“De tudo, ao meu amor serei atento/Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto/Que mesmo em face do maior encanto/Dele se encante mais meu pensamento./Quero vivê-lo em cada vão momento/E em louvor hei de espalhar meu canto/E rir meu riso e derramar meu pranto/Ao seu pesar ou seu contentamento./E assim, quando mais tarde me procure/Quem sabe a morte, angústia de quem vive/Quem sabe a solidão, fim de quem ama…” (Soneto de fidelidade – Vinicius de Moraes).
O soneto de Vinicius de Moraes fala de amor, de presença, de afeto, de sentimento e, sobretudo, de viver e aproveitar com intensidade todos os momentos. O amor e o afeto estão presentes no dia a dia, em pequenos gestos, em momentos de carinho e cumplicidade, assim como, na resiliência para enfrentar os obstáculos do cotidiano. O dia 12 de junho é uma data em que as demonstrações de afeto se tornam ainda mais públicas, sobretudo, nas redes sociais.
É com esse clima de poema e amor que vive o casal Fabrício Severo, 31 anos e Vitória Regina Nascimento Sousa, 29 anos, que possui uma linda história de amor que começou pela internet.
Foto: arquivo do casal
Fabrício, trabalhador autônomo do ramo da logística, e Vitória, que trabalha no frigorífico e também como maquiadora, se conheceram há 11 anos pela extinta rede social Orkut. Ele, gaúcho de Alegrete. Ela, paraibana de Campina Grande. Mais de 4 mil km de distância entre os dois. Mas a internet possibilitou o encontro do casal. No ano de 2010, Fabrício trabalhava em uma empresa e por conta de uma gripe, estava em casa se recuperando. Já Vitória estava fazendo um trabalho do colégio e, “como uma boa adolescente, sempre ficava com a rede social aberta. Encontrei o perfil dele em uma comunidade. Achei o perfil dele diferente”, conta ela. Vitória lembra que adicionou Fabrício e os dois começaram a conversar, até então, só com o interesse de uma amizade. “Mas quando me dei conta, passaram 5 meses. Eu não queria mais saber de festa, de sair, só queria passar as madrugadas conversando com ele”, descreve Vitória.
O casal relata que, inicialmente, não tinham gostos em comum. Vitória menciona que sempre gostou de pessoas diferentes dela e isso fez com que ela se sentisse atraída por ele, assim como, ele por ela. “É a história de que os opostos se atraem”, brinca Fabrício. Além disso, Fabrício destaca que o que os uniu ainda mais foi o fato de os dois não quererem ter filhos.
Foram 5 meses de namoro virtual até o encontro de Fabrício e Vitória. Ele conta que desde o primeiro dia, falou para Vitória que um dia ainda iria conhecê-la pessoalmente. “E foi isso que eu fiz, pedi as contas do trabalho que eu estava na época e fui até ela. Passei 13 dias na cidade dela conhecendo ela e a família, depois disso entramos em consenso que ela viria para o Alegrete”, relembra Fabrício.
Foto: arquivo do casal
Depois do primeiro encontro do casal, ambos apaixonados e com uma enorme distância em quilômetros os separando, Fabrício chamou Vitória para morar com ele em Alegrete. Ela veio e ficou 8 meses na cidade. Entretanto, a mãe de Vitória teve problemas de saúde e o casal decidiu ir embora para Campina Grande/PB. Depois de 5 anos morando na Paraíba, em 2016 a mãe de Vitória faleceu e os dois retornaram para Alegrete.
Vitória e Fabrício contam que o interesse partiu dela, que o adicionou no Orkut, mas que ele é quem foi atrás desse amor. “Eu atravessei o país sem nunca ter saído do Alegrete, comprei as passagens e me larguei…”, comenta Fabrício que também destaca que a experiência gerou um misto de sentimentos. “Foi uma aventura misturada com euforia e medo”.
Hoje, depois de 10 anos casados, eles nutrem um grande amor e mantém a mesma paixão, bom humor, espírito jovem e de aventura do início da relação. Fabrício descreve o relacionamento como um “conto de fadas, que saiu da tela do PC para a vida real”. Para Vitória, é “louco, divertido. Somos muito brincalhões. Uma sensação de que somos adolescentes curtindo uma aventura. Mas já faz 10 anos”.
Foto: arquivo do casal
O jovem casal que adora sair para se divertir com os amigos e conhecer novos lugares, durante a pandemia está curtindo momentos em casa, olhando filmes, o que também adoram. Eles que contaram com a ajuda de familiares e amigos no início, pois como relembra Fabrício “só tínhamos um ao outro e 3 malas com roupas”, depois de anos trabalhando e batalhando para conquistar seus sonhos, eles contam felizes sobre as conquistas que já fizeram nestes anos, como comprar uma casa e um carro.
Para finalizar, Fabrício menciona que considera o amor como “gostar de uma pessoa a mais de 10 anos como se fossem meses”. Vitória acrescenta que o amor é “aceitar as nossas diferenças”.
Foto: arquivo do casal
“…Eu possa me dizer do amor (que tive):/Que não seja imortal, posto que é chama/Mas que seja infinito enquanto dure.” (Soneto de fidelidade – Vinicius de Moraes)
Laís Alende Prates