Cruzamentos da linha férrea no perímetro urbano de Alegrete ficaram no esquecimento

Passagens de nível ou passagens em nível é o nome técnico que se dá aos cruzamentos da linha férrea, no mesmo nível do solo, sobre avenidas, ruas e estradas.

A falta de manutenção e sinalização adequada da via férrea nesses locais pode causar acidentes, com prejuízos à população, seja vizinha à linha quanto às pessoas que trafegam por suas imediações.

Em Alegrete a situação é inversa. Com a extinção do fluxo de trens, a cidade de Alegrete no perímetro urbano ficou com passagens de nível sem alguma utilização, muitas atrapalhando o fluxo do trânsito. A reportagem do Portal Alegrete Tudo fez um raio-x dos cruzamentos que atravessam o perímetro urbano.

A linha férrea cruza em 10 bairros, entre a linha dos trilhos de Quaraí e Uruguaiana, são 23 passagens em nível que ficaram incrustadas na alma da cidade. Num percurso de aproximadamente 13 km, a partida foi do Bairro Centenário. A área têm dois cruzamentos com distâncias entre um e outro de menos 500 metros. O primeiro dá acesso à estrada do Caiboaté.

A situação é crítica, o cruzamento está ruim e em péssimas condições de trafegabilidade. Todo em terra, os trilhos ganharam embueiramento ao lado para escoamento da água da chuva e não há nenhuma manutenção sobre o cruzamento férreo que ficou esquecido numa extremidade do perímetro urbano.

Próximo dali o outro cruzamento do bairro oferece acesso à rua Anita Piccoli. Asfaltado nos dois lados, a cancela oferece dificuldade, motoristas precisam reduzir para passarem no local.

Seguindo em direção à Ponte Borges de Medeiros existe um cruzamento de acesso à extinta Usina Termoelétrica de Alegrete. A passagem está tomada de terra e a vegetação já toma conta devido ao pouco trânsito no local.

 

No Bairro Tancredo Neves existe asfalto para acesso, porém a passagem apresenta buracos nos vão livres entre os trilhos. Motoristas e pedestres precisam de cuidados para cruzarem no local.

Na frente do 12º BE existem dois cruzamentos, um do lado do outro. O de acesso ao quartel apresenta asfalto precário, com buracos nos espaçamentos dos trilhos.

O outro de bastante acesso, também, está tomado de terra, embora a passagem seja mais tranquila que o da frente do castelinho do BE.

Um dos acessos ao maior bairro da cidade também apresenta dificuldades em sua passagem. De um lado asfalto deteriorado, de outro paralelepípedo esburacado. A rua Vereador Carbonel recebe um fluxo diário de caminhões, ônibus do transporte coletivo e em muitos casos é o percurso da ambulância para encurtar a distância com o hospital.

Ainda na região central da cidade outra cancela está localizada em frente ao Centro de Pesquisa e Documentação de Alegrete, serve tanto de acesso ao CEPAL como fluxo de veículos de autoescola. O acesso é asfaltado e minimiza em partes a passagem de carros sem sobressaltos.

Outra passagem de nível bastante acessada é da General Sampaio, principal ligação com o hospital e o centro da cidade para quem sai dos bairros Canudos e Vila Nova. A cancela recebeu recentemente asfalto para minimizar a trepidação, mesmo assim ainda oferece risco para aqueles condutores que passam com velocidade acima de 30 km, pois o asfaltou não encobriu o nível dos trilhos.

 

No cruzamento férreo da Rua dos Andradas existem duas passagens de nível. A primeira já podia ser extinta da linha abandonada dos trilhos de Quaraí, porém, apresenta espaçamento entre os trilhos que dificulta a passagem de veículos.

Em direção à UPA, outra cancela, que obriga a reduzir a velocidade num curto espaço entre uma e outra. Essa dos trilhos da linha Alegrete-Uruguaiana, é dotada de asfalto que em parte ajuda a minimizar o impacto para aqueles que cruzam pela via.

Em mais uma passagem de nível bastante acessada está a do cruzamento férreo na Avenida Dr. Lauro. Com asfalto ruim e deteriorado o espaço entre os trilhos não minimiza a passagem em nada, tanto aos que trafegam em direção ao bairro Canudos ou acessam em direção ao Bairro Santo Antônio.

