Irmã Isalete, fundadora do Lar Santa Terezinha, faleceu por complicações da Covid

Faleceu na noite de terça-feira(22), no hospital de Santa Maria, aos 91 anos a Irmã Isalete, assim era conhecida por todos, porém, seu legado de compaixão e amor ao próximo sempre foram muito além do que ela poderia fazer.

A freira de uma conduta ilibada dedicou sua vida a ajudar muitas famílias, crianças e adolescentes,  através do Lar Santa Terezinha.  Instituição,  hoje, desativada, mas que por mais de três décadas teve um olhar atento da Irmã Isalete Arnuti, fundadora da Creche que tem instalações ocupando quase um quarteirão no bairro Promorar.

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Conforme o sobrinho, advogado Leonardo Arnuti, ela já estava recuperada da Covid-19, entretanto, algumas complicações de saúde pós doença, a levaram ao óbito. Ele pontua que Alegrete perde uma grande pessoa.

 

Tentar resgatar a sua história é falar de abnegação. O Lar Santa Terezinha, que era localizado na Zona Leste de Alegrete, está fechado há cerca de dois anos. Período que ela retornou à sua cidade de origem São João do Polêsine.

Houve o período em que mais de 230 crianças e adolescentes estavam matriculados sob a mão firme de Irmã Isalete Arnuti. A instituição teve seu espaço físico ampliado para quase 1,8 mil metros quadrados de área construída. Era um quarteirão de serviço social comunitário.
Falar na creche é falar do trabalho da Irmã Isalete, que se tornou freira e escolheu Alegrete para materializar a vocação de servir ao próximo.

Foram mais de 44 anos de atuação na cidade (começou na Creche Menino Jesus ) e 37 anos no lar Santa Terezinha.

Tudo iniciou em 1984 quando o então prefeito Adão Faraco destinou a área para erguer a instituição, numa das regiões mais carentes da cidade. O que mais comovia irmã Isalete era a miséria de muitas famílias que moravam naquela área e isso a motivou a tocar o projeto da creche.

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Com o apoio da comunidade e a ajuda de familiares seus, Irmã Isalete ampliou a instituição e chegou a ter uma padaria que produzia a melhor bolacha da cidade, conforme ela contava.
Mas veio um tempo de dificuldades, problemas financeiros atravancaram o caminho, e não fosse a ajuda, mais uma vez, de abnegados, a situação se tornava  bem mais difícil.

A função social da creche era muito importante porque  ajudou a saciar a fome de muitas pessoas, principalmente de crianças, ao longo do tempo, que atuou sob a direção da Irmã, que sempre demonstrou muita vitalidade,  embora há época já com seus quase 90 anos.

Sua obstinação sempre foi ajudar aos pobres.

Uma das crianças que hoje já está adulta, disse à reportagem que passou 13 anos no lar sob os cuidados da irmã e que só tem gratidão por todo amor, zelo e cuidados.

Nas redes sociais muitas mensagens que destacam a relevância que ela sempre teve para o Município e o quanto sua trajetória por Alegrete ficou marcada diante de toda luta, trabalho e dedicação.

A creche está fechada há mais de dois anos. O problema, de acordo com Luciano Leães, gestor voluntário de parcerias, é que o passivo trabalhista de cerca de 700 mil reais não permitiu mais renovar os convênios de repasse de recursos.

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Desta forma, a instituição está em fase de extinção e um novo projeto está sendo montado para ocupar o prédio.

Ele informou que o complexo está em fase de legalização por uma nova instituição, a Sociedade Alegretense de Apoio à Infância e Adolescência e já foi cadastrada no Conselho de Assistência, conforme Leães. O foco principal será no berçário, adiantou.

Flaviane Antolini Favero