Chapéu Preto, o premiado escultor alegretense, comemorou aniversário cercado de estudantes

Derli Vieira da Silva, mais conhecido como Chapéu Preto, é um homem que se tornou parte da história de Alegrete ao longo de seus 73 anos de vida.

No último dia 30, comemorou seu aniversário rodeado de alunos da Escola Fernando Ferrari, em seu santuário, o Ateliê Casca Pau do Brasil, localizado no bairro Capão do Angico. As crianças levaram um bolo e emoção, além das inúmeras ligações que Chapéu Preto recebeu, conforme destacou ao PAT.

No ano passado, o artista recorda-se com carinho da homenagem feita pelos alunos da escola Gaspar Martins. Essas ações emocionam o artista, que muitas vezes se ressente de não ser completamente compreendido por seus conterrâneos. No entanto, se orgulha dos prêmios que recebeu ao longo de sua trajetória.

Protética, alegretense de coração, cultiva cada lembrança aqui vivida

Nascido em 1950 em Caverá, Chapéu Preto viveu uma vida repleta de desafios, principalmente na infância e juventude. A tragédia da morte da mãe, quando tinha quatro anos. A progenitora morreu no parto de um irmão. A criança também não resistiu e foi a óbito. “Eu ainda era pequeno, não tenho a lembrança do rosto da minha mãe, nem mesmo por fotografia. Morávamos no interior, Rincão do São Miguel, lembro que o comentário foi de que não houve tempo de encaminhá-la até o hospital” – falou.

Mas a situação ainda teria um episódio que seria tão cruel quanto o perder a mãe e ficar sem essa referência, que ele diz ter sentido muita falta. Três anos depois, em 1957, Derli estava no interior com o avô quando ficou sabendo que o pai havia perdido o sentido da razão e em momento de desequilíbrio emocional assassinou três filhos e depois cometeu suicídio.

Atualmente, ele reside praticamente sozinho em sua casa, que está repleta de esculturas e inventos. Na fachada, destaca-se um imenso gaúcho de 4,5 metros de altura e 5,5 mil quilos de concreto armado. No telhado, outro gaúcho, feito inteiramente de ferro, divide a cena com galos e outros animais montados em originais cata-ventos.

“Estou bem aqui, mas quero sentir-me em casa outra vez” – diz alegretense desgarrado

Curiosamente, para garantir sua sobrevivência, Chapéu Preto pontua que já realizou muitos consertos em eletrodomésticos, trabalhos de pedreiro e outras profissões. Ele é habilidoso com pedra, madeira, porongo (cabaça ou cuia), concreto armado, sucatas em geral e metal. Durante seu tempo no Exército, recorda que fazia brasões que eram apreciados pelos oficiais. Embora tenha sido liberado para seguir seu caminho, Chapéu Preto acredita que deveria ter permanecido, pois hoje estaria bem aposentado, como seus amigos. Desde os 12 anos, ele já demonstrava sua criatividade, confeccionando bonecas de madeira e outros objetos. Segundo ele, enxergava o potencial artístico em tudo o que tocava. Atualmente, Chapéu Preto está trabalhando na construção da obra de Noel Borges do Canto Fabrício da Silva Guarani, feita em concreto armado e que terá apenas um pé no chão. A conclusão está prevista para setembro de 2024, totalizando dois anos de trabalho. Sempre inquieto, Chapéu Preto enfatiza: “quem nasce grande nunca morre pequeno”.

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