A única passagem em nível sob a via em Alegrete está na rua Presidente Roosvelt, o antigo pontilhão não apresenta riscos para o fluxo viário.

Ainda na Dr. Lauro próximo à Venâncio, a cancela dá sinais de deterioração. O asfalto sobre a cancela ajuda na passagem o que contribuiu para ser a única cancela em que os carros de autoescola não precisam obedecer o cruzamento férreo.

Descendo a rua Venâncio Aires, acesso ao bairro Santo Antônio, a passagem de nível extrapola todas as outras já vistoriadas pela reportagem. De péssima conservação, cruzar ali exige cautela até para pedestres devido aos buracos.

Na General Vitorino, acesso aos quartéis, outra passagem que apresenta o asfalto de cruzamento em péssima condição de trafegabilidade.

 

Próximo dali, na Gaspar Martins já acessando o bairro Macedo, a situação continua péssima. Buracos e o calçamento deficiente exigem o máximo de cuidado para quem passa pelo dispositivo.

Ainda no bairro Macedo, a cancela da rua Vasco Alves é coberta em partes pelo asfalto. Uma passagem considerada tranquila e de condições média para trafegabilidade na rua.

 

Na nova Barão do Cerro Largo, recentemente asfaltada em direção ao bairro Macedo, principal porta de entrada do bairro, o novo asfalto engoliu o extinto trilhos de Quaraí.

A passagem sumiu com a nova obra contemplada pelo município.

Na Waldemar Massom a passagem também carece de conservação. A via com calçamento irregular dificulta ainda mais a passagem que, de ambos os lados, está esburacada.

Na Daltro Filho os trilhos passam por baixo da via que recebeu asfaltamento, porém logo adiante outro cruzamento férreo na cancela da Rua Bento Gonçalves o cruzamento apresenta buracos e a via de calçamento irregular dificulta ainda mais a passagem de veículos.

Outra passagem de nível que apresenta total falta de conservação é na Severino Ribeiro. Ali não cruza trem há mais de uma década e o asfalto minimizou a passagem pelo local.

Na Barão do Rio Branco o problema persiste, esburacada e com calçamento sem condições de boa trafegabilidade, a cancela recebeu asfalto que já apresenta deterioração prejudicando em parte a passagem de carros.

A cancela na rua Barros Cassal próximo ao Emílio Zuñeda, está com pouco asfalto o que em parte ajuda a passagem na rua que é de paralelepípedo. No dia que a reportagem verificou o local havia vestígio de uma operação tapa-buracos no local.

 

No cruzamento da Brigadeiro Olivério, o asfalto renovado deixou um aclive justamente na cancela, o que apresenta risco para os condutores que trafegam em ambos os sentidos.

Próximo dali o antepenúltimo cruzamento em nível no perímetro urbano é na Avenida Saudade. Os trilhos estão acima do nível da via e buracos nos acessos exigem atenção redobrada dos motoristas e até pedestres que usam o local. Em dias de chuva, assim como em todas as outras cancelas vistoriadas, a travessia fica submersa e esconde a passagem.

Já o penúltimo cruzamento em nível dentro da cidade é na Braz Faraco. Com um trânsito movimentado e pesado as cancela apresentam buracos e o asfalto está em péssimas condições. É preciso cruzar com cautela na cancela que ficou estagnada no tempo.

O último cruzamento no trecho urbano verificado foi na Avenida Pedreiras. São duas cancelas em paralelo, ambas em péssimo estado de conservação. Brita solta, buracos e calçamento deteriorado obrigam motoristas a caprichar na manobra. Muitos destes cruzamentos visitados pela reportagem são usados por linhas do transporte coletivo e continuam sem a devida manutenção.

Procurada, a Rumo que detêm a concessão da malha ferroviária no município respondeu que as cancelas não são de responsabilidade da concessionária. Sendo um dispositivo de sinalização, a empresa considera que a conservação seja da Administração Municipal.

A reportagem entrou em contato com o prefeito Márcio Fonseca do Amaral, que até o encerramento desta matéria não havia se pronunciado sobre o tema. O secretário de infraestrutura, Huillian Severo, atendeu a reportagem e ficou de encaminhar um protocolo de manutenções das cancelas, o que acabou não chegando à redação até o fechamento desta reportagem.

Júlio Cesar Santos