Débora, a “mãe” de uma legião de alunos do Demétrio Ribeiro

Dedicação de uma vida: Débora Cristina Lima Oliveira, a mãe da escola Estadual Demétrio Ribeiro, em Alegrete.

Há histórias que, silenciosamente, moldam os corações e mentes de gerações. Uma dessas narrativas singulares de amor e dedicação é a de Débora Cristina Lima Oliveira, carinhosamente conhecida como “Tia Débora” por todos os alunos do Demétrio Ribeiro. Com mais de três décadas de serviço ininterrupto, ela é o pilar da escola e a personificação do amor.

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Natural de São Francisco, Débora enfrentou desafios desde cedo, após a perda prematura de sua mãe. Em uma época em que as crianças frequentemente começavam a trabalhar cedo em troca de alimento, roupas e estudo, ela iniciou sua jornada aos sete anos, trabalhando na casa de uma família em Alegrete. O que deveria ser uma posição de babá transformou-se em uma lição de vida, ensinando-a a ser organizada, habilidosa na limpeza e na cozinha.

A vida de Débora teve uma reviravolta aos 17 anos, quando conheceu seu esposo, Edson Lima. No entanto, seu sonho de independência nunca a abandonou. Foi durante seu trabalho na casa de uma professora que ela recebeu o incentivo para fazer o concurso público para o estado, um passo fundamental em direção à realização de seu desejo. Com o apoio da professora, ela conquistou sua vaga e iniciou sua carreira na 10ª Coordenadoria Regional de Educação em Uruguaiana.

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A distância de sua família em Alegrete era uma preocupação constante, e com a chegada de mais um filho, ela conseguiu uma transferência de volta para o Baita Chão. O agradecimento a sua “mãe de criação”, que casou com seu pai, é eterno, pois ela cuidava de seus filhos enquanto Débora estava no trabalho. Todos os seus filhos estudaram no Demétrio Ribeiro, a escola que se tornou seu segundo lar.

No início de sua jornada na escola, Débora era tímida e reservada, mal conversava. Mas as crianças e adolescentes a enxergaram de maneira diferente desde o começo, vendo nela uma figura materna. Ela recorda com carinho aqueles primeiros dias: “Lembro que quando comecei a trabalhar lá, era um bichinho, fazia meu trabalho e me escondia, os alunos foram os meus parceiros sempre e eles me ensinaram muito. Passei a ser a pessoa que eles conversam, pediam conselhos, coisas de mãezona.”

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Hoje, Débora é uma parte quase inseparável da escola. Ela afirma com um sorriso que os alunos pensam que ela só sairá de lá quando tiver que usar uma bengala de tão velhinha. Seu amor e conselhos são requisitados, e ela se tornou um pilar emocional para gerações de estudantes.

Débora reside no bairro Nossa Senhora do Carmo e é grata a todos na escola que a homenagearam por seus 30 anos de dedicação. “Eu não esperava e me emocionei, só tenho a agradecer, pois são bênçãos em minha vida, minhas colegas, as professoras, a direção da escola e os alunos que chamo todos carinhosamente de meus filhos.”

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Débora é mãe de Daiane, Maicon, João Victor e Pamela. Sua vida deu uma guinada quando se tornou viúva pois o caçula tinha apenas 3 anos, após seu esposo sofrer um infarto. Desde então, ela foi o esteio de sua família e hoje, seu filho mais novo tem 15 anos.

Ela conclui com gratidão: “sempre fiquei muito tempo longe dos meus filhos para poder sustentá-los, mas ao mesmo tempo sempre tive uma legião de filhos que são os alunos da escola, aos quais tenho muito carinho. Tem algo muito especial, eles me pedem a benção, no recreio.”

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