Em seis meses de pandemia aumentou a procura por profissionais de saúde mental em Alegrete

Unhappy and lonely young man in front of a wall. He sits on a chair and thinks alone under blue light. Negative human expression.

Passados seis meses da pandemia que mudou a vida de todas as pessoas, como está o comportamento de quem viu as mudanças de hábitos, da forma de trabalhar e, principalmente, de conviver em sociedade?

O distanciamento e os pedidos insistentes para ficar em casa mudaram o comportamento das pessoas,  muitas ansiosas e com medo.  Muitos alegretenses estão há seis meses tendo que aprender a viver isolados, distantes de familiares e, também, tendo que aprender a trabalhar de forma remota em suas casas.

 

A psicóloga Sabrie Severo Jabbour,que atende na Rede Pública de Saúde em entrevista à Revista Agroflorestal Amazônia confirma que, no início, as pessoas tinham medo de tudo, muitas incertezas e os profissionais começaram a observar muita ansiedade com relação ao que iria acontecer. Os psicólogos, em específico, ficaram um tempo sem pacientes, porque as pessoas temiam sair de casa e se expor, o temor do vírus era muito  grande, considera.

 

Como a pandemia se estendeu e o distanciamento controlado se tornou rotina para se evitar aglomerações e a disseminação do coronavírus, muitos que antes não tinham  problemas passarem a sentir uma descompensação emocional.  Com isso voltaram os atendimentos presenciais e, também, online, uma experiência nova para os psicólogos e psiquiatras de Alegrete, observa a psicóloga.

Sabrie Jabbour informa que, neste período, aumentou a procura de pacientes nos CAPs. Ela observa que o confinamento e o trabalho remoto têm levado muitos à exaustão, com pessoas cansadas tendo que aprender tecnologias novas de trabalho em casa, onde muitos só saem praticamente para serviços extremamente essenciais.

Ela disse, ainda, que não somos preparados para viver sozinhos e a pandemia trouxe uma solidão muito grande. Esse cenário afetou ainda mais os que não estavam bem e isso piorou a saúde dessas pessoas. Os que estavam mais organizados na questão afetiva até sentem mais ansiedade, mas conseguem levar. Os solteiros são os que mais sofrem, porque sentem dificuldades de formar vínculos, porque não há restrições para sair de casa , não existem eventos.  A família ganhou uma importância muito grande, estão mais próximos, salientou a Psicóloga.

Para o psiquiatra, Fernando Uberti Machado, do CAPS AD estamos na quarta onda da pandemia, que é a onda das doenças psiquiátricas. – Estamos vendo pacientes que nunca precisaram de atendimentos e outros que estavam estáveis vindo procurar ajuda. Isso se deve a vários fatores: a perda do contato social, medo de que seus familiares contraiam a doença, mudanças radicais nas alterações das rotina, o uso de máscaras e até os que abandonaram a atividades físicas.

O psiquiatra diz que se elevou a demanda, mas obviamente que os profissionais de saúde mental têm seus sentimentos e as cargas que chegam até eles, também, afeta a saúde mental de quem é desta área e, devido a isso, acredita que muitos devam, também, fazer terapia.

Ele disse que é fundamental que os profissionais se coloquem no lugar dos outros  para ajudar a minimizar o sofrimento, porque todos estão impactados, de alguma forma, com as mudanças. E que cada um deve ser analisado individualmente.

O médico comentou que as crianças perderam uma das principais esferas de convívio social que é a escola. Isso se perdeu completamente e outro fator que causa prejuízos às crianças é ter foco e estudar online, alerta. Elas sofrem com isso e, também, precisam de suporte, analisa, assim como idosos que estão em grupos de risco e por já terem idade mais avançada, muitos com mobilidade reduzida ou outras limitações sentem- se ainda mais isolados, neste período, e muitos precisam de ajuda especializada.

O Dr Fernando Uberti costuma dizer que buscar ajuda psiquiátrica é sinal de humildade, porque sofrer calado, sozinho,  piora a situação e antes que algo mais grave aconteça um profissional de saúde poderá ajudar esse paciente, recomenda.