O primeiro eBook do poeta, escritor, jornalista e radialista alegretense Márcio Beyer está na Amazon. Para adquirir é fácil.
É só entrar no site www.amazon.com.br e digitar no campo de busca: “Poemas Vintage” e você será imediatamente direcionado ao livro digital.
Márcio nasceu em Alegrete, em 1964, e é autor do livro ‘A história de Djalma Beyer – Do Bom Fim ao Alegrete – Um exemplo de cidadania’ (Editora Versus – 2018). Atua como free-lancer e escreve matérias especiais para o jornal ‘Gazeta de Alegrete’ e textos na rede social Facebook, onde mantém as páginas ‘A história de Djalma Beyer’, com escritos do seu pai; ‘Pimenta POA’, sobre gastronomia e ‘Bukowski’, com frases e histórias do famoso escritor.
Márcio fala sobre o livro:
“Em março de 1982 saí da minha terra natal, Alegrete, para vir morar em Porto Alegre, cheio de sonhos e expectativas, afinal de contas, chegaria na cidade grande.
Os anos 1980 foram férteis. O bairro Bom Fim, nosso quintal, fervilhava de música, cultura, festas, em plena derrocada da ditadura militar. Nossa turma tocava violão, cantava, fazia teatro, ia ao cinema e lia muito. Éramos felizes e sabíamos.
Na bagagem eu trazia uma máquina de escrever Olivetti portátil, de cor cinza, presente de meus pais e que eu conservo até hoje. “Tu tens que fazer um curso de datilografia, meu filho”, disse o velho Djalma Beyer. “Quem sabe “bater a máquina”, tem mais chances de conseguir emprego.” E eu fiz o curso, ali numa galeria da Av. Salgado Filho.
Em seguida, para treinar, comecei a reproduzir textos aleatórios. De repente, escrevi um poema. E dois, e três, e trinta e poucos. Foi assim que surgiu minha vontade de escrever e de trabalhar em comunicação, que transformou-se na minha profissão.
A seguir apresento poesias daquele período quando, com 17 anos, escrevi os primeiros versos. Ingênuos, bonitos, feios, mal escritos, ou não… que fazem pensar ou nem tanto… não vamos (nem devemos) nos levar muito a sério!
Todos os poemas estão em estado bruto, sem edição. Nem de contexto, texto ou ortografia. Inclusive com os erros de datilografia. Eles falam de uma época única.
As curiosidades dos anos 1980 são do “Almanaque Anos 80” de autoria de Luiz André Alzer & Mariana Claudino, edição da Ediouro (2004), a quem agradeço imensamente.
Tenho parcerias de letras com Lauro Dornelles, Orestes Dornelles, Guto Vilaverde e Márcio Faraco. Algumas viraram música. Fiz poemas para um show do Orestes, em 1988, na sala Álvaro Moreyra, em Porto Alegre, que foram recitados por Paulo Antônio Berquó Farias.
Dizem que quem lembra de tudo dos anos 1980, não viveu os anos 1980.
Já eu digo que, como éramos uma unida turma de amigos e amigas, cada um guardou um fato, uma história, uma gafe, uma festa, um segredo, que foram sendo contados de uns para os outros… menos os segredos.
Juntando essa salada, essa geleia geral, o quebra-cabeça foi montado.
Boa leitura”!
E S Q U I N A S D O B O M F I M
Nessas ruas que passo
imagina o que faço:
eu penso em você
que vai e volta
e vai e volta
e vai
mas é que sou masoquista
mas eu não tenho vergonha
de ficar mesmo assim.
Nessas noites disfarço
nesses versos relapsos
escrevo porque você sempre
vai e volta
e vai e volta
e vai
mas é que eu sou insistente
nem pergunte porque,
eu mesmo, sei
e quero ficar mesmo assim
um pouco, um muito
algo presente, e neste,
sempre estarei
estarei nas esquinas do bom fim
nos bares do bom fim
bebendo-esquecer
pagando pra ver você
que vai e volta
e vai e volta
e vai.
mai 86.
Júlio Cesar Santos Fonte: Paulo Antônio Bérquo Fotos: reprodução