uma traqueostomia, neste dia, segunda a filha, ela teve um novo recomeço. Dentro de poucos dias já estava falando novamente.

A filha, que pausava a voz, diante de tantos sentimentos,  atesta que não há como mensurar o que a família está sentindo em ter a progenitora em casa. Ela também acrescentou que é elogiável o acolhimento dos profissionais da área da saúde da Santa Casa.  Todo carinho, dedicação e entrega de todo quadro, que começa desde o porteiro até o médico,  passando pelas copeiras, higienistas, recepcionistas,  técnicos em enfermagem,  enfermeiros, enfim, todas as pessoas que atuam na Casa de Saúde.

“A minha mãe foi tratada como se fosse um membro da família deles. Eles nunca desistiram dela. Eu recebia, todos os dias, ligações do hospital. E, quando minha mãe voltou a falar, além da ligação da equipe médica,  eu também tinha a oportunidade de falar com minha mãe. Todo o suporte necessário recebemos, fisioterapeuta,  psicólogo e demais cuidados. A psicóloga,  além de atender minha mãe,  também,  me ligava e se colocava à disposição.  Não consigo compreender como pode ter pessoas que ainda pensam em falar mal da Santa Casa e do atendimento que recebemos. Pois é  muito amor,  cuidado e dedicação”- falou.

Para concluir, Bárbara que  também foi diagnosticada  com a Covid-19,  disse que, em primeiro lugar agradece a Deus, mas os profissionais da área da saúde da Santa Casa,  foram anjos. Pois enquanto muitos estão em casa, eles estão no hospital e são incansáveis a cuidar de todos.

A filha disse que a família é evangélica e foram 34 dias de muitas orações e fé.  Pessoas que ela não conhecia, deixavam mensagens no Messenger dizendo que estavam em orações.

“Eu sei que não é fácil, mas além de todas as orações realizadas até aqui, quando minha mãe passou por aquela porta na sexta-feira, eu e minha família vamos continuar uma corrente pelas famílias e pacientes que estão lá e por toda a equipe que atua na Santa Casa de Alegrete ” – sintetizou.

Na residência,  no bairro Progresso, a família que é composta pelo esposo, duas filhas e Roberta apenas ela e Bárbara positivaram e não  fazem ideia de como contraíram o vírus, pois tomavam todos os cuidados.

A diferença entre mãe e filha foi que os sintomas em Bárbara foram leves. O desejo maior de Roberta de 46 anos ao sair da Santa Casa era ficar com a família e dizer o quanto os amava. E agradecer por ter vencido a batalha contra o novo coronavírus.

 

Flaviane Antolini Favero